Enquanto isso... na Matilha

Só para constar, apesar do atraso na publicação, estamos com uma mostra lá no setembro verde da Matilha Cultural.

O setembro verde e um projeto bem bacana que reune ativistas numa intervenção sobre aspectos do verde sobre a estrutura decadente do capitalismo pós industrial.

Nossos trabalhos apontam para o reuso de peças de computadores e dos imaginários do cotidianos que resultam em pinturas sobre gabinetes, robôs e gravuras... vale conferir!!!

Pedaços da Terra

Abre nesse fim de semana no SESC Vila Mariana a mostra "Pedaços da Terra", que relaciona a extração de minerais com a produção de eletrônicos, e as consequências que isso tem para o planeta. O coletivo Desvio participa com uma escultura-robô do Glauco Paiva:

A mostra fica por lá até dezembro. Cola lá!

ZASF com sotaque paraense

 

A ZASF participou no mês passado do Networked Hacklab, em Belém e Santarém. Em Belém, foi um teste em condições reais: estávamos no Parque dos Igarapés, sem acesso à internet. A rede autônoma funcionou sem solavancos, servindo conteúdo local e ainda direcionando tráfego para outro servidor local onde estava instalado o wiki que posteriormente foi migrado para o site do encontro.

Eu aproveitei para instalar um hotglue na ZASF e documentar o evento em tempo real, enquanto assistia e participava das atividades. Copiei o resultado disso aqui.

Aberto... até aqui

Pra responder à provocação do Liquuid ("Android, um novo windows") que o Orlando publicou no blog da MetaReciclagem, uma outra provocação que eu fiz no diálogo na casinha com Novaes, durante o Ciclo Gambiarra em 2007.

Levando em conta que tem cada vez mais, ou pelo menos a gente tá tomando cada vez mais consciẽncia de movimentos, grupos, projetos, pessoas, que têm essa intenção da gambiarra, essa questão de desconstruir o objeto técnico, desconstruir ideias pré-concebidas, desconstruir paradigmas... pensando na possibilidade de isso ser uma parte de um sistema que tá aí, mas que pode pautar o desenvolvimento tecnológico. Ou seja, por causa de toda essa movimentação a gente acabar influenciando o poder de decisão do processo de planejamento e desenvolvimento do objeto técnico. Tô pensando na possibilidade de existirem objetos já pensados com essa questão da indeterminação. Ou seja, um objeto técnico produzido com isso. Como é que fica essa relação com, sei lá, imaginar que uma corporação vai encampar essa ideia, lançar um objeto técnico com essa indeterminação, mas às vezes vai lançar essa indeterminação controlada - vai dizer "até aqui tá aberto, mas tem uma parte do software que é fechada". (...) Eles lançam uma indeterminação - tem som, microfone, wifi, faz o que quiser, conecta à internet e tal, mas nessa parte aqui vocês não tocam. E até que ponto isso não acaba desmobilizando a gente. Quer dizer, toda a questão de resistência - a gente acaba dizendo "ah, os caras estão entrando no jogo, ajudando o software livre". Como é que a gente pode garantir que o caráter de inovação, de contracultura, resistência, seja lá como chame, não vai ser apropriado, não vai ser desmobilizado a partir do momento em que essas ideias passem a influenciar o próprio processo de desenvolvimento dos produtos.

Infelizmente, eu tendo a concordar com o sentido geral da provocação do Liquuid. Android é menos aberto do que deveria ser.

Questões eternas

 Patrícia Cornils me mandou esse vídeo. Valeu!

Bifo: Depois do Futuro

Bifo: After the Future from Preempting Dissent on Vimeo.

Frequência Aberta

Semana passada fui entrevistado ao vivo pelo programa Frequência Aberta, da Rádio UFSCAR. A conversa rolou muito bem. Falamos sobre meu livro, sobre cultura digital experimental, política cultural e tecnologia. O audio do programa está disponível para acesso e download aqui.

Achei bastante interessante o formato do programa. Muito parecido com um formato que eu já quis desenvolver: programa ao vivo com conversas, música livre, tudo disponibilizado para download. Eles usam o Rivendell para gerenciar a rádio, uma solução interessante para experimentar na Gaivota.

Atualizando: o áudio estava corrompido, mas falei com o pessoal e eles subiram outra versão (em ogg) que está ok.

O Futuro da Arte

Algumas novas personalidades inseridas no mundo da "arte" comentando sobre possibilidades trazidas pelas novas tecnologias e algumas consequências delas.

The Future of Art from KS12 on Vimeo.

Entrevistadxs:

Aaron Koblin aaronkoblin.com, Michelle Thorne thornet.wordpress.com, Caleb Larsen caleblarsen.com, Régine Debatty we-make-money-not-art.com, Heather Kelley kokoromi.org, Vincent Moon vincentmoon.com, Ken Wahl depthart.com, Reynold Reynolds reynold-reynolds.com, Bram Snijders sitd.nl, Mez Breeze furtherfield.org/​display_user.php?ID=403, Zeesy Powers zeesypowers.com, Joachim Stein joaoflux.net, Eric Poettschacher shapeshifters.net

O século do self

Assisti há algumas semanas aos quatro episódios do documentário The Century of the Self, lançado em 2002 pela BBC. É uma bela produção que conta como as teorias da psicanálise e seus derivados foram utilizadas de maneira deliberada para formar uma sociedade individualista, consumista, politicamente infantilizada e superficial. O documentário começa relatando a influência que Edward Bernays, sobrinho de Freud e praticamente criador daquilo que nos Estados Unidos é chamado de PR, "relações públicas" (em um sentido que mistura o que no Brasil a gente entende pelos nomes publicidade e relações públicas), exerceu na formação dos imaginários contemporâneos daquele povo e do mundo. Depois investiga a fundo como diversas criações do mundo da psicologia foram apropriados pela indústria e pela classe política.

O documentário avança até a reeleição de Clinton nos EUA e a eleição de Tony Blair no Reino Unido, mostrando um monte de casos reais de verdadeiras conspirações para tolher o direito à democracia, transformar as pessoas em meras engrenagens da estrutura internacional capital-consumista e oferecer fragmentos de satisfação em forma de produtos - o que diminui o impulso por transformação.
É uma discussão triste, e nisso se mistura com a perspectiva dos Futuros Imaginários de Richard Barbrook. O mesmo Bernays, inclusive, foi um dos responsáveis da feira mundial de Nova Iorque em 1939, que abriria o caminho para a feira de 1964 que é a espinha dorsal do livro de Barbrook.

Documentário obrigatório. Eu só acho uma pena que ele pare justamente antes da era Bush. Gostaria de ver uma análise parecida dos dias de hoje.

PS.: esse tipo de produção dá uma inveja da televisão pública levada a sério...

Materialismo, tempo, sociabilidade

Bruce Sterling, no encerramento do Reboot 11 (em 2009):

"Para pessoas da sua geração e especialmente suas crianças, objetos são impressões [printouts]. São melhor entendidos como impressões. Não são tesouros, não são coisas que você quer, não são coisas para estocar, não são riqueza material, são basicamente relacionamentos sociais congelados. É isso que essas cadeiras são, e esse prédio, e aquela fita isolante e tudo mais.

Vocês precisam pensar neles não em termos de 'Oh, eu tenho essa caneta e preciso manter minha caneta.' Vocês precisam pensar nesses objetos em termos de horas de tempo e volume de espaço."

E mais tarde:

"Agora, você pode argumentar que d"eve economizar e só comprar coisas baratas, ou tentar desmaterializar. Não ser materialista, e contentar-se com coisas que são muito baratas ou orgânicas. Esse não é o caminho a seguir. Economizar não é social. Quando você economiza, você está deixando outra pessoa com fome. De verdade. Se você não der dinheiro a elas, elas não terão nenhum dinheiro. E se elas não te oferecerem nenhum dinheiro, você não terá nenhum dinheiro. Isso não é um fluxo social, nem mesmo um relacionamento social.""