plataformas http://desvio.cc/taxonomy/term/19/all pt-br Plataformas e práticas: ampliando a noção de espaço público http://desvio.cc/blog/plataformas-e-pr%C3%A1ticas-ampliando-no%C3%A7%C3%A3o-de-espa%C3%A7o-p%C3%BAblico <p>A primeira id&eacute;ia que vem &agrave; cabe&ccedil;a quando falamos de plataforma pode ser a de um objeto que &quot;sustenta&quot; alguma coisa, que funciona como um suporte para que alguma &quot;a&ccedil;&atilde;o&quot; ocorra em cima dele. Graficamente podia ser algo mais ou menos assim:</p> <p class="rtecenter"><img width="450" height="188" src="http://desvio.weblab.tk/sites/desvio.weblab.tk/files/platform.jpg" alt="Plataforma" /></p> <p>O'Reilly diz que Web 2.0 &eacute; a Internet como plataforma, mas eu acho que n&atilde;o &eacute; no sentido descrito acima. Acho que tem mais a ver com essa imagem aqui:</p> <p><img width="300" height="300" src="http://desvio.weblab.tk/sites/desvio.weblab.tk/files/boots.jpg" alt="" /></p> <p>O interessante da bota &quot;como plataforma&quot; &eacute; observar como existe uma rela&ccedil;&atilde;o de &quot;forma&ccedil;&atilde;o&quot; conjunta entre o p&eacute;, a perna, a bota. D&aacute; pra imaginar que a bota, sem nenhum p&eacute; e perna dentro teria uma forma diferente, assim como o p&eacute; e a perna estariam em outra posi&ccedil;&atilde;o sem a bota: na intera&ccedil;&atilde;o entre eles emerge um resultado diferente do que era cada um, a princ&iacute;pio. <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Bruno_Latour">Latour </a>chamaria esse &quot;ser&quot; resultante de &quot;mulher-bota&quot;.</p> <p>O &quot;uso&quot; da bota pela mulher, por outro lado, tamb&eacute;m n&atilde;o &eacute; apenas um uso: ele &eacute; uma pr&aacute;tica social. <a href="http://est.sagepub.com/cgi/content/short/5/2/243">Reckvitz (2002)</a> explica que pr&aacute;ticas sociais podem ser entendidas como &quot;uma combina&ccedil;&atilde;o de comportamentos que incluem contexto, objetivo, discursos, atores e objetos&quot;. Ou seja, a rigor, usar uma bota n&atilde;o implica apenas saber andar de saltos. &Eacute; uma atividade que implica/assume muitas outras coisas. E, efetivamente, todas essas coisas podem ser diferentes de acordo com cada situa&ccedil;&atilde;o: usar botas pode causar bem estar, dar seguran&ccedil;a, pode ser uma imposi&ccedil;&atilde;o social. Botas podem ser usadas para outros fins tamb&eacute;m, como por exemplo algu&eacute;m baixo que precisa pegar um objeto que est&aacute; fora do seu alcance.</p> <p>Quanto mais &quot;aberta&quot; for uma plataforma, mais f&aacute;cil ser&aacute; criar novos usos, descobrir novas formas de construir sobre ela, de modific&aacute;-la. Uma bota, como voc&ecirc;s puderam perceber pelo meu exemplo &quot;bobo&quot; de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Social_construction_of_technology#Interpretative_Flexibility">flexibilidade interpretativa</a>, n&atilde;o &eacute; uma plataforma muito aberta... O processo de se aproximar de uma plataforma, de poder mexer nela, de mold&aacute;-la, viver com ela, sobre ela, a esse processo podemos chamar de apropria&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Chris Pinchen fala <a href="http://blog.p2pfoundation.net/creating-the-open-city-creative-class/2009/06/02">nesse artigo</a> sobre a cidade como plataforma, e sobre como as novas tecnologias est&atilde;o aos poucos permitindo que surja uma nova id&eacute;ia de cidade, uma &quot;cidade aberta&quot;, essencial em um mundo no qual &quot;cidades ter&atilde;o que simultaneamente sobreviver numa economia global, adaptarse ao cambio clim&aacute;tico, integra um tsunami de imigrantes rurais ou estrangeiros, al&eacute;m de ter que lidar com outros inumer&aacute;veis desafios e oportunidades. Essas quest&otilde;es v&atilde;o muito al&eacute;m da capacidade e escopo de quase qualquer governo - e sem mencionar as prefeituras quase-sempre-sem-dinheiro&quot;.</p> <p>Na &quot;cidade aberta&quot;, cidad&atilde;os hackeiam n&atilde;o s&oacute; o sistema, mas tamb&eacute;m o espa&ccedil;o f&iacute;sico, construindo um resultado que faz mais sentido para suas vidas. As tecnologias contribuem, d&atilde;o voz, se adaptam e colaboram com novas possibilidades que antes n&atilde;o existiam.</p> <p>O &quot;espa&ccedil;o p&uacute;blico&quot;, nesse contexto, n&atilde;o &eacute; o que est&aacute; sendo hackeado, mas exatamente o que est&aacute; sendo constru&iacute;do nesse processo. &Eacute; uma reapropria&ccedil;&atilde;o de uma plataforma que havia ficado endurecida, com usos pr&eacute;-determinados. O&nbsp;espa&ccedil;o da &quot;esfera p&uacute;blica&quot; era um canto &quot;inflex&iacute;vel&quot;.</p> <p>Para terminar, o Jos&eacute; Antonio, que est&aacute; fazendo um experimento bem interessante no CitiLab, escreveu <a href="http://sinoficina.wordpress.com/2009/06/08/mara-y-seg-el-futuro/">um post</a> hoje que exemplifica de forma muito clara, e l&iacute;rica, o que pode ser uma plataforma aberta, e quais seus benef&iacute;cios.</p> http://desvio.cc/blog/plataformas-e-pr%C3%A1ticas-ampliando-no%C3%A7%C3%A3o-de-espa%C3%A7o-p%C3%BAblico#comments espaço público plataformas práticas sociais software livre Wed, 10 Jun 2009 00:35:44 +0000 danimatielo 14 at http://desvio.cc