Das Múltiplas Interfaces ao Monstro Cibernético

somos nossa memória, somos este museu quimérico de formas inconstantes, este monte de espelhos partidos
Jorge Luís Borges

Pois, o que é interface? Para que serve a interface? Será que tem a ver com computadores? Tem sim, ou não?. A interface é um tipo de tradutor que aproxima a linguagem do homem com a máquina. Olhamos para a telinha e já sabemos o que ela nos tem para dizer. Um ícone sedutor fazendo caras e bocas para nossos olhos repletos de informação. Ou, uma chamada para a ação. Ou para a interação.

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Desviantes: Heraclitus RV

No fim do ano passado, Bronac Ferran me apresentou por email a Kathelin Gray, e desde então vínhamos conversando sobre o Heraclitus RV. O Heraclitus é um navio de pesquisa construído em 1975 que até hoje navega pelo mundo desenvolvendo diversas formas de pesquisa e se envolvendo com diferentes projetos. Durante o verão passado, o navio saiu da África do Sul e cruzou o Atlântico para atracar em Parati.

Em um dia ensolarado de maio, saímos de Ubatuba em direção ao Rio para visitar o Heraclitus. Era a última semana antes que ele partisse para o nordeste brasileiro, e Kathelin estaria por lá.

O Heraclitus atracado

Chegamos no Yachtclub e ficamos esperando alguns instantes até aparecer o bote que nos levaria ao Heraclitus. Subimos no barco, e nossas anfiritriãs não estavam - tinham saído para acessar a internet. Estavam por lá Edie, o imediato que vem das Ilhas Salomão, o brasileiro Gilson, do projeto Matutu, e Debra Berger, ceramista que vive entre a Califórnia e a Espanha. Logo vieram Kathelin e a chefe de expedição, Christine Handte. O capitão Claus estava no Rio comprando as cartas para a próxima etapa de navegação.

Edie, o imediato >>Leia mais

Piquenique do hype

Foram anunciados hoje os temas para a versão de 2009 do Picnic Networks, evento em Amsterdam que se propõe a "reunir e disseminar as idéias e o conhecimento dos melhores criadores e inovadores do mundo, através de uma conferência de alto nível". O picnic reúne gente interessante, mas cai na armadilha do hype das indústrias criativas: muita pose, megaestrutura, pouca conversa efetiva entre os diferentes sub-eventos. E preços exorbitantes. Tive a oportunidade de participar de um evento dentro da edição de 2007, o (un)common ground, e foi exatamente isso: tive a oportunidade de conhecer muita gente interessante, entre eles alguns integrantes da rede bricolabs. Eu não pagaria os absurdos 595 euros para participar, mas também não reclamaria de estar por lá para encontrar as pessoas ;)

Leitura de hoje: Commodify your consumption

 Guardian

Recebi em uma lista de discussão o texto "Commodify your consumption", (PDF aqui), que Curt Cloninger apresentou em Buenos Aires em Março. Segundo o autor, é uma tentativa de revisitar de Certeau e sua aplicabilidade à arte. Abaixo alguns comentários sobre o texto.

Ele começa tentando ir além da mera oposição entre estratégia e tática na qual a gente acaba muitas vezes caindo: "A dicotomia entre produção estratégica e consumo tático é compreendida de maneira mais frutífera como um continuum com campo intermediário."

A partir daí ele propõe sete subdivisões intermediárias entre esses dois pólos. Não tenho certeza se concordo com a escala clara de proximidades que propõe, mas de qualquer forma serve para esclarecer essa ênfase que ele dá ao meio de campo. Mais tarde ele atualiza a discussão para o cenário atual, da assim chamada "web 2".

"Como você raqueia/resiste a uma plataforma que já deixa (e de fato, convida) a customizá-la? Ou nós chegamos a uma utopia de código aberto e simplesmente precisamos continuar usando essas ferramentas de redes sociais apreciativamente nas maneiras que elas suportam; ou o agenciamento da nossa "resistência" radical foi transformada em irrelevante porque as corporações decidiram deixar as pessoas comerem o bolo (desde que nós comamos a marca específica de bolo interativo delas)." >>Leia mais

Sobre o valor das ratoeiras

Steven Johnson na Time:

(...) nós temos rastreado somente uma parte da estória da inovação. Se eu vou para a faculdade e invento uma ratoeira melhor, eu criei valor, que posso proteger com uma patente e capitalizar vendendo minha invenção para consumidores. Mas se outra pessoa descobre uma maneira de usar minha ratoeira para substituir sua caríssima máquina de lavar, essa pessoa também criou valor. Nós tendemos a por a ênfase no primeiro tipo de criação de valor porque existe um pequeno número de inventores que ganham muito com suas ratoeiras e por isso viram celebridades. Mas existem centenas de milhões de consumidores e pequenos negócios que encontram valor nessas inovações descobrindo novas maneiras de colocá-las em uso.

(tradução livre minha)

Direto do Innovacamp

Dani refletindo sobre o Innovacamp em Barcelona:

InnovaCamp Mediterranea - Citilab Cornella - Barcelona Para dar uma situada, a proposta do InnovaCamp é, em uma linha, oferecer um espaço para compartilhar projetos que estão rolando sobre tecnologia. Ou, em outras palavras, para publicitar, angariar seguidores e se pans conseguir finaciamento. Alguns dos projetos que foram apresentados, como o SeniorLab e o Atenea Tech, estão "incubados" no próprio Citilab, ou seja, usam a infra do lugar como ponto de partida pra buscar a vida.

Essa, na verdade, é a proposta mesmo dos "living labs", que eu acho muito interessante, dentro do contexto de inclusão digital: não é só uma sala de informática onde as pessoas podem vir e aprender a usar o computador, mas como um grande espaço com diferentes tecnologias, banda larga, onde pessoas que tem projetos que envolvam o uso dessas tecnologias podem, efetivamente, fazer com que eles aconteçam. Empreendedorismo, comunidades e TICs no dia a dia. >>Leia mais

Desviando

Repetindo uma vez mais os rituais para a criação de espaços simbólicos. Os tempos mudam, as metáforas precisam ser recicladas. Hoje estamos já enredados, com e sem fios. O nível de envolvimento é outro, e construir sentido coletivamente continua sendo um desafio.

Não partimos do zero, mas temos sempre novas questões a destrinchar. Seguimos pesquisando, experimentando, construindo. A busca de agora (que vai certamente transformar-se outra vez daqui a pouco) é: o que significa espaço público?

Agora que não precisamos mais defender os weblogs, agora que as listas e wikis e microblogs cresceram mais do que podíamos imaginar, que o software livre já mostrou que é viável, pra onde a gente vai? Quando as hipóteses viram certezas, pra onde apontam os novos paradoxos que queremos navegar?