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Aberto... até aqui

Pra responder à provocação do Liquuid ("Android, um novo windows") que o Orlando publicou no blog da MetaReciclagem, uma outra provocação que eu fiz no diálogo na casinha com Novaes, durante o Ciclo Gambiarra em 2007.

Levando em conta que tem cada vez mais, ou pelo menos a gente tá tomando cada vez mais consciẽncia de movimentos, grupos, projetos, pessoas, que têm essa intenção da gambiarra, essa questão de desconstruir o objeto técnico, desconstruir ideias pré-concebidas, desconstruir paradigmas... pensando na possibilidade de isso ser uma parte de um sistema que tá aí, mas que pode pautar o desenvolvimento tecnológico. Ou seja, por causa de toda essa movimentação a gente acabar influenciando o poder de decisão do processo de planejamento e desenvolvimento do objeto técnico. Tô pensando na possibilidade de existirem objetos já pensados com essa questão da indeterminação. Ou seja, um objeto técnico produzido com isso. Como é que fica essa relação com, sei lá, imaginar que uma corporação vai encampar essa ideia, lançar um objeto técnico com essa indeterminação, mas às vezes vai lançar essa indeterminação controlada - vai dizer "até aqui tá aberto, mas tem uma parte do software que é fechada". (...) Eles lançam uma indeterminação - tem som, microfone, wifi, faz o que quiser, conecta à internet e tal, mas nessa parte aqui vocês não tocam. E até que ponto isso não acaba desmobilizando a gente. Quer dizer, toda a questão de resistência - a gente acaba dizendo "ah, os caras estão entrando no jogo, ajudando o software livre". Como é que a gente pode garantir que o caráter de inovação, de contracultura, resistência, seja lá como chame, não vai ser apropriado, não vai ser desmobilizado a partir do momento em que essas ideias passem a influenciar o próprio processo de desenvolvimento dos produtos.

Infelizmente, eu tendo a concordar com o sentido geral da provocação do Liquuid. Android é menos aberto do que deveria ser.