medialab http://desvio.cc/taxonomy/term/87/all pt-br Labtolab - dia a dia http://desvio.cc/blog/labtolab-dia-dia <p>Estive em Madrid em Junho para participar do <a href="http://www.labtolab.org">Labtolab</a>, encontro de medialabs europeus (com muitos convidados latinoamericanos). Comecei a contar as pr&eacute;vias e a viagem <a href="http://efeefe.no-ip.org/blog/labtolab-previas-e-chegada">aqui</a>. Esse post &eacute; um relato do que rolou durante a semana que estive por l&aacute;. Ainda quero escrever outro com minhas reflex&otilde;es sobre o processo.</p> <p><img alt="Pantalla Digital" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1194/4722575617_0677dc87c8_m_d.jpg" />No come&ccedil;o da tarde da segunda-feira, caminhei at&eacute; a Plaza de las Letras. O Medialab Prado fica atualmente no subsolo da pra&ccedil;a, com janelas viradas para uma rampa de acesso. Em um dos cantos da pra&ccedil;a, uma tela digital gigantesca decora a parede do que vir&aacute; a ser a nova sede do Medialab, com instala&ccedil;&otilde;es quatro ou vezes maiores do que hoje em dia.</p> <p>Descendo a rampa, j&aacute; vi a programa&ccedil;&atilde;o do m&ecirc;s estampada na janela em letras adesivas, um detalhe sutil que mostra a preocupa&ccedil;&atilde;o do Medialab em ter uma interface p&uacute;blica, em vez de fechar-se no pr&oacute;prio umbigo. Em frente &agrave; escada que d&aacute; acesso ao subsolo, mais uma tela onde sempre est&aacute; rodando alguma obra interativa. Abri a pesada porta. Logo na entrada, um monte de arm&aacute;rios de tela com equipamentos e materiais, &agrave; esquerda. No lado oposto, o balc&atilde;o de recep&ccedil;&atilde;o, com material da programa&ccedil;&atilde;o corrente.</p> <p><img alt="Programação Medialab Prado" src="http://farm2.static.flickr.com/1106/4723248082_6020dcf2a4_d.jpg" /></p> <p>A &aacute;rea principal do Medialab estava montada como audit&oacute;rio. As cadeiras, ent&atilde;o voltadas para o fundo, geralmente ficam dobradas e penduradas em uma estrutura de aramados na parede. Tudo muito m&oacute;vel, mas bem pr&aacute;tico e organizado. Ao longo da parede direita, uma fileira de bancadas com uns poucos computadores para quem quiser usar. Do lado esquerdo, a impressora 3D montada durante um workshop do pessoal do <a href="http://makerbot.com">Makerbot</a>.</p> <p><img alt="Makerbot montada" src="http://farm2.static.flickr.com/1168/4722600363_194ea83876_d.jpg" /><br /> O labtolab come&ccedil;ou com uma apresenta&ccedil;&atilde;o geral do evento por Marcos Garcia. Comentou sobre o interc&acirc;mbio de modos de produ&ccedil;&atilde;o, a meu ver t&atilde;o importante quanto a circula&ccedil;&atilde;o da produ&ccedil;&atilde;o em si. Em seguida, se apresentaram pessoas dos laborat&oacute;rios que organizavam o encontro. Gente de Nantes (<a href="http://home.crealab.info/">Crealab</a>), Bruxelas (<a href="http://www.constantvzw.org/site/">Constant</a>), Budapeste (<a href="http://kitchenbudapest.hu/">Kitchen Budapest</a>), Londres (<a href="http://area10.info">Area10</a>) e do pr&oacute;prio Medialab Prado. Tamb&eacute;m conheci pessoal de Lima (<a href="http://escuelab.org">Escuelab</a>), C&oacute;rdoba (<a href="http://www.modular.org.ar/nos.html">Modular</a>), Tijuana (<a href="http://protolab.ws">Protolab</a>), Buenos Aires (<a href="http://www.cceba.org.ar/v2/index.php?option=com_content&amp;view=section&amp;layout=blog&amp;id=6&amp;Itemid=57">CCE</a>), Lisboa (<a href="http://culturalivre.eu/">Cultura Livre Associa&ccedil;&atilde;o</a>) e mais <a href="http://www.labtolab.org/~labtolab/wiki/index.php/Medialab-Prado_Meeting#List_of_participants_.28provisional.29">um monte de gente</a>. Muitas vis&otilde;es aproximadas mas com uma grande diversidade de m&eacute;todos, perspectivas e atua&ccedil;&atilde;o. Tamb&eacute;m conheci finalmente o pessoal do <a href="http://marginaliaproject.com/lab/">Marginalia Projects</a>, de BH.</p> <p> <img alt="Futura sede do Medialab" src="http://farm2.static.flickr.com/1431/4723226248_cb280dc687_d.jpg" /> </p> <p>Para o almo&ccedil;o, os mediadores do Medialab levaram grupos de participantes para diferentes restaurantes. T&iacute;nhamos recebido envelopes com vales-refei&ccedil;&atilde;o da produ&ccedil;&atilde;o do evento. Eu fiquei no grupo que foi ao indiano Ganga. Comida razo&aacute;vel, boas conversas. Cuauhtemoc, do M&eacute;xico, contou sobre a estrutura e funcionamento do <a href="http://cmm.cenart.gob.mx/">centro multim&iacute;dia</a> no Centro Nacional de Artes. Alejandro Tosatti contou sobre o que tem desenvolvido na Costa Rica. <a href="http://www.washington.edu/dxarts/profile_home.php?who=kudla">Allison Kudla</a>, norte-americana, contou um pouco sobre sua viv&ecirc;ncia em uma escola de Bangalore (ela trabalhava junto com <a href="http://dosislas.org">Victor Vina</a>, que conheci no Brasil e foi a primeira pessoa que me falou sobre o Labtolab). Entre a comida e a sobremesa, comecei a sentir o jetlag batendo e sa&iacute; pra respirar um pouco.</p> <p> <img alt="Porta " src="http://farm2.static.flickr.com/1202/4723249414_2d7fb728c6_d.jpg" /> </p> <p>Voltamos ao Medialab para assistir as apresenta&ccedil;&otilde;es dos projetos que seriam desenvolvidos no <a href="http://medialab-prado.es/article/interactivos10">Interactivos</a>. Gostei da sele&ccedil;&atilde;o de projetos, que tinham um corte muito interessante na perspectiva de ci&ecirc;ncia de bairro - o momento em que a ci&ecirc;ncia de garagem passa a buscar di&aacute;logo com a sociedade, em que o geek sai &agrave; rua e busca prop&oacute;sito para suas pesquisas. N&atilde;o acho que todos os projetos compartilhavam dessa perspectiva, mas o contato entre eles certamente traria esse tipo de questionamento.</p> <p>N&atilde;o consegui estar presente na abertura da exposi&ccedil;&atilde;o Est&aacute;rter, dos artistas colombianos na <a href="http://www.offlimits.es/">Offlimits</a>. Fui pro hotel para dormir das 22h30 &agrave;s 2h30, e depois ficar lendo RSS, escrevendo emails e esperando o tempo passar. Tomei o racionado caf&eacute; da manh&atilde; no terra&ccedil;o outra vez (com todo o cuidado para n&atilde;o acordar os h&oacute;spedes do &uacute;ltimo andar). Voltei pro quarto, fiz um alongamento, um pouco de exerc&iacute;cio e meditei por algum tempo. Depois capotei por mais um par de horas.</p> <p>---</p> <p>A ter&ccedil;a-feira come&ccedil;ou com a apresenta&ccedil;&atilde;o das comunica&ccedil;&otilde;es do Interactivos. Perdi as primeiras, mas cheguei no meio da <a href="http://medialab-prado.es/article/fiteiro_cultural">apresenta&ccedil;&atilde;o da Fabiana de Barros</a>, falando sobre o <a href="http://www.fiteirocultural.org/SL/sl-what.html">Fiteiro Cultural</a>. Depois, Gabriel Menotti apresentou sua comunica&ccedil;&atilde;o <a href="http://medialab-prado.es/article/living_building">Gambiarra - a prototyping perspective</a>&nbsp;(que semana passada tamb&eacute;m entrou no metalivro <a href="http://mutirao.metareciclagem.org/chamadas/gambiologia">Gambiologia</a>). Allison Kudla apresentou o projeto <a href="http://medialab-prado.es/article/living_building">Living Building</a>. Me tocou ali n&atilde;o s&oacute; a din&acirc;mica de um laborat&oacute;rio totalmente m&oacute;vel e potencialmente mais aberto ao entorno do que o normal, mas tamb&eacute;m a presen&ccedil;a de uma sensa&ccedil;&atilde;o profunda de choque cultural para uma norte-americana que parece ter aceitado bem.</p> <p>O almo&ccedil;o foi um piquenique no parque del Retiro. Todo mundo optou pelo mais f&aacute;cil e encomendou sandu&iacute;ches e alguma bebida. Fiquei conversando com o pessoal do Margin&aacute;lia, com Gabriel Menotti, com Kiko Mayorga do Escuelab, Wendy do Constant e outrxs. Voltei ao Medialab conversando com Marcos Garcia sobre projetos, escala, rela&ccedil;&otilde;es com a institucionalidade e outras batatas quentes.</p> <p>A tarde come&ccedil;ou com a apresenta&ccedil;&atilde;o dos tutores. Olivier Schulbaum falou sobre todo o hist&oacute;rico do <a href="http://platoniq.net">Platoniq</a> e sobre o <a href="http://youcoop.org">Youcoop</a>. <a href="http://burbane.org">Andr&eacute;s Burbano</a> fez uma apresenta&ccedil;&atilde;o sobre o trabalho de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Konrad_Zuse">Konrad Zuse</a>. Tamb&eacute;m apresentou-se <a href="http://music.columbia.edu/~douglas/portfolio/index.shtml">Douglas Repetto</a>. Meu amigo e <a href="http://bricolabs.net">bricolega</a> Alejo Duque chegou no meio da tarde.</p> <p>No fim da tarde, Landgon Winner, que estava de passagem por Madrid, contou sem muita pressa sobre como uma comunidade da qual ele faz parte conseguiu confrontar o poder de uma corpora&ccedil;&atilde;o (perdi os detalhes da apresenta&ccedil;&atilde;o por cansa&ccedil;o e algum t&eacute;dio). Sa&iacute; de l&aacute; para capotar uma horinha no hotel antes de colar no <a href="http://madrid.the-hub.net">The Hub</a> para um convescote com os participantes dos dois eventos. Queijo, salgados e cerveja na faixa. Os tipos de conversas e questionamentos que n&atilde;o rolam durante o dia. Alejo me apresentou para outros colombianos ponta firme, como Paula V&eacute;lez e Alejandro Araque (que durante a tarde j&aacute; tinha levantado a quest&atilde;o sobre computadores usados em contextos rurais, etc.). Re-encontrei Alek Tarkowski, um dos cabe&ccedil;as do creative commons Pol&ocirc;nia, depois de uns tr&ecirc;s anos sem v&ecirc;-lo. Ele veio ao Labtolab porque est&aacute; querendo criar algum tipo de espa&ccedil;o por l&aacute;.</p> <p>---<br /> <img alt="Intermediae" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1094/4723228600_cb715a33a9_m_d.jpg" /></p> <p>Na quarta, a programa&ccedil;&atilde;o seria em outro espa&ccedil;o. O <a href="http://www.mataderomadrid.com/">Matadero</a> &eacute; um amplo espa&ccedil;o com aquele visual de &aacute;rea industrial reformada. Lembrei do SESC Pompeia e da Casa das Caldeiras. Grandes paredes de tijolos descobertos. Muito metal e vidro. Interven&ccedil;&otilde;es arquitet&ocirc;nicas aqui e ali, uma exposi&ccedil;&atilde;o de uma artista colombiana que lembrava uma mimoSa. O Matadero sedia uma s&eacute;rie de projetos. Um deles &eacute; o <a href="http://intermediae.es/">Intermediae</a>, que se define como um laborat&oacute;rio experimental.</p> <p>Cheguei no come&ccedil;o da apresenta&ccedil;&atilde;o dos coordenadores do espa&ccedil;o. Eles conseguiram negociar uma grande liberdade para implementar o projeto. Apesar de existir uma inten&ccedil;&atilde;o de realizar exposi&ccedil;&otilde;es, eles conseguiram passar o primeiro ano sem se preocupar em expor nada. Como eles falaram mais de uma vez em laborat&oacute;rio experimental, eu aproveitei pra esticar por l&aacute; a quest&atilde;o que o Lucas Bambozzi tinha levantado <a href="http://culturadigital.br/redelabs/2010/06/cultura-digital-experimental-parte-1-twitter/">aqui</a>: se eles incorporavam o erro nos processos, e como. Eles disseram que certamente, o erro faz parte do processo - fizeram um evento que propunha que as pessoas gerenciassem a pr&oacute;pria participa&ccedil;&atilde;o e ningu&eacute;m fez nada, e isso alimentou as decis&otilde;es para um evento posterior.</p> <p><img alt="Sessão de debate" align="left" src="http://farm2.static.flickr.com/1013/4722576721_ec14b50ebc_m_d.jpg" />Em seguida, rolou uma sess&atilde;o de prospec&ccedil;&atilde;o dos futuros poss&iacute;veis do <a href="http://www.kitchenbudapest.hu/en">Kitchen Budapest</a>. A proposta era que a equipe projetasse onde estaria at&eacute; 2020, em di&aacute;logo com todos os presentes. Depois da conversa beirar algum del&iacute;rio de domina&ccedil;&atilde;o mundial, cheguei a fazer uma pergunta tentando questionar a ret&oacute;rica de &quot;laborat&oacute;rios de m&iacute;dia&quot;. Algo na linha de &quot;j&aacute; que agora em 2020, com a crise ambiental impossibilitando as viagens de longa dist&acirc;ncia e as novas possibilidades de telepresen&ccedil;a, estamos todos aqui ao mesmo tempo nessa sala compartilhada virtual e em nossas casas; e agora que cada vez mais gente est&aacute; usando os iBrains - implantes cerebrais propriet&aacute;rios da Apple que se conectam direto ao nervo &oacute;tico -, ser&aacute; que n&atilde;o &eacute; hora de parar de usar termos como 'm&iacute;dia' e 'laborat&oacute;rio'&quot;? Mas acho que n&atilde;o consegui ser muito claro l&aacute; (e nem aqui, na real).</p> <p><img alt="Questões debatidas" src="http://farm2.static.flickr.com/1177/4722575953_98408b201d_d.jpg" /></p> <p>Depois (ou antes, n&atilde;o lembro mais), os participantes foram divididos em grupos para debater duas de cinco quest&otilde;es propostas pela organiza&ccedil;&atilde;o. Eu moderei um dos grupos, com Attila Nemes (Kibu), Rodrigo Calvo (<a href="http://www.laboralcentrodearte.org/">Laboral</a>) e In&eacute;s Salmorza (Universidade de Sevilla). Escolhemos as quest&otilde;es sobre sustentabilidade e continuidade. Gravei a conversa, vou publicar trechos nas pr&oacute;ximas semanas.</p> <p>O almo&ccedil;o foi um churrasco (ou a tentativa bem-intencionada de fazer um churrasco de hamb&uacute;rgueres e lingui&ccedil;as) no Avant Garden do pr&oacute;prio Matadero. As conversas continuaram. Paula V&eacute;lez p&ocirc;s som pra rodar no ambiente. Como o programa da tarde seria um planejamento sobre o pr&oacute;ximo Labtolab, resolvi sair para a cidade. Antes, por&eacute;m, ouvi uma participante perguntar em ingl&ecirc;s sobre qual seria a continua&ccedil;&atilde;o dos grupos de trabalho da manh&atilde;. Respondi alguma coisa, e o Menotti perguntou por que n&atilde;o est&aacute;vamos conversando em portugu&ecirc;s. Nos apresentamos, e s&oacute; a&iacute; percebi, surpreso, que estava falando com a <a href="http://lenara.com">Lenara</a>, que foi minha professora no primeiro semestre na UFRGS, quatorze anos atr&aacute;s. Ela mora atualmente em Madrid, enquanto desenvolve o doutorado em Frankfurt, focando na intera&ccedil;&atilde;o colaborativa entre artistas. Me convenci de vez que o mundo &eacute; uma esfiha de carne quando descobri que o norte-americano amigo dela que estava ao lado contou que estava morando em Dresden, a duas quadras de onde eu morei h&aacute; tr&ecirc;s anos.</p> <p>Voltei ao Medialab no fim da tarde esperando um retorno das sess&otilde;es de debate da manh&atilde;, mas o pessoal estava muito cansado.</p> <p>---</p> <p><img alt="Fachada de La Tabacalera" src="http://farm2.static.flickr.com/1368/4723234056_9d31e11451_d.jpg" /></p> <p>Na quinta-feira, a confer&ecirc;ncia aconteceria na <a href="http://latabacalera.net/ ">Tabacalera de Lavapi&eacute;s</a>. &Eacute; um lugar fant&aacute;stico, uma constru&ccedil;&atilde;o enorme que foi uma f&aacute;brica estatal de tabaco, passou um tempo abandonada e depois foi escolhida para sediar um centro de artes. O projeto ficou parado um tempo, e mais tarde foi retomado como um centro cultural autogestionado. Um monte de gente de algumas dezenas de grupos independentes de Madrid est&atilde;o envolvidos com La Tabacalera, que seria inaugurada no fim de semana seguinte &agrave; nossa reuni&atilde;o por l&aacute;. Come&ccedil;amos com uma visita pelo espa&ccedil;o, de olhos fechados e em fila indiana. Nossos guias eram os franceses do Apo33/Crealab, que estavam ocupando alguns espa&ccedil;os da Tabacalera. Passamos pelo por&atilde;o, onde montaram um &quot;medialab de alguns anos atr&aacute;s&quot;.</p> <p><img alt="Copyleft" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1005/4722585581_b790b56db6_m_d.jpg" />Passamos por um sagu&atilde;o central e chegamos &agrave; entrada, onde fica um mural colaborativo com as tarefas atuais. Cruzamos o &quot;espacio copyleft&quot;, no meio do qual fica o centro de controle das c&acirc;meras de seguran&ccedil;a. Enquanto pass&aacute;vamos ao calmo jardim central, <a href="http://www.noiser.org/noise/">Julien Ottavi</a> levantou um poss&iacute;vel contrassenso entre a vigil&acirc;ncia e o copyleft. Depois de alguma discuss&atilde;o, argumentei que o problema n&atilde;o eram as c&acirc;meras em si, mas quem tinha o controle das imagens - a ideia de c&oacute;digo livre sup&otilde;e justamente que a informa&ccedil;&atilde;o sobre os processos perten&ccedil;a a todxs envolvidxs, n&atilde;o somente a um grupo fechado. Talvez uma solu&ccedil;&atilde;o de seguran&ccedil;a condizente com a ideia de copyleft n&atilde;o fosse a aus&ecirc;ncia de c&acirc;meras, mas definir maneiras de assegurar que toda a comunidade tenha acesso &agrave;s imagens geradas pelas c&acirc;meras - o que daria inclusive mais condi&ccedil;&otilde;es para que a comunidade soubesse o que acontece nas diferentes &aacute;reas da Tabacalera.</p> <p>Em seguida, nos reunimos em uma sala que parece um refeit&oacute;rio, ao lado do laborat&oacute;rio de molhos e aromas. Assistimos a uma apresenta&ccedil;&atilde;o sobre a hist&oacute;ria do espa&ccedil;o, as circunst&acirc;ncias de sua cria&ccedil;&atilde;o e o envolvimento com a comunidade. A apresenta&ccedil;&atilde;o se alongou um pouco demais, e acabou atrasando outras atividades previstas para a manh&atilde;.</p> <p><img alt="Laboratório de Salsas e Aromas" src="http://farm2.static.flickr.com/1352/4722590977_c2c8519d85_d.jpg" /></p> <p>Sa&iacute; no intervalo do almo&ccedil;o para ir ao centro, encontrar umas lembran&ccedil;as e presentes. Tamb&eacute;m comprei uma c&acirc;mera fotogr&aacute;fica pra mim, depois de uns sete anos sem. Voltei &agrave; Tabacalera no meio da tarde, para a conversa proposta com os grupos latinoamericanos. Infelizmente, algu&eacute;m decidiu separar em grupos de uma forma meio limitada: uma mesa de &quot;brasileirxs&quot;, uma mesa de pessoas ligadas aos Centros Culturais da Espanha, outra de pessoas envolvidas com &quot;laborat&oacute;rios virtuais&quot;. Uma das consequ&ecirc;ncias foi que os grupos latinoamericanos n&atilde;o tiveram uma conversa muito din&acirc;mica entre si. Na mesa do Brasil est&aacute;vamos eu, o pessoal do Margin&aacute;lia e Menotti, mais algumas pessoas que j&aacute; conhec&iacute;amos de uma forma ou outra. S&oacute; reconheci o <a href="http://twitter.com/josianito">Josian</a>, que havia conhecido em Barcelona, no meio da conversa. A conversa foi animada, mas acho que faltou um planejamento para mais interc&acirc;mbio e circula&ccedil;&atilde;o entre as mesas.</p> <p><img alt="Araque no Pecha Kucha" src="http://farm2.static.flickr.com/1092/4723238280_5b548fa821_d.jpg" /></p> <p>Voltamos a p&eacute; ao Medialab Prado, para uma programa&ccedil;&atilde;o que come&ccedil;ava com Pecha Kucha e continuaria com <a href="http://codelab.fr/1713">aperocodelab</a>. Por algum motivo, eu decidi n&atilde;o apresentar nada na Pecha Kucha. Fiquei assistindo a uma s&eacute;rie de apresenta&ccedil;&otilde;es que falavam sobre Medialabs em diferentes contextos e formatos, sempre tentando encontrar o que eles tinham em comum. Vi uma busca por expandir a experimenta&ccedil;&atilde;o n&atilde;o s&oacute; em termos de produ&ccedil;&atilde;o efetiva como tamb&eacute;m de formas de relacionamento. Percebi de novo que a tradicional f&oacute;rmula &quot;arte, ci&ecirc;ncia e tecnologia&quot; tinha quase sempre &quot;sociedade&quot; como um quarto elemento. Tamb&eacute;m passaram ali algumas pessoas tentando entender os medialabs (uma ou outra sem no&ccedil;&atilde;o do que estavam estudando), e algumas iniciativas ainda bem no come&ccedil;o, mas com bastante potencial. O aperocodelab foi mais animado, e mais barulhento. Alejo come&ccedil;ou de leve, mas no meio da apresenta&ccedil;&atilde;o do Ottavi poucas pessoas aguentaram o noise extremo.</p> <p>---</p> <p><img alt="Instalação na Tabacalera" src="http://farm2.static.flickr.com/1340/4722592303_088d475cc5_d.jpg" /></p> <p>A sexta-feira seria o &uacute;ltimo dia de labtolab, come&ccedil;ando na Tabacalera. Os participantes do Interactivos que haviam nos acompanhado nos primeiros dias j&aacute; estavam totalmente imersos na produ&ccedil;&atilde;o dos projetos selecionados. Pela manh&atilde;, participei de duas sess&otilde;es de trabalho. A primeira se chamava &quot;Field of exchange: open call for residency, work exchange, mobilities&quot;. Conversamos sobre a necessidade de criar mais campos de interc&acirc;mbio de pessoas entre diferentes contextos - n&atilde;o s&oacute; artistas como tamb&eacute;m o que o medialab prado chama de &quot;mediadores culturais&quot;. O argumento deles &eacute; que o conhecimento sobre metodologia e produ&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m precisa circuar. Abrimos algumas pontas de articula&ccedil;&atilde;o ali que espero poder desenvolver mais no futuro. Depois, segui para a sess&atilde;o &quot;Mapping Medialabs&quot;. Muita gente boa nessa sess&atilde;o, que continuava uma investiga&ccedil;&atilde;o que j&aacute; come&ccedil;ou no primeiro encontro do Labtolab, sobre identificar espa&ccedil;os no mundo inteiro que podem se encaixar no cen&aacute;rio de laborat&oacute;rios de m&iacute;dia. Foi uma boa sess&atilde;o de trabalho - sa&iacute; de l&aacute; cadastrado em uma lista e tendo exibido algumas experi&ecirc;ncias com mapeamentos e afins.</p> <p>Sa&iacute; para a cidade - quando comprei a c&acirc;mera, tinha esquecido de pedir a nota de Tax Free, e n&atilde;o queria perder 18 euros t&atilde;o facilmente. Continuei caminhando, almocei em um restaurante vegetariano chin&ecirc;s, fiz algumas fotos. O programa previa uma sess&atilde;o de encerramento do dia na Tabacalera depois do almo&ccedil;o, seguida por uma sess&atilde;o de encerramento do labtolab no Medialab. Como j&aacute; duvidava dos encerramentos di&aacute;rios e tinha necessidade de sentir a cidade antes de ir embora, decidi continuar caminhando at&eacute; a hora da segunda sess&atilde;o. Cheguei no Medialab na hora marcada. S&oacute; apareceram duas ou tr&ecirc;s pessoas do labtolab. Me disseram que por cansa&ccedil;o haviam feito tudo numa s&oacute; sess&atilde;o e que n&atilde;o rolaria o encerramento final. Fiquei bem decepcionado, mesmo ouvindo que o encerramento n&atilde;o trouxe muita novidade. Queria pelo menos encontrar as pessoas. Mas tudo bem, ainda restava a &uacute;ltima etapa da programa&ccedil;&atilde;o conjunta Interactivos + Labtolab: o Dorkbot.</p> <p><img alt="Peça de Alejandro Tamayo" align="right" src="http://farm2.static.flickr.com/1054/4723263946_d085ef736c_m_d.jpg" />Caminhei com o pessoal que estava por l&aacute; at&eacute; o Offlimits. No caminho, encontrei um cavalo de brinquedo, preto, muito pequeno. Tomei como um presente de Madrid. Chegamos ao local antes do hor&aacute;rio. Pude ver pelo menos um peda&ccedil;o da exposi&ccedil;&atilde;o est&aacute;rter, cuja abertura perdi na segunda. Gostei das pe&ccedil;as expostas ali. Sa&iacute;mos para comprar algumas cervejas, e na volta sentamos onde deu - eu fiquei no ch&atilde;o, no canto esquerdo. Assistimos &agrave; apresenta&ccedil;&atilde;o do Alejo Duque, falando sobre e mostrando o material que capturou, de uma galera de algum lugar do Brasil usando sat&eacute;lites pra comunica&ccedil;&atilde;o absolutamente trivial - um uso totalmente imprevisto (e certamente ilegal) de equipamento quase ocioso que orbita a terra. Alejo tamb&eacute;m falou de um manifesto publicado h&aacute; algumas d&eacute;cadas por na&ccedil;&otilde;es equatoriais protestando contra a ocupa&ccedil;&atilde;o do espa&ccedil;o orbital acima de seus territ&oacute;rios por equipamentos de pa&iacute;ses muito mais ricos - uma ocupa&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o revertia em nenhuma vantagem para os equatoriais.</p> <p><img alt="Alejo Duque no Dorkbot" src="http://farm2.static.flickr.com/1257/4723258798_09d65fdb36_d.jpg" /></p> <p>Na sequ&ecirc;ncia, Douglas Repetto do Dorkbot contou alguns causos e mostrou ao vivo a opera&ccedil;&atilde;o via rede de um plotter de caneta que estava em Nova Iorque, uma verdadeira fa&ccedil;anha. Para encerrar, Brian Mackern mostrou algumas de suas obras ligadas &agrave; visualiza&ccedil;&atilde;o de interfer&ecirc;ncia eletromagn&eacute;tica ligada ao clima.</p> <p><img alt="Douglas Repetto no Dorkbot" src="http://farm2.static.flickr.com/1013/4722612193_bbe8958caf_d.jpg" /></p> <p>Na sa&iacute;da, acompanhei o pessoal que ia comer em Lavapi&eacute;s. Ainda conversei com mais algumas pessoas, inclusive algumas que n&atilde;o tinham aparecido antes, e retornei para o hotel porque voltaria ao Brasil na manh&atilde; seguinte e ainda precisava resolver algumas coisas. Deu vontade de ficar mais e conferir a produ&ccedil;&atilde;o do Interactivos, mas n&atilde;o seria poss&iacute;vel. Quem sabe numa outra ocasi&atilde;o (talvez do lado de c&aacute; do Atl&acirc;ntico...).</p> http://desvio.cc/blog/labtolab-dia-dia#comments dorkbot eventos labtolab madrid medialab medialab prado msst redelabs Mon, 12 Jul 2010 17:47:36 +0000 efeefe 178 at http://desvio.cc RedeLabs http://desvio.cc/blog/redelabs <p>Estou organizando a plataforma RedeLabs, que tem por objetivo definir estrat&eacute;gias para uma rede de espa&ccedil;os de articula&ccedil;&atilde;o e produ&ccedil;&atilde;o de cultura digital, arte eletr&ocirc;nica e novas m&iacute;dias. Configurei um blog e um wiki para ir documentando o processo:</p> <ul> <li><a href="http://culturadigital.br/redelabs" title="http://culturadigital.br/redelabs">http://culturadigital.br/redelabs</a></li> <li><a href="http://redelabs.org" title="http://redelabs.org">http://redelabs.org</a></li> </ul> http://desvio.cc/blog/redelabs#comments medialab projetos redelabs Mon, 26 Apr 2010 03:52:53 +0000 efeefe 163 at http://desvio.cc Medialabs - pra quê mesmo? (2) http://desvio.cc/blog/medialabs-pra-qu%C3%AA-mesmo-2 <p>Continuando um <a href="/tag/medialab">assunto</a> dos &uacute;ltimos dois posts:&nbsp;h&aacute; uns meses fui convidado para uma conversa em sampa sobre medialabs. N&atilde;o pude estar presente, mas mandei umas considera&ccedil;&otilde;es por email. Alguns argumentos s&atilde;o os mesmos do <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/medialabs-pra-qu%C3%AA-mesmo-1">&uacute;ltimo post</a>, mas aqui eu dissertei mais sobre eles:</p> <blockquote> <p>Quero primeiro me apresentar: sou Felipe Fonseca, um dos fundadores da rede MetaReciclagem, que conta com algumas centenas de pessoas em todo o Brasil atuando na apropria&ccedil;&atilde;o cr&iacute;tica de tecnologias da informa&ccedil;&atilde;o para finalidades diversas: arte, educa&ccedil;&atilde;o, transforma&ccedil;&atilde;o social, etc. Trabalhei nos primeiros anos da a&ccedil;&atilde;o Cultura Digital no projeto Cultura Viva do Minc, e hoje sou um dos articuladores do n&uacute;cleo Desvio do Weblab.tk, que atua principalmente com experimenta&ccedil;&atilde;o em novas m&iacute;dias. Tamb&eacute;m sou um dos criadores da rede internacional Bricolabs, que conta com integrantes em todo o mundo.</p> <p>Nos &uacute;ltimos anos, tive um contato bastante grande com projetos de laborat&oacute;rios de m&iacute;dia. Ap&oacute;s ter participado do festival M&iacute;dia T&aacute;tica Brasil, em S&atilde;o Paulo, fui convidado a falar no Next 5 Minutes (Amsterdam, 2003), quando conheci os integrantes plataforma Waag-Sarai. Waag &eacute; um dos laborat&oacute;rios de novas m&iacute;dias que emergiu em Amsterdam e dialogou bastante com o universo conceitual de m&iacute;dia t&aacute;tica (representado, entre outros, por te&oacute;ricos como Geert Lovink e David Garcia). Sarai &eacute; uma organiza&ccedil;&atilde;o de Nova D&eacute;li, na &Iacute;ndia, que recebeu apoio do Waag para estabelecer-se como laborat&oacute;rio de novas m&iacute;dias. Em 2004, inseri nesse contexto a MetaReciclagem, respondendo a uma chamada aberta da plataforma Waag-Sarai que buscava projetos de medialabs em pa&iacute;ses em desenvolvimento.</p> <p>Na &eacute;poca, est&aacute;vamos atuando diretamente com a rede de telecentros de S&atilde;o Paulo e come&ccedil;ando a implementa&ccedil;&atilde;o dos Pontos de Cultura. Nossa proposta foi, a partir dessa potencial multiplicidade de espa&ccedil;os, dissolver a pr&oacute;pria ideia de laborat&oacute;rios de m&iacute;dia: quer&iacute;amos investir esfor&ccedil;os n&atilde;o em estabelecer (mais) um laborat&oacute;rio de m&iacute;dia, mas sim desenvolver uma metodologia descentralizada, em rede, que ocupasse os espa&ccedil;os que continuariam se multiplicando. Assim fizemos, e a rede MetaReciclagem se espalhou por todo o Brasil (e recentemente ganhou o pr&ecirc;mio de m&iacute;dias livres do minc). Ainda dentro do escopo da plataforma Waag-Sarai, participei ativamente do desenvolvimento do descentro (que tamb&eacute;m conta com tatiana wells e ricardo ruiz, que fizeram um centro de m&iacute;dia na lapa, rio de janeiro, antes de isso ser moda no brasil), uma organiza&ccedil;&atilde;o sem fins lucrativos registrada com integrantes e subsedes em diferentes regi&otilde;es do pa&iacute;s, e que tamb&eacute;m adota princ&iacute;pios efetivos de descentraliza&ccedil;&atilde;o e articula&ccedil;&atilde;o em rede.</p> <p>Nos anos seguintes, participei de uma s&eacute;rie de eventos ligados de uma forma ou outra a diferentes medialabs em Amsterdam, Berlim, Barcelona, Madrid, Londres, Paris e outros. Junto com um holand&ecirc;s e uma brit&acirc;nica, criei a rede Bricolabs, que conta com mais de uma centena de integrantes, muitos deles ligados a projetos ou centros de m&iacute;dia em algum lugar do mundo: waag e minilab (amsterdam), free space (manchester), london media lab, hangar (barcelona), eyebeam (nova york), medialab prado (madrid), fo-am (bruxelas), tesla e c-base (berlim), honf (jacarta), tmplab (paris), v2 (rotterdam), freaknet (sic&iacute;lia/amsterdam), uke (cro&aacute;cia), e outros.</p> <p>Nos tempos atuais, qualquer esfor&ccedil;o relacionado a medialabs precisa ser muito bem pensado. Se o medialab do MIT era emblem&aacute;tico de uma maneira de viabilizar a&ccedil;&otilde;es, a tentativa do MIT de criar uma r&eacute;plica na Irlanda foi um fracasso. O modelo norte-americano tem uma &ecirc;nfase em estrutura, centraliza&ccedil;&atilde;o e articula&ccedil;&atilde;o com a ind&uacute;stria (inclusive a ind&uacute;stria b&eacute;lica, &eacute; bom lembrar) que pode n&atilde;o funcionar em outros lugares. Por outro lado, os projetos que t&ecirc;m atra&iacute;do aten&ccedil;&atilde;o e dinamizado produ&ccedil;&atilde;o efetiva atualmente t&ecirc;m uma &ecirc;nfase muito maior em se configurarem como espa&ccedil;os de contato, troca e articula&ccedil;&atilde;o do que necessariamente proporcionarem acesso a infra-estrutura. Ainda mais em tempos de abund&acirc;ncia de recursos. H&aacute; alguns meses escrevemos uma provoca&ccedil;&atilde;o para uma institui&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica comentando isso:</p> <p>&quot;Em mar&ccedil;o passado, durante uma das sess&otilde;es do Paralelo (<a href="http://paralelo.wikidot.com" title="http://paralelo.wikidot.com">http://paralelo.wikidot.com</a>), o ingl&ecirc;s Mike Stubbs questionou qual era o papel de um centro de artes nos dias de hoje. A pergunta pode ser estendida para o contexto dos medialabs: em um cen&aacute;rio no qual o acesso a tecnologias de produ&ccedil;&atilde;o e publica&ccedil;&atilde;o de m&iacute;dias est&aacute; cada vez mais facilitado, um cen&aacute;rio em que as redes abertas fazem a informa&ccedil;&atilde;o circular diretamente entre as pessoas, qual a raz&atilde;o de existir um laborat&oacute;rio de m&iacute;dia? A din&acirc;mica do trabalho criativo tem se transformado de forma cada vez mais r&aacute;pida, e a estrat&eacute;gia &quot;build it and they'll come&quot; n&atilde;o faz mais sentido. Para incentivar a produ&ccedil;&atilde;o criativa, &eacute; necess&aacute;ria uma sensa&ccedil;&atilde;o de liberdade de apropria&ccedil;&atilde;o e de gest&atilde;o compartilhada, no sentido da reconstru&ccedil;&atilde;o da pr&oacute;pria id&eacute;ia de espa&ccedil;o p&uacute;blico. Mais do que oferecer simplesmente uma estrutura, os medialabs mais interessantes de hoje em dia - hangar, medialab prado, eyebeam, entre outros - engajam-se em di&aacute;logo cada vez mais aberto e cr&iacute;tico com o meio com o qual se relacionam, e tornam-se espa&ccedil;os de refer&ecirc;ncia e interc&acirc;mbio, cabe&ccedil;as de rede, muito mais agenciando conversas do que expressando sua pr&oacute;pria perspectiva.</p> <p>Esse di&aacute;logo reside potencialmente em qualquer espa&ccedil;o, desde que se baseie em uma posi&ccedil;&atilde;o de abertura aut&ecirc;ntica. Em um primeiro momento, toda conversa nesse sentido vai parecer a reafirma&ccedil;&atilde;o de posi&ccedil;&otilde;es j&aacute; existentes: as pessoas v&atilde;o reclamar da mesma coisa que j&aacute; reclamaram, colocar demandas que j&aacute; sabem que t&ecirc;m. Mas trabalhando alguns fatores-chave &eacute; poss&iacute;vel ir al&eacute;m e construir uma conversa propositiva de ocupa&ccedil;&atilde;o e apropria&ccedil;&atilde;o coletivas de espa&ccedil;os simb&oacute;licos.&quot;</p> <p><strong>PS.:</strong> o n&uacute;cleo desvio est&aacute; come&ccedil;ando a elaborar um plano de interc&acirc;mbio com organiza&ccedil;&otilde;es como o medialab prado, a tesla de berlim e o access space de sheffield para construir uma rede de pesquisa em tecnologias de prototipagem - fablabs, repraps e outras maneiras de transformar bits em &aacute;tomos. estamos dispon&iacute;veis para conversar sobre poss&iacute;veis a&ccedil;&otilde;es no &acirc;mbito dos medialabs, se for levado em conta esse aspecto importante da cria&ccedil;&atilde;o de redes e de dinamiza&ccedil;&atilde;o de processos criativos, mais do que a mera cess&atilde;o de estruturas.<br /> <br /> <strong>Links</strong></p> <ul> <li><a href="http://rede.metareciclagem.org" title="http://rede.metareciclagem.org">http://rede.metareciclagem.org</a></li> <li><a href="http://desvio.weblab.tk" title="http://desvio.weblab.tk">http://desvio.weblab.tk</a></li> <li><a href="http://pub.descentro.org" title="http://pub.descentro.org">http://pub.descentro.org</a></li> <li><a href="http://bricolabs.net" title="http://bricolabs.net">http://bricolabs.net</a></li> </ul> </blockquote> <p>Rodrigo Savazoni respondeu:</p> <blockquote> Felipe,<br /> <br /> Obrigado. Fundamental a tua contribui&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> Eu te questionaria sobre duas coisas, apenas, em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s tuas experi&ecirc;ncias dos &uacute;ltimos anos:<br /> <br /> 1. Voc&ecirc; acha que seria v&aacute;lido termos no Brasil uma rede de espa&ccedil;os com o que h&aacute; de &quot;mais avan&ccedil;ado&quot; em tecnologias digitais? Por exemplo, espa&ccedil;o de exposi&ccedil;&otilde;es preparado com um hiperwall, uma cave, ou seja, infra para visualiza&ccedil;&atilde;o de ponta? Al&eacute;m disso, nesse mesmo sentido, seria interessante um equipamento dotado de tecnologias que os artistas digitais n&atilde;o acessam, e por isso n&atilde;o podem com eles experimentar: isso faz sentido?<br /> <br /> 2. Voc&ecirc; acha que, nesse mesmo sentido, um espa&ccedil;o p&uacute;blico ser respons&aacute;vel por investigar e produzir a infra-estrutura ideal para a cria&ccedil;&atilde;o em rede &eacute; algo v&aacute;lido? Por exemplo, a Funarte S&atilde;o Paulo ser&aacute; uma das institui&ccedil;&otilde;es a receberem a conex&atilde;o multigigabit da RNP. Com isso, com a possibilidade de oferecer conex&otilde;es de 1 a 10 gigabit, ser&aacute; um espa&ccedil;o privilegiado para a cria&ccedil;&atilde;o em rede. H&aacute; esse desejo de experimentar com bandas muito largas entre os artistas e realizadores multim&iacute;dia?<br /> </blockquote> <p>E eu voltei:</p> <blockquote> 1) minha d&uacute;vida &eacute; se isso pode ser considerado o &quot;mais avan&ccedil;ado&quot;. de certa forma, os artistas que querem trabalhar com essas coisas acabam prevendo or&ccedil;amento pra isso e constr&oacute;em a estrutura exata que precisam (como a rejane cantoni e o leonardo crescenti fizeram no MIS pra pe&ccedil;a &quot;Solar&quot;). acho que se um lab for investir em uma estrutura assim, vai ter que escolher duas ou tr&ecirc;s possibilidades, e isso tamb&eacute;m constitui uma limita&ccedil;&atilde;o. De certa forma fetichiza a rela&ccedil;&atilde;o: vou criar uma obra para aquela tecnologia. Hoje em dia, com dois projetores e um controle de Wii d&aacute; pra fazer mis&eacute;ria. Outro problema de ter uma estrutura espec&iacute;fica &eacute; como escolher os projetos que v&atilde;o usar. Sou mais partir pra multiplicidade, com encontros peri&oacute;dicos de troca de conhecimento (como fazem o Hangar em Bar&ccedil;a e o NYC Resistor). Acho que investir em alta tecnologia &eacute; potencializar essa multiplicidade. Por exemplo: esses encontros podem ser transmitidos pela web, se pans com meia d&uacute;zia de c&acirc;meras simult&acirc;neas, e o cara que t&aacute; assistindo tem o su&iacute;te na hora, pode escolher interativamente qual c&acirc;mera quer assistir. D&aacute; pra pensar em mecanismos de controle de direcionamento de c&acirc;meras tamb&eacute;m, que d&ecirc; pra controlar pela rede motores que apontam a c&acirc;mera para algum lugar (ou automatizar isso com sensores de movimento ou coisa assim). Mas tudo isso pra abrir potencial de indetermina&ccedil;&atilde;o, e as pessoas que ocupam o espa&ccedil;o que decidam como usar tecnologia. A gente t&aacute; em pleno momento de paradoxo de n&iacute;vel de desenvolvimento nesse mundo de arte eletr&ocirc;nica. O que mais t&aacute; crescendo - diy, arduino, software livre - vai na dire&ccedil;&atilde;o oposta da &quot;alta tecnologia&quot;. Como construir um caminho equilibrado ali, que d&ecirc; estrutura mas seja vivo, em vez de grandes monumentos vazios?<br /> </blockquote><blockquote>2) Na real a quest&atilde;o da banda larga, se for no sentido de distribui&ccedil;&atilde;o, j&aacute; tem solu&ccedil;&otilde;es alternativas: o streaming por icecast usa pouca banda do cliente at&eacute; o servidor, e s&oacute; depois se espalha. Bit torrent tamb&eacute;m. Posso estar enganado, mas acho que largura de banda n&atilde;o &eacute; essencial para o tipo de cria&ccedil;&atilde;o que t&aacute; rolando hoje em dia. Um uso potencial que nunca andou &eacute; sincroniza&ccedil;&atilde;o imediata: uma banda poder tocar junta em diferentes lugares. Mas todos os lugares precisariam estar na mesma rede, e mesmo assim haveria um delay (acho que d&aacute; pra pensar em alternativas pra isso tamb&eacute;m, criando buffers locais, mas preciso de algu&eacute;m mais racional pra pensar direito nisso).<br /> </blockquote><blockquote>Da&iacute; que insisto: a superbanda da RNP &eacute; importante, mas n&atilde;o acho essencial. A mera disponibiliza&ccedil;&atilde;o de banda n&atilde;o vai fazer o pessoal sair de seus est&uacute;dios na vila madalena e ir at&eacute; a Funarte. Precisa mais do que isso: frequ&ecirc;ncia/periodicidade, autonomia/indetermina&ccedil;&atilde;o, pessoas/temas relevantes.<br /> </blockquote><blockquote>Pra mim, pessoalmente, um medialab na funarte seria um bom espa&ccedil;o pra levar meus amigos gringos pra visitar. E pra fazer um debate por m&ecirc;s sobre gambiarra e apropria&ccedil;&atilde;o.<br /> </blockquote> http://desvio.cc/blog/medialabs-pra-qu%C3%AA-mesmo-2#comments arte medialab redes Sat, 05 Dec 2009 20:33:07 +0000 efeefe 114 at http://desvio.cc Medialabs - pra quê mesmo? (1) http://desvio.cc/blog/medialabs-pra-qu%C3%AA-mesmo-1 <p>Do texto para um projeto que n&atilde;o saiu, h&aacute; uns meses:</p> <blockquote> <p>Em mar&ccedil;o passado, durante uma das sess&otilde;es do Paralelo, o ingl&ecirc;s Mike Stubbs questionou qual era o papel de um centro de artes nos dias de hoje. A pergunta pode ser estendida para o contexto dos medialabs: em um cen&aacute;rio no qual o acesso a tecnologias de produ&ccedil;&atilde;o e publica&ccedil;&atilde;o de m&iacute;dias est&aacute; cada vez mais facilitado, um cen&aacute;rio em que as redes abertas fazem a informa&ccedil;&atilde;o circular diretamente entre as pessoas, qual a raz&atilde;o de existir um laborat&oacute;rio de m&iacute;dia? A din&acirc;mica do trabalho criativo tem se transformado de forma cada vez mais r&aacute;pida, e a estrat&eacute;gia &quot;build it and they'll come&quot; n&atilde;o faz mais sentido. Para incentivar a produ&ccedil;&atilde;o criativa, &eacute; necess&aacute;ria uma sensa&ccedil;&atilde;o de liberdade de apropria&ccedil;&atilde;o e de gest&atilde;o compartilhada, no sentido da reconstru&ccedil;&atilde;o da pr&oacute;pria id&eacute;ia de espa&ccedil;o p&uacute;blico.</p> <p>Mais do que oferecer simplesmente uma estrutura, os medialabs mais interessantes de hoje em dia - hangar, medialab prado, eyebeam, entre outros - engajam-se em di&aacute;logo cada vez mais aberto e cr&iacute;tico com o meio com o qual se relacionam, e tornam-se espa&ccedil;os de refer&ecirc;ncia e interc&acirc;mbio, cabe&ccedil;as de rede, muito mais agenciando conversas do que expressando sua pr&oacute;pria perspectiva.</p> <p>Esse di&aacute;logo reside potencialmente em qualquer espa&ccedil;o, desde que se baseie em uma posi&ccedil;&atilde;o de abertura aut&ecirc;ntica. Em um primeiro momento, toda conversa nesse sentido vai parecer a reafirma&ccedil;&atilde;o de posi&ccedil;&otilde;es j&aacute; existentes: as pessoas v&atilde;o reclamar da mesma coisa que j&aacute; reclamaram, colocar demandas que j&aacute; sabem que t&ecirc;m. Mas trabalhando alguns fatores-chave &eacute; poss&iacute;vel ir al&eacute;m e construir uma conversa propositiva de ocupa&ccedil;&atilde;o e apropria&ccedil;&atilde;o coletivas de espa&ccedil;os simb&oacute;licos.</p> <h2>Apropria&ccedil;&atilde;o de redes</h2> <p>Da mesma forma que com os medialabs, a cria&ccedil;&atilde;o e dinamiza&ccedil;&atilde;o de redes n&atilde;o pode se limitar &agrave; estrutura. Um tra&ccedil;o caracter&iacute;stico das culturas brasileiras &eacute; justamente a for&ccedil;a que as redes adquirem no cotidiano. Chama a aten&ccedil;&atilde;o em todo o mundo o nosso n&iacute;vel profundo de apropria&ccedil;&atilde;o de ambientes sociais online, o recorde mundial de horas conectados, a naturalidade da gram&aacute;tica da rede. Algumas das iniciativas brasileiras mais relevantes no cen&aacute;rio da m&iacute;dia eletr&ocirc;nica s&atilde;o exatamente aquelas que se configuram como redes abertas (por exemplo, projetos que venceram ou levaram men&ccedil;&atilde;o honrosa no Prix Ars Electronica - Overmundo, MetaReciclagem, M&iacute;dia T&aacute;tica). Queremos tratar essa perspectiva n&atilde;o s&oacute; como ferramenta ou estrutura, mas como eixo conceitual, a constru&ccedil;&atilde;o de novos horizontes sobre espa&ccedil;os experimentais e de produ&ccedil;&atilde;o art&iacute;stica, e entender como isso dialoga com nossa maneira &uacute;nica de negociar os espa&ccedil;os cotidianos. Em outras palavras, n&atilde;o s&oacute; usar uma rede para falar sobre arte, mas essencialmente tratar a pr&oacute;pria rede como um projeto experimental.</p> </blockquote> http://desvio.cc/blog/medialabs-pra-qu%C3%AA-mesmo-1#comments arte medialab redes Sat, 05 Dec 2009 20:16:34 +0000 efeefe 113 at http://desvio.cc Arte Digital http://desvio.cc/blog/arte-digital <p>Acabou que n&atilde;o consegui participar da discuss&atilde;o do eixo de Arte do <a href="http://culturadigital.br">F&oacute;rum de Cultura Digital</a>. Eu queria continuar uma linha de racioc&iacute;nio que tinha come&ccedil;ado na mesa de trabalho do eixo que aconteceu em Sampa h&aacute; alguns meses (e que acabou influenciando meu post &quot;<a href="http://desvio.weblab.tk/blog/cyberpunk-de-chinelos">Cyberpunk de chinelos</a>&quot;). De qualquer forma, cabe aqui o registro - <a href="http://culturadigital.br/blog/author/cicerosilva/">C&iacute;cero Silva</a> acaba de publicar o <a href="http://culturadigital.br/blog/2009/12/02/relatorio-final-sobre-arte-digital-no-forum-da-cultura-digital-brasileira-final-report-for-digital-arts-brazilian-digital-culture-forum/">relat&oacute;rio final sobre Arte Digital</a>. Baixei o PDF aqui pra ler no fim de semana.</p> <p><span>Atualizando</span><strong>:</strong> dei uma lida no relat&oacute;rio. Ele levanta alguns pontos interessantes, mas de modo geral achei bastante restrito a uma vis&atilde;o espec&iacute;fica de &quot;arte&quot;:&nbsp;museus, fomento, forma&ccedil;&atilde;o, etc. Tamb&eacute;m achei ele tendendo muito pra vis&atilde;o do Manovich, de sociedade baseada no software, uma refer&ecirc;ncia que &eacute; interessante mas n&atilde;o &eacute; a &uacute;nica. Acho que faltou o relat&oacute;rio inovar em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; pr&oacute;pria atividade art&iacute;stica, seu alcance e como ela se costura com a sociedade em &acirc;mbito mais geral. Pra que ela serve mesmo? Acho que algumas experi&ecirc;ncias nos &uacute;ltmos anos abriram um espa&ccedil;o de discuss&atilde;o importante nesse sentido. Inclusive experi&ecirc;ncias brasileiras, como o Upgrade! em Salvador, que aconteceu dentro de um &ocirc;nibus em movimento. O&nbsp;relat&oacute;rio parece nem saber dessas experi&ecirc;ncias.</p> <p>Gostei que o relat&oacute;rio incorporou algumas das discuss&otilde;es do site na &iacute;ntegra. E acho importante o ponto que &eacute; levantado, sobre <em>medialabs</em>, desde que se leve em conta que o aspecto mais importante dos labs que realmente funcionam em diferentes partes do mundo - prado, eyebeam, hangar, etc. - n&atilde;o s&atilde;o a estrutura ou os equipamentos, mas a mobiliza&ccedil;&atilde;o e a cria&ccedil;&atilde;o de espa&ccedil;o colaborativo e de gest&atilde;o comum. Ou seja: se a ideia &eacute; fazer uma rede de laborat&oacute;rios de m&iacute;dia no Brasil, n&atilde;o se deve partir do pressuposto de que salas com computadores e internet r&aacute;pida solucionem todo o problema (afinal, cada vez mais as pessoas t&ecirc;m isso em casa). O modelo medialab do MIT n&atilde;o &eacute; export&aacute;vel - que o diga a Irlanda (ali&aacute;s, lembrei que escrevi alguns par&aacute;grafos sobre isso h&aacute; uns meses, vou publicar em outro post).</p> <p><strong>Atualizando de novo:</strong>&nbsp;publiquei dois novos posts sobre medialabs, com par&aacute;grafos extra&iacute;dos de um projeto e de um email de meses atr&aacute;s:</p> <ul> <li><a href="http://desvio.weblab.tk/blog/medialabs-pra-qu%C3%AA-mesmo-1">Medialabs - pra qu&ecirc; mesmo? (1)</a></li> <li><a href="http://desvio.weblab.tk/blog/medialabs-pra-qu%C3%AA-mesmo-2">Medialabs - pra qu&ecirc; mesmo? (2)</a></li> </ul> http://desvio.cc/blog/arte-digital#comments arte cultura digital medialab Fri, 04 Dec 2009 21:11:40 +0000 efeefe 111 at http://desvio.cc