bricolabs http://desvio.cc/taxonomy/term/32/all pt-br Pós-digital http://desvio.cc/blog/pos-digital <p>H&aacute; alguns meses lancei <a href="http://efeefe.no-ip.org/livro/laboratorios-pos-digital">Laborat&oacute;rios do p&oacute;s-digital</a>, uma compila&ccedil;&atilde;o de artigos escritos desde 2009 at&eacute; o come&ccedil;o deste ano. A express&atilde;o &quot;p&oacute;s-digital&quot; s&oacute; surgiu depois que o livro j&aacute; estava quase pronto. Ou seja, o t&iacute;tulo faz men&ccedil;&atilde;o a uma constru&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o aparece ali dentro, pelo menos n&atilde;o articulada dessa forma. Quero tentar desfiar aqui algumas pontas disso.</p> <p>O p&oacute;s-digital &eacute; menos um conceito em si do que uma posi&ccedil;&atilde;o de <em>questionamento</em>. N&atilde;o se trata de negar o digital. Pelo contr&aacute;rio, quero aprofundar um pouco a reflex&atilde;o sobre a pr&oacute;pria ideia de <em>desaparecimento do digital como consequ&ecirc;ncia de sua ubiquidade</em>. A partir do momento em que o digital est&aacute; em toda parte, ser&aacute; que ele ainda funciona como um recorte relevante para entender e interferir na maneira como as redes interconectadas influem na sociedade? Novas tecnologias est&atilde;o sendo desenvolvidas a todo instante. Podemos querer que elas apontem para um futuro mais aberto, participativo e justo. Acredito que a melhor maneira de fazer isso seja parar de falar sobre &quot;o digital&quot; como algo em si.</p> <p>O discurso do digital foi assimilado por praticamente todos os setores da sociedade. Isso toma por vezes uma forma equivocada, &agrave; medida em que se tenta de maneira fetichista opor o digital a um supostamente ultrapassado &quot;anal&oacute;gico&quot;. Ao contr&aacute;rio do que se pode pensar, o <em>anal&oacute;gico est&aacute; presente</em> em praticamente tudo aquilo que alguns tentam chamar de &quot;revolu&ccedil;&atilde;o digital&quot;. Exemplos simples de opera&ccedil;&otilde;es anal&oacute;gicas s&atilde;o o movimento do mouse, as met&aacute;foras visuais da interface de usu&aacute;rio dos computadores e celulares contempor&acirc;neos, o modo como as redes sociais simulam e ampliam a maneira como nos comunicamos pessoalmente. Os scanners, impressoras, microfones e caixas de som s&atilde;o dispositivos que propiciam a convers&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o digital em comunica&ccedil;&atilde;o anal&oacute;gica e vice-versa.</p> <p>Fen&ocirc;menos mais recentes como as <em>aplica&ccedil;&otilde;es m&oacute;veis, locativas e de realidade expandida</em> adicionam ainda novas camadas nessa composi&ccedil;&atilde;o. Pode-se dizer que a maior parte dos usos que as pessoas fazem das tecnologias digitais s&atilde;o <em>usos anal&oacute;gicos</em>. Da&iacute; que boa parte da constru&ccedil;&atilde;o do imagin&aacute;rio do digital j&aacute; come&ccedil;a equivocada, por apostar em uma oposi&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o existe.</p> <p>Ainda assim, aquilo que usualmente se define como digital costuma se referir &agrave;s implica&ccedil;&otilde;es de uma s&eacute;rie de transforma&ccedil;&otilde;es efetivas: <em>a digitaliza&ccedil;&atilde;o de comunica&ccedil;&otilde;es, cultura e entretenimento; a emerg&ecirc;ncia de redes auto-organizadas que possibilitam a coordena&ccedil;&atilde;o negociada entre pares e grupos, e gradualmente transformam rela&ccedil;&otilde;es de poder e de cria&ccedil;&atilde;o de valor; e os crescentes barateamento, portabilidade e aumento de poder de processamento dos dispositivos que d&atilde;o acesso a essas redes</em>. Pensar o digital como uma categoria espec&iacute;fica proporcionou a potencializa&ccedil;&atilde;o de ativismo online, de projetos e metodologias colaborativas e de novas ou renovadas maneiras de trabalhar. Ao mesmo tempo, possibilitou o desenvolvimento de iniciativas afirmativas que buscam equilibrar a ado&ccedil;&atilde;o das novas tecnologias de comunica&ccedil;&atilde;o e das oportunidades que trazem - por exemplo naquilo que &eacute; chamado de inclus&atilde;o digital.</p> <p>Por outro lado, o entendimento do digital como um tema em si pode levar a <em>uma s&eacute;rie de distor&ccedil;&otilde;es</em>. &Agrave; medida em que se isola o digital como uma nova realidade, os problemas que ele ocasiona passam a ser entendidos como ocorr&ecirc;ncias pontuais. E n&atilde;o o s&atilde;o. A <em>precariza&ccedil;&atilde;o </em>do trabalho em arranjos cada vez mais inst&aacute;veis e dependentes; a profunda <em>aliena&ccedil;&atilde;o</em> a respeito do impacto ambiental da vida contempor&acirc;nea, em especial como decorr&ecirc;ncia da produ&ccedil;&atilde;o e do descarte de eletr&ocirc;nicos; o surgimento de uma economia &ldquo;digital&rdquo; que &eacute; excludente, elitista, individualista, consumista e que n&atilde;o respeita a privacidade expl&iacute;cita ou impl&iacute;cita de seus usu&aacute;rios; as novas disputas sobre direito autoral e remunera&ccedil;&atilde;o de criadorxs - s&atilde;o parte de um complexo sistema pol&iacute;tico e econ&ocirc;mico global, e <em>n&atilde;o podem ser analisadas de maneira isolada</em>.</p> <p>Se queremos moldar nossos futuros coletivos, precisamos entender que <a href="http://efeefe.no-ip.org/livro/lpd/inovacao-tecnologias-livres-2">o acesso n&atilde;o &eacute; o maior problema</a>. Precisamos parar de pensar em ferramentas, e <em>voltar a ousar</em>. Precisamos que <a href="http://submidialogia.descentro.org">as ideias voltem a ser perigosas</a>. Precisamos investir em assuntos de fronteira, e experimentar para entender suas <em>implica&ccedil;&otilde;es &eacute;ticas, est&eacute;ticas, pol&iacute;ticas e administrativas</em>. Eu sustento que hoje em dia precisamos incorporar o digital como dimens&atilde;o indissoci&aacute;vel da nossa exist&ecirc;ncia. Por isso pensar o p&oacute;s-digital, entremeando o digital em todo o resto e assim esquecendo dele como inst&acirc;ncia isolada.</p> <p>Nesse sentido, eu venho tentando explorar alguns <em>temas latentes</em>, na encruzilhada entre cultura, arte, ci&ecirc;ncia, economia, educa&ccedil;&atilde;o e sociedade. Alguns exemplos s&atilde;o <em>a internet das coisas, o hardware livre, a fabrica&ccedil;&atilde;o digital dom&eacute;stica, o design aberto, a geografia experimental, as cidades inteligentes, a realidade expandida, as m&iacute;dias locativas, as aplica&ccedil;&otilde;es m&oacute;veis, a ci&ecirc;ncia comunit&aacute;ria, os hackerspaces e fablabs</em>, e diversos outros temas nessa linha. S&atilde;o todos temas que tratam essencialmente do digital, mas prop&otilde;em alguns passos adiante. De maneira quase arbitr&aacute;ria, escolhi agrup&aacute;-los ao redor de tr&ecirc;s eixos: <em>laborat&oacute;rios enredados, bricotecnologia</em> e <em>evers&atilde;o</em>.</p> <h1> Labs e Experimenta&ccedil;&atilde;o</h1> <p><a href="http://redelabs.org">Rede//Labs</a>&nbsp;&eacute; uma plataforma criada em 2010 para promover a articula&ccedil;&atilde;o entre diferentes iniciativas ligadas a medialabs e laborat&oacute;rios experimentais do Brasil e do exterior. Realizamos um levantamento, elaboramos um <a href="http://blog.redelabs.org/blog/bolsa-de-cultura-digital-experimental-documentando">edital</a> que seria lan&ccedil;ado pelo Minist&eacute;rio da Cultura (mas perdemos o timing do ano eleitoral), e organizamos um encontro nacional e um painel internacional durante o segundo F&oacute;rum da Cultura Digital, na Cinemateca Brasileira (S&atilde;o Paulo/SP).</p> <p>O levantamento partiu de um questionamento simples, mas leg&iacute;timo: se, por qu&ecirc; e como deveriam ser desenvolvidos hipot&eacute;ticos <em>laborat&oacute;rios experimentais de tecnologias</em> no Brasil dos dias de hoje. Dias em que - com toda a precariedade e instabilidade - o acesso a equipamentos e conectividade &eacute; muito maior do que quando os primeiros medialabs estadunidenses e europeus se estabeleceram, no fim do s&eacute;culo passado. Dias em que o Brasil alcan&ccedil;a alguma proje&ccedil;&atilde;o internacional e pode assumir um papel importante, em especial no uso e suporte a <em>tecnologias livres e abertas</em>.</p> <p>O levantamento indicou que laborat&oacute;rios s&atilde;o de fato desej&aacute;veis - menos por uma suposta car&ecirc;ncia de acesso a tecnologias do que pela necessidade de <em>socializa&ccedil;&atilde;o para dinamizar a criatividade</em> aplicada nelas. Ou seja, o mais importante &eacute; que os labs possibilitem a <em>troca de conhecimento e oportunidades</em>, fomentem o <em>aprendizado distribu&iacute;do</em> e incentivem a <em>descoberta</em>, e mesmo o erro, como parte fundamental do processo.</p> <p>Uma pol&iacute;tica de labs deve estar baseada na disponibiliza&ccedil;&atilde;o de metodologias, materiais e produtos com licen&ccedil;as livres. Deve buscar o <em>desenvolvimento de economias baseadas na abund&acirc;ncia e na generosidade</em> do conhecimento livre. Deve incentivar a circula&ccedil;&atilde;o e o enredamento, e buscar maneiras de financiar a criatividade aplicada que se alimenta da experimenta&ccedil;&atilde;o. Deve, como falei em <a href="http://blog.redelabs.org/blog/labs-experimentais">outro artigo</a>, <em>fazer o amanh&atilde; pensando o depois de amanh&atilde;</em>.</p> <h1> Bricotech</h1> <p>Nos dias de hoje, comunicar-se em rede &eacute; natural. Av&oacute;s octogen&aacute;rias est&atilde;o em redes sociais, senadores contratam profissionais que alimentam seus microblogs (quando n&atilde;o publicam eles mesmos), microempres&aacute;rios precisam gerenciar conta de email, site institucional, blog, loja virtual, perfil no facebook, conta no twitter e por a&iacute; vai. &Eacute; f&aacute;cil esquecer que, mais do que usar, podemos tamb&eacute;m <em>nos apropriar das tecnologias</em> de forma mais profunda e cr&iacute;tica. Por mais que a ind&uacute;stria (em especial aquela parte dela que tenta transformar a internet em um <em>jardim cercado</em>) nos queira a todos como meros usu&aacute;rios consumidores de conte&uacute;do, as partes que comp&otilde;em as tecnologias de comunica&ccedil;&atilde;o est&atilde;o a&iacute;, dispon&iacute;veis para <em>reconfigura&ccedil;&otilde;es</em>, interpreta&ccedil;&otilde;es alternativas, desvios e inova&ccedil;&otilde;es.</p> <p>Existe um tra&ccedil;o comum entre a cena maker, a <a href="http://desvio.cc/tag/gambiologia">gambiologia</a>, o DIY (fa&ccedil;a-voc&ecirc;-mesmo) e seu desdobramento no DIWO (fa&ccedil;a com outras pessoas). Um tra&ccedil;o comum entre as a&ccedil;&otilde;es que se desenvolvem em hackerspaces, o open design, a ci&ecirc;ncia de garagem e comunit&aacute;ria, o biotecnologia amadora, os projetos de hardware livre e as possibilidades (ainda n&atilde;o exploradas a fundo) do <a href="http://rede.metareciclagem.org/blog/27-08-10/O-Fen%C3%B4meno-Shanzhai">shanzhai</a>. Entre a fabrica&ccedil;&atilde;o digital, a <a href="http://rede.metareciclagem.org">MetaReciclagem</a> e o <em>upcycling</em>. Trata-se do impulso de manipular, de <em>tomar nas m&atilde;os o conhecimento tecnol&oacute;gico</em>, e utiliz&aacute;-lo como instrumento para estar no mundo. &Eacute; um posicionamento situado, pol&iacute;tico em sua <em>vontade de transforma&ccedil;&atilde;o</em>, e que tem o potencial de proporcionar uma era de inven&ccedil;&atilde;o socialmente relevante. Eu tenho chamado essas coisas de <em>bricotecnologia</em> - precisamente o ponto de contato entre a sensibilidade das m&atilde;os que sabem modificar a realidade e as mentes conectadas em rede.</p> <h1> Evertendo</h1> <p>Apontei em um <a href="http://desvio.cc/blog/evertendo-gibson">post recente</a> a refer&ecirc;ncia do verbo &quot;everter&quot;, pescado em um livro de William Gibson - autor <em>cyberpunk</em>, criador da pr&oacute;pria ideia de ciberespa&ccedil;o. O sentido que ele tenta dar ao termo &quot;evers&atilde;o&quot; &eacute; de surgimento de pontas do ciberespa&ccedil;o no &quot;mundo real&quot; - uma situa&ccedil;&atilde;o na qual se tornaria imposs&iacute;vel precisar as fronteiras entre o que est&aacute; no plano f&iacute;sico e o que est&aacute; na rede. Desde os prim&oacute;rdios do Projeto Met&aacute;:Fora, precursor da rede MetaReciclagem, a gente j&aacute; falava sobre a dificuldade de definir o que &eacute; online ou offline. Hoje em dia isso &eacute; ainda mais complexo. As redes de fato evertem. Mas que redes s&atilde;o essas?</p> <p>A internet foi criada como uma forma de <em>interconectar computadores de maneira distribu&iacute;da</em>, a partir de <em>protocolos abertos e livremente replic&aacute;veis</em>. Nos dias de hoje, estamos na imin&ecirc;ncia do surgimento de outra sorte de interconex&atilde;o: milh&otilde;es de dispositivos diferentes (sensores, atuadores, c&acirc;meras) est&atilde;o incorporando a possibilidade de comunica&ccedil;&atilde;o em rede.</p> <p>Projetos de cidades do futuro preveem a <em>disponibiliza&ccedil;&atilde;o em tempo real</em> de informa&ccedil;&atilde;o relevante: itiner&aacute;rios e hor&aacute;rios de transporte p&uacute;blico, gerenciamento de sem&aacute;foros, dados sobre consumo de energia, sensores clim&aacute;ticos e afins. Sistemas de automa&ccedil;&atilde;o dom&eacute;stica, com monitoramento remoto de interruptores, eletrodom&eacute;sticos e portas, tamb&eacute;m se tornam acess&iacute;veis. Plataformas como o <a href="http://pachube.com">Pachube</a> facilitam a agrega&ccedil;&atilde;o e circula&ccedil;&atilde;o de dados gerados por esses sistemas. Aplica&ccedil;&otilde;es locativas m&oacute;veis que <em>cruzam as redes com a malha geogr&aacute;fica</em>, jogos de realidade expandida, novas maneiras de interagir com a informa&ccedil;&atilde;o - com telas touchscreen, movimentos, gestos. S&atilde;o pontos de contato entre o local e o remoto, que transformam completamente a nossa rela&ccedil;&atilde;o com o <em>online</em>.</p> <p>Isso tudo pode levar ao surgimento do que est&aacute; sendo chamado de <em>internet das coisas</em>. Mas a tend&ecirc;ncia centralizadora da ind&uacute;stria vem interferindo na maneira como se desenvolvem essas tecnologias, o que aponta muito mais na dire&ccedil;&atilde;o de uma cole&ccedil;&atilde;o de <em>intranets </em>das coisas - espa&ccedil;os restritos e opacos, nos quais ningu&eacute;m sabe muito bem como as coisas funcionam. <a href="http://theinternetofthings.eu">Rob van Kranenburg</a> vem tentando contrapor &agrave; badalada IOT (internet das coisas) uma proposta de IOP (<em>internet das pessoas</em>), que n&atilde;o parta do princ&iacute;pio da fria interconex&atilde;o de objetos, e sim da compreens&atilde;o de que o mais importante da rede &eacute; facilitar e otimizar a sociabilidade humana.</p> <p>Como desenhar protocolos abertos e distribu&iacute;dos que garantam que essas redes sejam realmente <em>participativas e inclusivas desde o princ&iacute;pio</em>, blindadas contra interfer&ecirc;ncias governamentais, corporativas e golpistas? Mais uma vez, insisto: precisamos dar menos aten&ccedil;&atilde;o a &quot;p&aacute;ginas&quot;, &quot;conte&uacute;do&quot; e &quot;acesso&quot;; e nos concentrar mais no <em>papel que a comunica&ccedil;&atilde;o em rede pode efetivamente assumir na vida das pessoas</em>. Esquecer por um instante o digital, e lembrar por que &eacute; mesmo que queremos fazer o que estamos tentando fazer.</p> <p><em>Este artigo foi escrito com o apoio do <a href="http://www.ccebrasil.org.br/">Centro Cultural da Espanha em S&atilde;o Paulo</a>&nbsp;para a <a href="http://arquivovivo.org.br/redelabs">Plataforma Arquivo Vivo</a>.</em></p> http://desvio.cc/blog/pos-digital#comments bricolabs bricotecnologia eversão iot metareciclagem Fri, 21 Oct 2011 00:08:17 +0000 efeefe 211 at http://desvio.cc Rolê, parte 2 - velhomundo insular http://desvio.cc/blog/rol%C3%AA-parte-2-velhomundo-insular <p>Duas horinhas me levaram de Berlim &agrave; Inglaterra, em um v&ocirc;o da easyjet. Comida n&atilde;o inclu&iacute;da, fila pra pegar os melhores lugares, pouco espa&ccedil;o entre os assentos que n&atilde;o reclinam. Mas o pre&ccedil;o compensou. Desci em Liverpool, passei pela alf&acirc;ndega da maneira mais r&aacute;pida e f&aacute;cil das cinco vezes que entrei no Reino Unido. &quot;Vou participar de um evento em Manchester, fico em tal hotel&quot;. A mocinha nem pediu pra ver o convite, reserva do hotel ou quanto dinheiro eu tinha. Carimbou e desejou uma boa estada. Eu j&aacute; tinha comprado pela internet a passagem de &ocirc;nibus at&eacute; o centro de Manchester. Fui curtindo o sol estendido da primavera europeia - j&aacute; eram mais de sete e meia, e ele ainda bem acima do horizonte. Sacando o sotaque totalmente diferente daquela parte da Inglaterra - meio rasgado, mas seco - uma musicalidade diferente, mas sem terminar direito as palavras.</p> <h2>Manchester, England, England. Across the Atlantic sea...</h2> <p>A caminho de Manchester, um monte de bairros com casinhas. A estabilidade - e o t&eacute;dio - das zonas que criaram a pr&oacute;pria ideia de classe m&eacute;dia. A caminho de um dos epicentros da revolu&ccedil;&atilde;o industrial, onde Engels escreveu &quot;A situa&ccedil;&atilde;o das classes trabalhadoras na Inglaterra&quot;. Muito tijolinho vermelho, muito gramado verde e mais alguns campos amarelos de canola.</p> <p><img alt="Vão central do Britannia" align="right" src="http://farm4.static.flickr.com/3367/4616694117_def74788cf_m_d.jpg" />No centro de Manchester, apesar de o sol ter brilhado boa parte do dia, a temperatura era de 11 graus - e mais tarde ainda cairia para 7.6 graus. O Britannia &eacute; um hotel grande, em um pr&eacute;dio antigo e com um qu&ecirc; de decadente - o aquecimento do quarto n&atilde;o funcionava, a TV oscilava entre colorida e PB, e a internet era um lixo. Mas eu fiquei em um quarto no pen&uacute;ltimo andar, de frente para o sol que se punha quase &agrave;s nove da noite. E tinha banheira, e uma escadaria daquelas de filme. Sa&iacute; para bater um rango, e percebi mais uma vez como a cidade &eacute; barata em rela&ccedil;&atilde;o a Londres - comi um Chicken Tikka Masala bem servido com um pint de Ale por cinco libras e pouco. Manchester &eacute; uma cidade universit&aacute;ria - muita gente jovem na rua, um monte de bares com som e gente de v&aacute;rios lugares do mundo. Eu estava a um quarteir&atilde;o dos Piccadilly Gardens, no centro. Logo em frente descobri o <a href="http://kro.co.uk">KRO Bar</a>, com internet gr&aacute;tis e confi&aacute;vel, onde voltaria quase todo dia.</p> <p><img alt="Contact Theatre" align="right" src="http://farm5.static.flickr.com/4011/4616731155_9016cb902a_m_d.jpg" />No dia seguinte, fui visitar o arc Space (relato completo <a href="http://rede.metareciclagem.org/blog/25-05-10/Duas-conversas-em-Manchester">aqui</a>). Na sa&iacute;da, Vicky me apresentou na rua para Franco, um senhor italiano reputado como anarquista que alguns dias depois me mandou alguns DVDs selecionados. Encontrei uma lavanderia e dei umas voltas pela cidade, sem muito compromisso. Tentei at&eacute; ir &agrave; abertura da exposi&ccedil;&atilde;o <a href="http://www.futureeverything.org/art/serendipitycity">Serendipity City</a>, mas eles encerraram exatamente no hor&aacute;rio previsto (21hs). A pontualidade brit&acirc;nica funciona na entrada e na sa&iacute;da. De volta ao hotel, percebi que eles tinham resolvido a falha do aquecimento - trouxeram um aquecedor el&eacute;trico. Dormi melhor nessa noite. Pela manh&atilde;, fui para o Contact Theatre, n&oacute; principal do <a href="http://www.futureeverything.org/">Future Everything</a>, para uma conversa com Vicky Sinclair e Russel Clifton (que tamb&eacute;m relatei <a href="http://rede.metareciclagem.org/blog/25-05-10/Duas-conversas-em-Manchester">aqui</a>). O <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/glonet2010 ">GloNet</a> (evento enredado global) do Future Everything j&aacute; estava rolando. Assisti a alguns peda&ccedil;os, depois desci pra almo&ccedil;ar no caf&eacute;. &Agrave; tarde rolou a sess&atilde;o remota com S&atilde;o Paulo, que relatei com mais detalhes <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/futuro-tudo">aqui</a>.</p> <p><img alt="Monitored Landscape No. 16" align="right" src="http://farm5.static.flickr.com/4060/4617343880_4d2e6c81a5_m_d.jpg" />No fim da tarde, dei uma passada pela exposi&ccedil;&atilde;o <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu">CU</a> (:P), curada pela Contents may vary no Copperface Jacks, subsolo do The Palace Hotel. Algumas pe&ccedil;as bem interessantes ali, talvez mais ainda pelo contraste com o cen&aacute;rio de pub. Gostei da <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/monitoredlandscape">Monitored Landscape No. 16</a>, do <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/thinkingthroughmethod">Thinking Through Method (Cooper)</a>, do <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/deathcallsthetune">Death Calls the Tune</a>, do <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/imataperecordermaniac">I'm a Tape Recorder Maniac!</a>, do <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/organisedsound">Organised Sound</a> e do <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/resonantqueue">Resonant Queue</a>. Mais sobre a exposi&ccedil;&atilde;o, <a href="http://www.axisweb.org/dlForum.aspx?ESSAYID=18094">aqui</a>. N&atilde;o resisti e peguei na sa&iacute;da um bottom com o nome da exposi&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Na sexta-feira pela manh&atilde;, cheguei no meio do painel &quot;<a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cities_of_insurrection">cities of insurrection</a>&quot;, mas sa&iacute; logo. Encontrei Stephen Kovats, organizador da <a href="http://transmediale.de">Transmediale</a> de Berlim, e meu amigo <a href="http://translocal.net">Tapio Makela</a> no caf&eacute;. Stephen me deu uma c&oacute;pia impressa do livro <a href="http://en.flossmanuals.net/collaborativefutures/">collaborative futures</a>. Depois pulei para a sess&atilde;o &quot;<a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/Doing_it_together">doing it together</a>&quot;, que come&ccedil;ou justamente com <a href="http://www.mushon.com/">Mushon Zer-Aviv</a>, um dos autores do livro. Fiz algumas anota&ccedil;&otilde;es durante o debate:</p> <p><strong><a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2185">Mushon</a></strong></p> <ul> <li>C&oacute;digo e wikipedia t&ecirc;m fundamentos racionais. O design n&atilde;o.</li> <li>As pessoas costumam entender colabora&ccedil;&atilde;o como &quot;colocar as coisas online&quot;.</li> <li>Cultura livre &eacute; abrir, software livre &eacute; colaborar.</li> </ul> <ul> <li><a href="http://www.shiftspace.org/">Shiftspace</a></li> <li>Quando for poss&iacute;vel, codificar e usar sistemas de controle de vers&atilde;o.</li> <li>Publicar os arquivos master. Por exemplo, usando o dropbox.</li> </ul> <p>Codificando:</p> <ol> <li>pesquisa enredada;</li> <li>linguagem extens&iacute;vel;</li> <li>documentar a linguagem.</li> </ol> <p>A apresenta&ccedil;&atilde;o do Mushon est&aacute; online: <a href="http://github.com/mushon/osd-presentation">http://github.com/mushon/osd-presentation</a></p> <p>Escalar a subjetividade n&atilde;o &eacute; uma quest&atilde;o nova. Sempre vai dar errado. Deixar a op&ccedil;&atilde;o para forking.</p> <p>Falou mal de patentes, disse que temos que trabalhar mesmo para oferecer alternativas &agrave; apple.</p> <p>O debate continuou com <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2201"><strong>Alexandra Deschamps-Sonsino</strong></a>&nbsp;(<a href="http://www.designswarm.com/">portfolio</a>), da <a href="http://tinkerlondon.com">Tinker London</a>.&nbsp;Depois descobri que ela tinha estado tamb&eacute;m na <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/lift-10-metareciclagem-futuros-conectados-no-brasil">Lift</a>, apresentando o projeto <a href="http://www.homesenseproject.com/">Homesense</a>. Ela come&ccedil;ou falando um pouco sobre as mudan&ccedil;as no design de produtos desde a &eacute;poca em que estava na faculdade. Mais anota&ccedil;&otilde;es abaixo:</p> <ul> <li>Hardware livre.</li> <li>O horizonte do design est&aacute; mudando.</li> <li>V&iacute;deo: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=PeScmRwzQho">intro do arduino</a></li> <li>estudantes, artistas, hackers, publicit&aacute;rios, pesquisa &amp; desenvolvimento est&atilde;o usando hardware livre</li> <li>Projetos interessantes com hardware livre: <a href="http://www.botanicalls.com/ ">botanicalls</a>, <a href="http://kickbee.net/ ">kickbee</a>, <a href="http://todbot.com/blog/2006/10/23/diy-ambient-orb-with-arduino-update/ ">ambient orb</a>, <a href="http://www.mcqn.com/bubblino">bubblino</a></li> <li><a href="http://joindiaspora.com/project.html">Diaspora</a>.</li> </ul> <p>Projeto dela: <a href="http://www.homesenseproject.com/">homesense</a>. Inova&ccedil;&atilde;o dentro de casa - criar novos produtos. Desenvolvido em parceria com uma <a href="http://www.edf.fr/the-edf-offers/edf-fr-home-200420.html#Home">grande empresa de energia</a>.</p> <p>Iphones e afins t&ecirc;m sucesso por que s&atilde;o desej&aacute;veis. se come&ccedil;armos a criar produtos e servi&ccedil;os desej&aacute;veis, isso pode mudar.</p> <p><strong>Quest&otilde;es</strong></p> <p>Mushon: as pessoas querem ser dominadas. anarquismo &eacute; inspirador, mas complicado.</p> <p>Em seguida, <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2218"><strong>Alison Powell</strong></a> falou sobre o papel da m&iacute;dia e dos caf&eacute;s na cria&ccedil;&atilde;o de uma esfera p&uacute;blica ao longo dos &uacute;ltimos s&eacute;culos, e questionou sobre como isso se articula com as redes hoje em dia. Eu precisei responder alguns emails importantes e acabei perdendo boa parte da apresenta&ccedil;&atilde;o dela, infelizmente.</p> <p>Durante o debate, um camarada sentado ao meu lado me ajudou a conectar a fonte do meu laptop. Depois ainda conversamos um pouco sobre nossos computadores (ele tinha um EEE 701). S&oacute; depois que o debate acabou foi que nos descobrimos: ele era <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2218">Brian Degger</a>, que conversou comigo pela lista <a href="http://bricolabs.net">Bricolabs</a> avisando que estaria no Future Everything. Brian est&aacute; envolvido com alguns projetos muito interessantes de ci&ecirc;ncia de garagem, e vai participar do <a href="http://medialab-prado.es/article/interactivos_ciencia_de_barrio">Interactivos?</a> em Madrid daqui a duas semanas.&nbsp;</p> <p>No hor&aacute;rio do almo&ccedil;o, sa&iacute; para dar outra volta pela cidade. Voltei mais tarde para o painel <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/Ludic_interfaces">Interfaces L&uacute;dicas</a>. Cheguei a tempo de pegar a apresenta&ccedil;&atilde;o do <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2257"><strong>Tapio</strong></a>:</p> <ul> <li>Ben Schneidermann - designing the human interface</li> <li>ideias de interface costumavam ser muito baseadas nas telas. tapio levanta a quest&atilde;o sobre as interfaces no mundo real.</li> <li>as modalidades l&uacute;dicas mudam com novas tecnologias. videoativismo nos anos sessenta. media van. ant farm collective.</li> <li>yes men - l&uacute;dico, mas como descrever o aspecto da interface?</li> <li>locative media. blast theory / proboscis. play pode se mudar da tela para vizinhan&ccedil;as orientadas a objetos.</li> <li>o papel da ambiguidade no design. coisas l&uacute;dicas t&ecirc;m a ver com ambiguidade e n&atilde;o-intencionalidade.</li> <li>feral robots.</li> <li><a href="http://hehe.org2.free.fr/?language=fr">Nuage Vert</a></li> <li><a href="http://socialtapestries.net/snout/">Snout</a></li> <li><a href="http://www.gpsdrawing.com/">Performance l&uacute;dica e absurda com tecnologia</a></li> </ul> <p>Depois dele, <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2310"><strong>Margarete Jahrmann</strong></a> falou sobre a <a href="http://www.ludic-society.net/">Ludic Society</a></p> <p>Depois ainda dei um pulo no debate sobre <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/New_creactivity">Nova Criatividade</a>, onde falava a incr&iacute;vel <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2203">Anab Jain</a>, do <a href="http://www.superflux.in/">Superflux</a>. Para ela, &quot;Atrav&eacute;s de conflitos e tens&otilde;es, boas coisas podem emergir&quot;.</p> <p>Olhando pra tr&aacute;s, mais algumas notas sobre o Future Everything:</p> <ul> <li>os temas do festival e da confer&ecirc;ncia acertaram em cheio algumas quest&otilde;es muito presentes: eventos distribu&iacute;dos, open data, urbanismo experimental, serendipidade, conectividade ilimitada, prototipagem e fablabs. Nesse sentido, continua sendo um evento que me faz aprender bastante. Eu tenho a sensa&ccedil;&atilde;o de que ele n&atilde;o perde muito tempo dourando a p&iacute;lula, tentando criar um clima de abstra&ccedil;&atilde;o conceitual em cima - e nesse sentido &eacute; um evento bastante t&aacute;tico, contrastando com v&aacute;rios outros onde a abstra&ccedil;&atilde;o chega &agrave;queles n&iacute;veis em que uma bula &eacute; necess&aacute;ria para decodificar qualquer coisa. V&atilde;o os meus parab&eacute;ns para o Drew Hemment e sua equipe.</li> <li>a revista digital dialogue fez uma <a href="http://www.axisweb.org/dlForum.aspx?ESSAYID=18093">edi&ccedil;&atilde;o especial</a> sobre o festival. Gostei da ideia. Quem sabe a gente n&atilde;o faz o mesmo com o <a href="http://mutirao.metareciclagem.org">Mutir&atilde;o</a> algum dia.</li> <li>como j&aacute; comentei em <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/futuro-tudo">outro post</a>, eu fiquei bastante tempo brincando com o <a href="http://createdigitalmusic.com/2009/06/22/maker-faire-music-moldover%E2%80%99s-syncomasher-live-electronica-controllerism-for-everyone/">syncomasher</a> do <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2135">Moldover</a>.</li> <li>A Glonet funcionou muito bem. Palmas para o <a href="http://www.distancelab.org/">Distance Lab</a>. Eu n&atilde;o cheguei a testar as <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/glonet2010/talkingboxes">Talking Boxes</a> deles, mas vi gente usando e achei bem interessante.</li> <li>Eu tinha que ir pra Londres para encontrar uma galera no s&aacute;bado, ent&atilde;o acabei perdendo o <a href="http://www.futureeverything.org/art/playeverything">Play everything</a>... uma pena, mas fica pra pr&oacute;xima.</li> </ul> <h2>Londinium</h2> <p>Sabad&atilde;o, em duas horinhas de trem, cheguei a Londres. Trem com poltrona confort&aacute;vel, mesa e at&eacute; - se eu quisesse pagar seis libras para uma hora - conex&atilde;o wi-fi &agrave; internet. Fui direto para Walthamstow, deixar as coisas na casa dxs amigxs que me hospedariam. Walthamstow &eacute; um bairro meio afastado, no leste de Londres - E17, pra quem conhece o zoneamento por l&aacute;. Um bairro interessante, cheio de imigrantes de toda parte. O bairro tamb&eacute;m tem o Walthamstow Market - o mercado mais extenso da Europa, com nem me lembro quantos quil&ocirc;metros. Logo no comecinho do mercado, uma cena divertida - um astronauta/ET <a href="http://gambiologia.net">gambi&oacute;logo</a>, cheio de dispositivos eletr&ocirc;nicos, fazia m&uacute;sica. Era quase uma gatorra vest&iacute;vel! Vou subir o v&iacute;deo no youtube nos pr&oacute;ximos dias, depois incorporo aqui embaixo.</p> <p><img alt="Astronauta gambiológico" src="http://farm5.static.flickr.com/4007/4617367182_aee656f786_d.jpg" /></p> <p>No domingo, almocei em Brick Lane com o pessoal e <a href="http://www.lml.lse.ac.uk/">Rob van Kranenburg</a>. Ele me perguntou &quot;o que a gente precisa fazer agora?&quot; em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; rede Bricolabs <a href="http://bricolabs.net" title="http://bricolabs.net">http://bricolabs.net</a>. Eu respondi &quot;nada. vamos deixar as coisas aparecerem&quot;. Acho que ele concordou. Mais tarde, tive uma reuni&atilde;o interessante articulada pela Vicky, com o Peter Forrest do <a href="http://tgl.tv/">TGL</a> e uma pessoa que queria saber mais sobre o Brasil para aconselhar um poss&iacute;vel projeto de sustentabilidade e cidades. Participaram tamb&eacute;m da reuni&atilde;o os diretores do <a href="http://www.globalactionplan.com/">Global Action Plan</a> e da <a href="http://www.uia.be/">UIA</a> - e o assistente deles, que &eacute; brasileiro.</p> <p>Na segunda-feira pela manh&atilde;, estive no <a href="http://www.lml.lse.ac.uk/">London Media Lab</a>, comandado por Patrick Humphreys. Ele havia convidado integrantes da Bricolabs que estavam em Londres para uma conversa. Al&eacute;m de mim, estavam Vicky Sinclair, a italiana Francesca Bria, Rob van Kranenburg e o pr&oacute;prio Patrick. Conversamos por algumas horas - gravei tudo e vou publicar trechos interessantes assim que tiver tempo.</p> <p>No dia seguinte, passei rapidamente pelo espa&ccedil;o que est&aacute; expondo obras de <a href="http://zoebenbow.co.uk/">Zoe Benbow</a>, companheira de <a href="http://roblafrenais.wordpress.com/">Rob La Frenais</a> - que infelizmente n&atilde;o pode estar presente, porque sua m&atilde;e estava enferma. <a href="http://www.boundaryobject.org/">Bronac Ferran</a> tamb&eacute;m estava por l&aacute;, e fomos para um pub conversar sobre o Brasil, a China, microestruturas e outras coisas.</p> <p>Fiquei mais um dia e meio em Londres, fazendo um pouco de turismo e passeando com a fam&iacute;lia. Fui mais uma vez ao sebo logo na entrada de Notting Hill onde j&aacute; fui algumas vezes. Lembrei muito do meu irm&atilde;o de vida <a href="http://twitter.com/dpadua">Dpadua</a>. Acho que foi ele que me fez perceber um segundo antes de ir embora que tinha um livrinho do Alan Moore sobre como escrever para quadrinhos. Comprei. Ainda n&atilde;o li, vou guardar para um dia inspirado.</p> http://desvio.cc/blog/rol%C3%AA-parte-2-velhomundo-insular#comments bricolabs eventos future everything londres manchester trip Thu, 27 May 2010 23:42:52 +0000 efeefe 169 at http://desvio.cc Mexendo a rede http://desvio.cc/blog/mexendo-rede <p><img src="http://farm3.static.flickr.com/2595/3912888197_7c4a5e6c69.jpg" alt="efeefe no Bailux - Foto Daniel Pádua" /></p> <p>Aproveitei a realiza&ccedil;&atilde;o do <a href="http://rede.metareciclagem.org/conectaz/Encontr%C3%A3o-Transdimensional-de-MetaReciclagem-Bailux-Party">Encontr&atilde;o Transdimensional de MetaReciclagem</a> (relato <a href="http://rede.metareciclagem.org/blog/17-09-09/Encontrão-resumão">l&aacute;</a>), em Arraial d'Ajuda, para me aprofundar um pouco mais em possibilidades do que chamei aqui no <a href="http://desvio.weblab.tk">Desvio</a> de <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/sem-fio-plataforma-et%C3%A9rea">Plataforma Et&eacute;rea</a>. Al&eacute;m de uma pequena demonstra&ccedil;&atilde;o de s&iacute;ntese de voz no bailux (foto de <a href="http://www.flickr.com/photos/imaginarios">Daniel P&aacute;dua</a>, acima), passei uma tarde mexendo no sistema da <a href="http://rede.metareciclagem.org/wiki/Alix3d3">Alix</a>, instalando servi&ccedil;os locais. No outro dia, levei em frente uma mini-oficina de redes mesh (na verdade, mais uma demonstra&ccedil;&atilde;o de possibilidades do que qualquer coisa).</p> <p>Pra dar conta dos resultados simb&oacute;licos, vou precisar ir al&eacute;m do mero <a href="http://rede.metareciclagem.org/blog/17-09-09/Redes-mesh-no-Encontr%C3%A3o">relato factual</a> do que rolou. Senti ali um cheiro de possibilidades bem interessantes, ressuscitando (at&eacute; de maneira um pouco nost&aacute;lgica) a sensa&ccedil;&atilde;o de comunidade dos BBSs, misturando <a href="http://robvankranenburgs.wordpress.com/2007/01/20/so-here-we-go-bricolabs-bringing-to-you-generic-infrastructures/">infra-estruturas gen&eacute;ricas</a> com servi&ccedil;os de rede ultra-locais, e at&eacute; repercutindo em possibilidades para lugares tur&iacute;sticos como Arraial (um exemplo bem superficial:&nbsp;fazer turistas compartilharem fotos, v&iacute;deos ou dicas com seus iphones, ou ent&atilde;o indo por outro lado: oferecer para turistas cart&otilde;es postais feitos por pessoas da cidade, ou m&uacute;sica de bandas locais, ou, ou, ou). Distribui&ccedil;&atilde;o de m&iacute;dia diretamente entre pessoas. Servidor de r&aacute;dio web rodando numa rede local, deixando todo mundo conversar. voip, <a href="http://bricophone.org">bricophones</a> e uma infinidade de possibilidades.</p> <p>Mas vou parar depois pra escrever direito sobre tudo isso.</p> http://desvio.cc/blog/mexendo-rede#comments bricolabs metareciclagem wireless Thu, 17 Sep 2009 23:14:59 +0000 efeefe 71 at http://desvio.cc Acampamento de inverno http://desvio.cc/blog/acampamento-de-inverno <p><img align="right" src="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp/files/2009/07/picture-1-214x300.png" alt="Capa do Relatório" />Em mar&ccedil;o deste ano o <a href="http://networkcultures.org">Institute of Network Cultures</a> realizou o <a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp/">Wintercamp</a>, em Amsterdam. O evento, baseado no referencial de &quot;<a href="http://journal.fibreculture.org/issue5/lovink_rossiter.html">redes organizadas</a>&quot; de Ned Rossiter e Geert Lovink, tinha por objetivo reunir 12 redes colaborativas de diferentes partes do mundo, oferecer espa&ccedil;o para elas trabalharem por alguns dias e criar alguns cruzamentos entre elas.</p> <p>Eu fui convidado por ser um dos fundadores da rede <a href="http://bricolabs.net">Bricolabs</a>. Os dias l&aacute; foram bastante produtivos, n&atilde;o s&oacute; dentro do espa&ccedil;o da bricolabs (cujos integrantes estavam tamb&eacute;m espalhados entre as outras redes). Relatei minha participa&ccedil;&atilde;o <a href="http://efeefe.no-ip.org/tag/wintercamp">no meu blog</a>.</p> <p>A wintercamp gerou uma boa quantidade de documenta&ccedil;&atilde;o online, como era de se esperar. O chamado metagroup realizou uma s&eacute;rie de entrevistas com integrantes das diferentes redes (dispon&iacute;veis <a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp/videos/">aqui</a>, recomendo bastante). Um dos pontos altos da participa&ccedil;&atilde;o dos Bricolabs foi a <a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp/2009/03/09/final-day-presentation-bricolabs/">apresenta&ccedil;&atilde;o final</a>, que de forma meio ca&oacute;tica propunha uma cr&iacute;tica ao formato do evento, que por mais que tenha dado espa&ccedil;o a redes distribu&iacute;das manteve uma estrutura de cima para baixo nas apresenta&ccedil;&otilde;es. A base da apresenta&ccedil;&atilde;o foi a pergunta &quot;where is our leader&quot;? De fato, Rob van Kranenburg, que havia liderado as sess&otilde;es, tinha ido embora no pen&uacute;ltimo dia.</p> <p>Na semana passada recebi o aviso de que um report do wintercamp estava editado e <a href="http://networkcultures.org/wpmu/wintercamp/2009/07/03/report/">dispon&iacute;vel para download</a>. Estou baixando aqui e vou deixar na minha lista de coisas &quot;pal&ecirc;&quot;. Estou curioso para saber se todas as conversas repecutiram em alguma coisa.</p> http://desvio.cc/blog/acampamento-de-inverno#comments bricolabs eventos holanda intercâmbio Wed, 08 Jul 2009 20:05:36 +0000 efeefe 21 at http://desvio.cc