Blog de efeefe

Gênese solar

Ontem, de passagem pelo MIS e tomando a notícia de que levaria o cano em uma reunião, acabamos conhecendo Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, terminando de montar sua instalação Solar, que abriria em algumas horas. Alguns imprevistos tinham acontecido, mas Rejane nos mostrou todo o mecanismo: um módulo no chão permite controlar o mapa projetado em 180 graus, e dois dials deixam escolher o mês e a hora. A partir daí, uma lâmpada simula a posição do sol. Tem ainda outra interface de controle, por reconhecimento de voz. Segundo Rejane, a parte do sol ainda vai demorar alguns dias pra funcionar direito.

Mais do que a obra pronta, gostei bastante de poder ver o processo, a obra sendo montada, com suas partes constituintes desveladas. Devo voltar lá em alguns dias pra ver o sol funcionando...

Acampamento de inverno

Capa do RelatórioEm março deste ano o Institute of Network Cultures realizou o Wintercamp, em Amsterdam. O evento, baseado no referencial de "redes organizadas" de Ned Rossiter e Geert Lovink, tinha por objetivo reunir 12 redes colaborativas de diferentes partes do mundo, oferecer espaço para elas trabalharem por alguns dias e criar alguns cruzamentos entre elas.

Eu fui convidado por ser um dos fundadores da rede Bricolabs. Os dias lá foram bastante produtivos, não só dentro do espaço da bricolabs (cujos integrantes estavam também espalhados entre as outras redes). Relatei minha participação no meu blog. >>Leia mais

Mapeamento de Novas Mídias e Cultura Digital no Brasil

mapeamentoEntre o fim de 2008 e o começo desse ano, colaborei com um estudo desenvolvido por Bronac Ferran sobre novas mídias e cultura digital no Brasil, a pedido do Ministério da Cultura da Holanda. O documento foi lançado por lá há três meses, e amanhã (terça-feira 16/06) será o lançamento em São Paulo. Infelizmente, não estarei presente, mas vai aqui o link para o estudo em inglês, publicado pela Virtueel Platform. Estou trabalhando numa versão em português, que deve ficar pronta em julho. Pra quem tem pressa, vou publicando as versões parciais (e sem revisão!) aqui.

Tanda

Tanda foundationGeraldine Juarez, que eu conheci ano passado durante o Futuresonic, não está mais em Nova Iorque mas continua envolvida com projetos bem interessantes.

Um deles é a tanda foundation, uma rede de financiamento para projetos artísticos e experimentais baseada em uma ferramenta online, onde as pessoas podem enviar pedidos de bolsas projetos para os quais pedem apoio (em "cash" ou "fame").  Idealmente todxs doam, todxs enviam projetos, e votam 1s nos projetos de outrxs. Cada pedido de bolsa vale por três meses, e todo mês é dada uma bolsa em cash e em fama. Ela conta que o sistema está lento, mas está lá. Mais do que um modelo definitivo, a tanda parece uma boa referência ao propor uma maneira participativa e colaborativa para gestão de recursos. Mistura uma lógica de leilão (oferta vs. lances) com a idéia de decisão coletiva e distribuição de pontos limitados de karma que organiza sites como o slashdot. Eles também adotam a postura de ser uma organização "ilegal" sem fins lucrativos no sentido de que decidem não incorporar a rede em uma instituição legal, o que tem um pouco a ver com a maneira como a MetaReciclagem evoluiu e se manteve,

O rodapé do site incentiva a criação de projetos inspirados na idéia da tanda. Vou perguntar para ela se o sistema também é replicável.

Desviantes: Heraclitus RV

No fim do ano passado, Bronac Ferran me apresentou por email a Kathelin Gray, e desde então vínhamos conversando sobre o Heraclitus RV. O Heraclitus é um navio de pesquisa construído em 1975 que até hoje navega pelo mundo desenvolvendo diversas formas de pesquisa e se envolvendo com diferentes projetos. Durante o verão passado, o navio saiu da África do Sul e cruzou o Atlântico para atracar em Parati.

Em um dia ensolarado de maio, saímos de Ubatuba em direção ao Rio para visitar o Heraclitus. Era a última semana antes que ele partisse para o nordeste brasileiro, e Kathelin estaria por lá.

O Heraclitus atracado

Chegamos no Yachtclub e ficamos esperando alguns instantes até aparecer o bote que nos levaria ao Heraclitus. Subimos no barco, e nossas anfiritriãs não estavam - tinham saído para acessar a internet. Estavam por lá Edie, o imediato que vem das Ilhas Salomão, o brasileiro Gilson, do projeto Matutu, e Debra Berger, ceramista que vive entre a Califórnia e a Espanha. Logo vieram Kathelin e a chefe de expedição, Christine Handte. O capitão Claus estava no Rio comprando as cartas para a próxima etapa de navegação.

Edie, o imediato >>Leia mais

Piquenique do hype

Foram anunciados hoje os temas para a versão de 2009 do Picnic Networks, evento em Amsterdam que se propõe a "reunir e disseminar as idéias e o conhecimento dos melhores criadores e inovadores do mundo, através de uma conferência de alto nível". O picnic reúne gente interessante, mas cai na armadilha do hype das indústrias criativas: muita pose, megaestrutura, pouca conversa efetiva entre os diferentes sub-eventos. E preços exorbitantes. Tive a oportunidade de participar de um evento dentro da edição de 2007, o (un)common ground, e foi exatamente isso: tive a oportunidade de conhecer muita gente interessante, entre eles alguns integrantes da rede bricolabs. Eu não pagaria os absurdos 595 euros para participar, mas também não reclamaria de estar por lá para encontrar as pessoas ;)

Leitura de hoje: Commodify your consumption

 Guardian

Recebi em uma lista de discussão o texto "Commodify your consumption", (PDF aqui), que Curt Cloninger apresentou em Buenos Aires em Março. Segundo o autor, é uma tentativa de revisitar de Certeau e sua aplicabilidade à arte. Abaixo alguns comentários sobre o texto.

Ele começa tentando ir além da mera oposição entre estratégia e tática na qual a gente acaba muitas vezes caindo: "A dicotomia entre produção estratégica e consumo tático é compreendida de maneira mais frutífera como um continuum com campo intermediário."

A partir daí ele propõe sete subdivisões intermediárias entre esses dois pólos. Não tenho certeza se concordo com a escala clara de proximidades que propõe, mas de qualquer forma serve para esclarecer essa ênfase que ele dá ao meio de campo. Mais tarde ele atualiza a discussão para o cenário atual, da assim chamada "web 2".

"Como você raqueia/resiste a uma plataforma que já deixa (e de fato, convida) a customizá-la? Ou nós chegamos a uma utopia de código aberto e simplesmente precisamos continuar usando essas ferramentas de redes sociais apreciativamente nas maneiras que elas suportam; ou o agenciamento da nossa "resistência" radical foi transformada em irrelevante porque as corporações decidiram deixar as pessoas comerem o bolo (desde que nós comamos a marca específica de bolo interativo delas)." >>Leia mais

Sobre o valor das ratoeiras

Steven Johnson na Time:

(...) nós temos rastreado somente uma parte da estória da inovação. Se eu vou para a faculdade e invento uma ratoeira melhor, eu criei valor, que posso proteger com uma patente e capitalizar vendendo minha invenção para consumidores. Mas se outra pessoa descobre uma maneira de usar minha ratoeira para substituir sua caríssima máquina de lavar, essa pessoa também criou valor. Nós tendemos a por a ênfase no primeiro tipo de criação de valor porque existe um pequeno número de inventores que ganham muito com suas ratoeiras e por isso viram celebridades. Mas existem centenas de milhões de consumidores e pequenos negócios que encontram valor nessas inovações descobrindo novas maneiras de colocá-las em uso.

(tradução livre minha)

Direto do Innovacamp

Dani refletindo sobre o Innovacamp em Barcelona:

InnovaCamp Mediterranea - Citilab Cornella - Barcelona Para dar uma situada, a proposta do InnovaCamp é, em uma linha, oferecer um espaço para compartilhar projetos que estão rolando sobre tecnologia. Ou, em outras palavras, para publicitar, angariar seguidores e se pans conseguir finaciamento. Alguns dos projetos que foram apresentados, como o SeniorLab e o Atenea Tech, estão "incubados" no próprio Citilab, ou seja, usam a infra do lugar como ponto de partida pra buscar a vida.

Essa, na verdade, é a proposta mesmo dos "living labs", que eu acho muito interessante, dentro do contexto de inclusão digital: não é só uma sala de informática onde as pessoas podem vir e aprender a usar o computador, mas como um grande espaço com diferentes tecnologias, banda larga, onde pessoas que tem projetos que envolvam o uso dessas tecnologias podem, efetivamente, fazer com que eles aconteçam. Empreendedorismo, comunidades e TICs no dia a dia. >>Leia mais

Desviando

Repetindo uma vez mais os rituais para a criação de espaços simbólicos. Os tempos mudam, as metáforas precisam ser recicladas. Hoje estamos já enredados, com e sem fios. O nível de envolvimento é outro, e construir sentido coletivamente continua sendo um desafio.

Não partimos do zero, mas temos sempre novas questões a destrinchar. Seguimos pesquisando, experimentando, construindo. A busca de agora (que vai certamente transformar-se outra vez daqui a pouco) é: o que significa espaço público?

Agora que não precisamos mais defender os weblogs, agora que as listas e wikis e microblogs cresceram mais do que podíamos imaginar, que o software livre já mostrou que é viável, pra onde a gente vai? Quando as hipóteses viram certezas, pra onde apontam os novos paradoxos que queremos navegar?