brasil http://desvio.cc/taxonomy/term/27/all pt-br Antropofagia, tropicalismo, remix http://desvio.cc/blog/antropofagia-tropicalismo-remix <blockquote> <p>&quot;A economia das redes, das rela&ccedil;&otilde;es p&oacute;s nacionais, dos novos territ&oacute;rios afetivos e produtivos, parece nos mostrar uma esp&eacute;cie de brasiliza&ccedil;&atilde;o do planeta, tanto no que pode haver de clich&ecirc; quanto de potente nesta express&atilde;o. A antropofagia surge como a &uacute;nica paz poss&iacute;vel neste ambiente de diferen&ccedil;as que aparecem como nas imagens do tropicalismo: a 'gel&eacute;ia geral brasileira' vira a 'gel&eacute;ia geral global'. A antropofagia &eacute; assim a paz constru&iacute;da a partir da pot&ecirc;ncia, da singularidade, e n&atilde;o da ren&uacute;ncia e do medo.</p> <p>Um movimento que no Brasil propriamente dito tem a ver com a ascens&atilde;o social de milh&otilde;es de pobres que vimos nos &uacute;ltimos anos, com a maneira como a antropofagia se radicaliza numa inventividade de remix que explode qualquer limite poss&iacute;vel do &ldquo;campo da cultura&rdquo; ou da &ldquo;classe art&iacute;stica&rdquo;, e faz a criatividade atravessar a vida social de uma tal forma que v&aacute;rias novas possibilidades econ&ocirc;micas, e v&aacute;rias novas formas de rela&ccedil;&atilde;o entre trabalho e vida, aparecem a partir da&iacute;.&quot;</p> </blockquote> <p>Uma entre muitas ideias interessantes no artigo &quot;<a href="http://www.universidadenomade.org.br/?q=node/121">De Caetanos, cotas e passeatas contra guitarras</a>&quot;, no site da Universidade N&ocirc;made. Dica de <a href="http://twitter.com/#!/beppo22">Giuseppe Cocco</a>. Lembrei do Viveiros de Castro: <a href="http://desvio.cc/blog/tudo-e-brasil">Tudo &eacute; Brasil</a>. E da <a href="/tag/gambiologia">gambiologia</a>, claro.</p> http://desvio.cc/blog/antropofagia-tropicalismo-remix#comments brasil cultura digital gambiologia mincc remix tropicalismo Mon, 04 Apr 2011 18:24:45 +0000 efeefe 198 at http://desvio.cc Arte Hackeamento http://desvio.cc/blog/arte-hackeamento <p>&nbsp;Daniel Hora defende essa semana sua disserta&ccedil;&atilde;o de mestrado sobre <a href="http://danielhora.wordpress.com/2010/03/19/dissertacao-de-mestrado/">Arte Hackeamento</a>. Um dos focos da pesquisa &eacute; a rede <a href="http://rede.metareciclagem.org">MetaReciclagem</a> e por tabela o Desvio. J&aacute; dei uma passada de olhos na <a href="http://danielhora.wordpress.com/2010/03/19/dissertacao-de-mestrado/">disserta&ccedil;&atilde;o</a>, e pretendo ler nas pr&oacute;ximas semanas. Enquanto isso, desejamos ao Daniel boa sorte na defesa!</p> http://desvio.cc/blog/arte-hackeamento#comments academia brasil gambiologia mestrado metareciclagem Mon, 22 Mar 2010 18:08:15 +0000 efeefe 152 at http://desvio.cc Gambiarra - criatividade tática http://desvio.cc/blog/gambiarra-criatividade-t%C3%A1tica <p><em>Por Felipe Fonseca e Hernani Dimantas</em></p> <blockquote>Mandamos esse texto para a publica&ccedil;&atilde;o do <a href="http://paralelo.wikidot.com/">Paralelo</a>, evento que <a href="http://efeefe.no-ip.org/tag/paralelo">aconteceu</a> em mar&ccedil;o/abril de 2009 em S&atilde;o Paulo. Devem sair uma vers&atilde;o impressa e uma POD (print-on-demand) nos pr&oacute;ximos meses.</blockquote> <p>A gambiarra aparece como a arte de fazer. A re-exist&ecirc;ncia do fa&ccedil;a-voc&ecirc;-mesmo. Sem todo o ferramental, sem os argumentos apropriados, mas com o conhecimento acumulado pelas gera&ccedil;&otilde;es. Fazer para modificar o mundo. Um contraponto ao empreendedor selvagem. Fazer para transformar aquilo que era in&uacute;til num movimento ascendente de criatividade. A inova&ccedil;&atilde;o est&aacute; presente no DNA p&oacute;s-moderno, no p&oacute;s-humano. Numa vida gasosa. Abrimos aqui par&ecirc;nteses para fazer uma cr&iacute;tica ao Bauman com suas diversas modernidades l&iacute;quidas. O l&iacute;quido se acomoda ao recipiente. Seja um copo, um vaso ou apenas a terra contra a qual o oceano se deixa existir. O gasoso flui no espa&ccedil;o, no tempo e no ser em exist&ecirc;ncia. N&atilde;o s&oacute; l&iacute;quida ou gasosa, a p&oacute;s-modernidade &eacute; a multiplicidade de estados que se misturam, na conflu&ecirc;ncia da Ipiranga com a S&atilde;o Jo&atilde;o, na co-exist&ecirc;ncia de todos os n&iacute;veis de desenvolvimento econ&ocirc;mico e tecnol&oacute;gico. Uma gambiarra que remixa, modifica, transforma e se mistura. Tra&ccedil;o comum da inventividade cotidiana, do improviso, da descoberta espont&acirc;nea, da transforma&ccedil;&atilde;o de realidades a partir da multiplicidade de usos. O mais trivial dos objetos, lotado de usos potenciais: na solu&ccedil;&atilde;o de problemas, no ornamento improvisado, na reinven&ccedil;&atilde;o pura e simples. O potencial de desvio e reinterpreta&ccedil;&atilde;o em cada uso. A inova&ccedil;&atilde;o t&aacute;tica, acontecendo no dia a dia, em toda parte.</p> <p>Gambiarra &eacute; um termo em portugu&ecirc;s que no dicion&aacute;rio denota uma extens&atilde;o el&eacute;trica, mas ali no mundo real adotou (naturalmente?) outro significado ao qual s&oacute; podemos tentar aproxima&ccedil;&otilde;es: improviso, solu&ccedil;&atilde;o tempor&aacute;ria, bricolage, desconstru&ccedil;&atilde;o, precariedade. &Eacute; tida como consequ&ecirc;ncia de uma sociedade ainda n&atilde;o totalmente amadurecida: como n&atilde;o temos as estruturas apropriadas, as ferramentas adequadas, os profissionais especializados (ou o dinheiro para contrat&aacute;-los), a gente improvisa. Desloca a finalidade desse e desse objeto, soluciona as coisas por algum tempo, e assim vai levando.</p> <p>Mas a gambiarra &eacute; muito mais do que isso. O ideal de sociedade hiper-especializada, com conhecimento compartimentado, guardado em gavetinhas e vendido em embalagens brilhantes, j&aacute; deu sinais de esgotamento. A acelera&ccedil;&atilde;o da acelera&ccedil;&atilde;o do crescimento econ&ocirc;mico j&aacute; come&ccedil;ou a vacilar (e nem vamos falar em crise, ok?). O modelo de desenvolvimento do s&eacute;culo XX n&atilde;o fechou a conta: os pa&iacute;ses ricos n&atilde;o conseguiram integrar as popula&ccedil;&otilde;es de imigrantes, criaram uma sensa&ccedil;&atilde;o de estabilidade e prosperidade totalmente ilus&oacute;ria, transformaram toda produ&ccedil;&atilde;o cultural e toda solu&ccedil;&atilde;o de problemas em com&eacute;rcio. Em nome do pleno emprego e de uma sociedade totalmente funcional, as pessoas comuns perderam uma habilidade essencial: a de identificar problemas, analisar os recursos dispon&iacute;veis e com eles criar solu&ccedil;&otilde;es. Em vez de usar a criatividade para resolver problemas, as pessoas pegam o telefone e o cart&atilde;o de cr&eacute;dito. Todos v&iacute;timas da l&oacute;gica do SAC!</p> <p>Esse movimento embute a semente de sua pr&oacute;pria rea&ccedil;&atilde;o. O fa&ccedil;a-voc&ecirc;-mesmo &eacute; a sequela dele. As novas gera&ccedil;&otilde;es assumem a necessidade de a&ccedil;&atilde;o. N&atilde;o d&aacute; para ficar com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar. H&aacute; que se fazer a diferen&ccedil;a. Mesmo nos pa&iacute;ses ricos e nos centros urbanos brasileiros, a repress&atilde;o ao impulso inventivo cotidiano causa uma insatisfa&ccedil;&atilde;o que acaba sendo canalizada para atividades criativas. Inventores e inventoras em potencial buscam reconhecimento e troca em seus pares, e a gambiarra renasce. A entrada das novas tecnologias nos tem aberto alguns espa&ccedil;os. As pessoas est&atilde;o cada vez mais construindo atalhos para a participa&ccedil;&atilde;o em rede. Grupos de afinidade se encontrando para organizar hacklabs, iniciativas fa&ccedil;a-voc&ecirc;-mesmo, software livre, rob&oacute;tica de baixo custo, hardware aberto e experimentos de diversas naturezas. Nesse sentido, a gambiarra, nosso tra&ccedil;o t&atilde;o brasileiro da gambiarra, n&atilde;o &eacute; atraso ou inadequa&ccedil;&atilde;o, mas sim um aviso e um apelo ao mundo: desenvolvam essa habilidade essencial, e a sensibilidade que ela exige em rela&ccedil;&atilde;o a objetos e usos. N&atilde;o se alienem de sua criatividade! N&atilde;o acreditem nas estruturas do mundo ocidental que querem transformar a criatividade (as &quot;ind&uacute;strias criativas&quot; e todas as suas fal&aacute;cias) em nada mais que um setor da economia, restrito e regulamentado. Criatividade n&atilde;o se trata de submiss&atilde;o individual ao mercado &quot;criativo&quot; que tudo transforma em produto, mas do est&iacute;mulo &agrave; capacidade de inven&ccedil;&atilde;o em todas as &aacute;reas.</p> <p>A gambiarra ainda n&atilde;o virou produto. Precisamos resistir a isso. Nosso esp&iacute;rito antropof&aacute;gico facilita, mas as tenta&ccedil;&atilde;o de uma sociedade plenamente consumista est&atilde;o sempre na esquina (ali na frente do shopping center, pra ser exato). Curiosamente, n&atilde;o &eacute; a precariza&ccedil;&atilde;o das pontas que faz do mundo globalizado uma amea&ccedil;a para a gambiarra. O perigo &eacute; justamente o outro lado: traz o espectro de um tipo burro de desenvolvimento para os quase-desenvolvidos. N&atilde;o podemos acreditar demais no sonho civilizado de uma sociedade em que toda aplica&ccedil;&atilde;o de conhecimento vira consumo, porque isso destr&oacute;i o potencial de cria&ccedil;&atilde;o nas pontas que vai ser cada vez mais importante.</p> <p>Da mesma forma, &eacute; tamb&eacute;m fundamental questionar o uso de um referencial da gambiarra como mero instrumento de renova&ccedil;&atilde;o est&eacute;tica, sem tratar desse aspecto importante de entender a criatividade como processo distribu&iacute;do e transformador. Fica no ar a pergunta de Aracy Amaral citada em <a href="http://netart.incubadora.fapesp.br/portal/Members/julmonachesi/2005/rumos2">artigo</a> de Juliana Monachesi questionando a chamada &quot;est&eacute;tica da gambiarra&quot; na mostra Rumos Artes Visuais 2005-2006 &ndash; Paradoxos Brasil: &quot;Seria uma circunst&acirc;ncia necess&aacute;ria com que os artistas brasileiros se deparam para produzir ou trabalhar com o descarte tornou-se um maneirismo?&rdquo;. A gambiarra n&atilde;o pode ser mero ornamento formal para ocupar galerias - para desenvolver toda sua pot&ecirc;ncia precisa ser legitimada, perder a aura de atraso e envolver cada vez mais gente na perspectiva de criatividade t&aacute;tica. Essas s&atilde;o as bases da Gambiologia. N&atilde;o pretendemos um elogio da precariedade, do que &eacute; abaixo do ideal, daquilo que est&aacute; aqu&eacute;m. N&atilde;o, estamos atuando e construindo um mundo em que toda condi&ccedil;&atilde;o &eacute; vista como abund&acirc;ncia. Com o espectro da inven&ccedil;&atilde;o latente no dia a dia, qualquer problema &eacute; pequeno. Basta exercitar o olhar.</p> http://desvio.cc/blog/gambiarra-criatividade-t%C3%A1tica#comments brasil gambiologia metareciclagem Wed, 14 Oct 2009 15:44:53 +0000 efeefe 81 at http://desvio.cc Tudo é Brasil http://desvio.cc/blog/tudo-%C3%A9-brasil <p><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_Viveiros_de_Castro">Eduardo Viveiros de Castro</a>, no livro <a href="http://culturadigital.br/blog/2009/09/26/baixe-o-livro-culturadigital-br/">CulturaDigital.br</a> (pp. 83-84):</p> <blockquote>&quot;Outro dia, conversando com amigos, algu&eacute;m falava sobre como o capitalismo tinha mudado no mundo todo, sobre o sistema de controle da m&atilde;o-de-obra do capitalismo moderno, a precariza&ccedil;&atilde;o, informaliza&ccedil;&atilde;o etc. E a&iacute; algu&eacute;m lembrou que isso <em>sempre existiu no Brasil</em>. E eu fiquei pensando, sempre disseram que o Brasil era o pa&iacute;s do futuro, iria ser o grande pa&iacute;s do futuro. Coisa nenhuma, o futuro &eacute; que virou Brasil. O Brasil n&atilde;o chegou ao futuro, foi o contr&aacute;rio. Para o bem ou para o mal, agora tudo &eacute; Brasil.<br /> </blockquote><blockquote>(...) Esse debate &eacute; na verdade uma estrutura de longa dura&ccedil;&atilde;o na cultura brasileira. O governo atual, por exemplo, est&aacute; dividido ao meio, porque h&aacute; dois projetos chamados de &ldquo;nacionais&rdquo;. Um &eacute; o projeto nacional cl&aacute;ssico, no mau sentido da palavra, que &eacute; o de inventar (ou descobrir) essa coisa chamada de &ldquo;identidade nacional&rdquo;. O outro projeto &eacute; o que eu chamaria de &ldquo;n&oacute;s temos que desinventar o Brasil&rdquo;. &Eacute; um projeto mais internacional, que troca o &ldquo;s&oacute; n&oacute;s, viva o Brasil&rdquo;, pelo <em>&ldquo;tudo &eacute; Brasil</em>&rdquo; de que eu estava falando. Porque o mundo j&aacute; &eacute; o Brasil, e esta quest&atilde;o j&aacute; acabou, digamos assim... Uma frase que vivo repetindo &eacute; que o Brasil &eacute; grande, mas o mundo &eacute; pequeno; ent&atilde;o n&atilde;o adianta ficar pensando s&oacute; no Brasil.&quot;<br /> </blockquote> http://desvio.cc/blog/tudo-%C3%A9-brasil#comments brasil identidade Tue, 29 Sep 2009 21:25:02 +0000 efeefe 75 at http://desvio.cc Mapeamento de Novas Mídias e Cultura Digital no Brasil http://desvio.cc/blog/mapeamento-de-novas-m%C3%ADdias-e-cultura-digital-no-brasil <p><img align="right" src="http://www.virtueelplatform.nl/en/media/content/2279_small.jpg" alt="mapeamento" />Entre o fim de 2008 e o come&ccedil;o desse ano, colaborei com um estudo desenvolvido por <a href="http://boundaryobject.org">Bronac Ferran</a> sobre novas m&iacute;dias e cultura digital no Brasil, a pedido do Minist&eacute;rio da Cultura da Holanda. O&nbsp;documento foi lan&ccedil;ado por l&aacute; h&aacute; tr&ecirc;s meses, e amanh&atilde; (ter&ccedil;a-feira 16/06) ser&aacute; o lan&ccedil;amento em S&atilde;o Paulo. Infelizmente, n&atilde;o estarei presente, mas vai aqui o link para o <a href="http://www.virtueelplatform.nl/en/#2646">estudo em ingl&ecirc;s</a>, publicado pela Virtueel Platform. Estou trabalhando numa vers&atilde;o em portugu&ecirc;s, que deve ficar pronta em julho. Pra quem tem pressa, vou publicando as vers&otilde;es parciais (e sem revis&atilde;o!) <a href="http://desvio.weblab.tk/pub/mapeamentobr">aqui</a>.</p> http://desvio.cc/blog/mapeamento-de-novas-m%C3%ADdias-e-cultura-digital-no-brasil#comments brasil mapeamento pesquisa publicações Mon, 15 Jun 2009 22:30:15 +0000 efeefe 19 at http://desvio.cc