Mobilefest '09

Nesse ano, participei menos do Mobilefest do que no ano passado. Pelo que entendi, não fui o único. Uma amiga presente na abertura do evento comentou que havia alguma coisa estranha - segundo ela, parecia um evento fantasma. Tenho certeza que um dos motivos é a coincidência de datas com o Arte.mov - os organizadores do mobilefest discordam, dizem que o foco é diferente, mas me parece óbvio.

Acabei nem participando dos primeiros dias. Na quinta-feira, fiquei sabendo da presença de Victor Viña, espanhol que vive atualmente em Bangalore e trabalha bastante com experimentação em baixa tecnologia. Sexta-feira, fui ao MIS com o Glauco Paiva para conhecê-lo. Conversamos bastante durante a tarde, e ele combinou com Glauco de visitar o Metaprojeto na segunda-feira. Também gostei de conhecer Lot Amoros, artista que está no meio de uma residência no MIS; Pablo de Soto Suárez, do Fadaiat; e Clara Boj, do lalalab.org.

No sábado voltei ao MIS para apresentar o Zasf. Além da concorrência com o Arte.mov, no sábado também estavam rolando o TEDxSP e a Conferência Municipal de Comunicação de São Paulo, além de outra mesa ao mesmo tempo, sobre mobilidade e educação. O Pablo do Fadaiat e um par de metarecicleiras ajudaram a evitar que a mesa fosse um fracasso total, com menos pessoas assistindo do que havia debatendo.

Sandra Rubia contou um pouco sobre suas pesquisas - explorando um pouco a relação entre celulares e religião, em duas vertentes - celulares de evangélicos (versículos, conselhos,  instrumento de deus , etc.) e celulares na Umbanda (tirar foto de santo?, disseminação de imagens de São Jorge, Ogans usando o celular pra ouvir, gravar, compartilhar pontos).

Diego, do CTeMe, questionou um pouco a ideia de a publicidade ser a única culpada pela aceleração do desenvolvimento tecnológico - usuárixs também são agentes, em uma espiral de desenvolvimento auto-referente. Identificou uma forma especial de  mobilidade  - não apenas na informação que os aparelhos carregam, mas também na forma que eles tomam no uso cotidiano. Citou o Laymert -  tudo está sendo codificado . 

Marcus Marçal dissertou sobre um paper que escreveu, relacionando  iconomia , cultura livre, internet das coisas, pós-capitalismo, etc. Falou sobre rádio definido por software e citou um tripé conceitual - Benkler, Stiglitz, Beinhocker. A apresentação foi meio confusa, baseada no paper, sem ritmo.

Depois eu apresentei o ZASF, e no fim ainda rolou algum debate interessante. Tivemos que ceder espaço para o painel do Milton Jung, que começaria na sequência. Eu até queria assistir (apesar de ter achado um pouco ostensiva a presença da CBN no festival), mas precisei sair.

Minhas impressões da coisa toda: mais uma vez o Mobilefest foi um espaço interessante pra conhecer pessoas de fora do Brasil. Nesse aspecto, as coisas continuam funcionando bem -apesar de algumas falhas de articulação nas oficinas que os gringos propuseram. Eu não estive presente o tempo todo, mas tive a impressão que tinha menos gente de fora do que das outras vezes. Em anos anteriores, o Mobilefest foi onde conheci algumas pessoas com quem me relaciono bem até hoje, incluindo Rob Kranenburg e Bronac Ferran, com quem criei a rede Bricolabs. Mas em termos de debate efetivo, eu achei que a coincidência de datas com o Arte.mov foi totalmente prejudicial para o evento, e também achei um pouco repetitiva a seleção de debatedores em relação ao ano passado.