trip http://desvio.cc/taxonomy/term/128/all pt-br Meio-relato: residência na VCUQatar, em Doha http://desvio.cc/blog/meio-relato-residencia-na-vcuqatar-em-doha <p>Como j&aacute; relatei anteriormente <a href="http://desvio.cc/blog/chegando-doha">aqui neste blog</a>, passei em novembro de 2014 duas semanas em Doha, capital do Catar. Fui a convite do mestrado em design da <a href="http://www.qatar.vcu.edu/mfa">VCUQatar</a>, no papel de designer residente. O tema da minha resid&ecirc;ncia era &quot;repair culture&quot;.</p> <p>Desde que retornei do Qatar, estou rabiscando um relato de viagem. Daqueles relatos longos e detalhados que eu costumo fazer (como <a href="http://ubalab.org/blog/diario-do-ventre-da-besta-parte-1">este</a> ou <a href="http://desvio.cc/blog/rol%C3%AA-parte-1-velhomundo-continental">este</a>). Mas n&atilde;o saiu. Pode ser a falta de chuvas, pode ser o tempo curto em meio a um monte de tarefas profissionais, volunt&aacute;rias e epis&oacute;dios novos na vida. Ou pode ser o fato de que eu ainda nem decidi se escrevo Catar ou Qatar. Mas por enquanto vou deixar de lado o relato mais longo, e publico aqui somente alguns apontamentos.</p> <p><img alt="" src="https://farm6.staticflickr.com/5611/15057220983_c67f805b7b_z_d.jpg" /></p> <p>Doha me impressionou menos pelas diferen&ccedil;as do que pelas semelhan&ccedil;as com um certo estilo de vida brasileiro e em especial paulistano. Meus anfitri&otilde;es na universidade, ambos europeus, chegaram a me perguntar o que eu tinha achado do tratamento VIP que recebi em Doha - hotel, refei&ccedil;&otilde;es, motorista, ar condicionado. Fiquei algo constrangido de admitir que, ainda que inconfort&aacute;vel, n&atilde;o tinha estranhado aquela situa&ccedil;&atilde;o tanto quanto eles. Al&eacute;m disso, a cidade avessa a pedestres, os shopping centers, a cafonice dos pr&eacute;dios brilhantes que mudam de cor e o consumismo e ostenta&ccedil;&atilde;o, t&atilde;o ris&iacute;veis quanto previs&iacute;veis, tamb&eacute;m cheiram muito &agrave; capital paulistana. Como se Doha fosse um retrato do que S&atilde;o Paulo pode se tornar se uma s&eacute;rie de decis&otilde;es erradas continuarem a ser tomadas. Mas a pior piada que surgiu foi que, j&aacute; naquela &eacute;poca, a deserta Doha tinha mais acesso a &aacute;gua do que a S&atilde;o Paulo que um dia foi <a href="https://www.youtube.com/watch?v=Fwh-cZfWNIc">recortada por rios</a>.</p> <p><img alt="" src="https://farm9.staticflickr.com/8617/15877631011_70bc48c091_z_d.jpg" /></p> <p>Existem in&uacute;meras peculiaridades sobre o Catar que podem ser encontradas na <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Qatar">wikipedia.</a> Certamente despontam algumas diferen&ccedil;as em rela&ccedil;&atilde;o a outros pa&iacute;ses da regi&atilde;o. As quase duas d&eacute;cadas de reinado do Emir <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Hamad_bin_Khalifa_Al_Thani">Hamad Al Thani</a> (e de igual ou possivelmente maior import&acirc;ncia, de sua esposa <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Mozah_bint_Nasser_al-Missned">Mozah</a>) fizeram o pa&iacute;s se diferenciar na regi&atilde;o. O Catar hoje tem o trig&eacute;simo primeiro IDH no mundo (o maior do mundo &aacute;rabe). Mulheres podem estudar (e vou falar mais sobre isso em seguida). A <a href="http://qma.org.qa/">institui&ccedil;&atilde;o cultural do Qatar</a> tem o segundo maior or&ccedil;amento de cultura no mundo (ok, quase totalmente gasto com ostenta&ccedil;&atilde;o, mas ainda assim uma posi&ccedil;&atilde;o not&aacute;vel). O pa&iacute;s criou e sustenta a <a href="http://www.aljazeera.com/">Al-Jazeera</a>, que eu passei a assistir quando estava por l&aacute; e me impressionou por tratar de maneira abrangente temas dif&iacute;ceis. Os habitantes do pa&iacute;s n&atilde;o pagam impostos, e os cidad&atilde;os locais t&ecirc;m educa&ccedil;&atilde;o e sa&uacute;de de gra&ccedil;a. &Eacute; claro que, aqui, surge uma quest&atilde;o importante. Os cidad&atilde;os s&atilde;o uma minoria - cerca de trezentos mil num universo que beira os dois milh&otilde;es de habitantes. Nem, de um lado, os executivos ou trabalhadores do conhecimento ocidentais, nem de outro os trabalhadores bra&ccedil;ais, de com&eacute;rcio e servi&ccedil;os do sudeste asi&aacute;tico e outros pa&iacute;ses &aacute;rabes, costumam ter o direito de naturalizar-se. Existe um regime de classes bastante marcado em Doha. Um motorista de Bangladesh, por exemplo, provavelmente n&atilde;o seria admitido em um pubs dos hoteis internacionais para bebericar uma cerveja que &eacute; proibida em qualquer outro estabelecimento do pa&iacute;s. Eu gostaria de afirmar que situa&ccedil;&otilde;es id&ecirc;nticas n&atilde;o acontecem em S&atilde;o Paulo, mas n&atilde;o tenho tanta certeza assim.</p> <p>A universidade, que fica dentro da Education City de Doha, era um mundo &agrave; parte. Fui muito bem recebido pelos professores <a href="http://www.qatar.vcu.edu/people/thomas-modeen">Thomas Modeen</a> e <a href="http://www.qatar.vcu.edu/people/marco-bruno">Marco Bruno</a>. Trabalhei com um grupo de dez estudantes dos dois anos do mestrado. Eram oito meninas e dois garotos. De dez nacionalidades distintas, mas ningu&eacute;m do Catar. Egito, Barein, Kuwait, Fran&ccedil;a, Palestina, Estados Unidos, Canad&aacute;, Bangladesh, Paquist&atilde;o e Sud&atilde;o. Grande parte daquela turma n&atilde;o teria oportunidades de estudar em seus pr&oacute;prios pa&iacute;ses. Com uma &uacute;nica exce&ccedil;&atilde;o, o restante era de mu&ccedil;ulmanos. Todo mundo muito criativo, competente e bem preparado. Boa parte deles vinha da arquitetura ou design de moda. A faculdade tem todo tipo de laborat&oacute;rio - de fotografia, v&iacute;deo, fabrica&ccedil;&atilde;o digital, joalheria, um reposit&oacute;rio de materiais, e por a&iacute; vai. E a biblioteca &eacute; deliciosa.</p> <p><img alt="" src="https://farm9.staticflickr.com/8641/15748870439_019f1fcd79_z_d.jpg" /></p> <p>Meu per&iacute;odo de resid&ecirc;ncia come&ccedil;ou com algumas conversas sobre lixo, descarte e reuso. O pessoal j&aacute; tinha uma boa no&ccedil;&atilde;o das quest&otilde;es cr&iacute;ticas nessas &aacute;reas, mas nunca tinha sido uma prioridade para eles pensar nesses temas. Exibi e conversamos sobre alguns v&iacute;deos - ilha das flores, obsolesc&ecirc;ncia programada, lixo extraordin&aacute;rio, digital handcraft.</p> <p>Debatemos um pouco sobre uma quest&atilde;o que me parece essencial. Segue abaixo um rascunho do que deve voltar em breve como um texto &agrave; parte.</p> <blockquote> <p>A tal &quot;cultura maker&quot; surgiu, ao menos em parte, em cen&aacute;rios que costumavam apontar para o reuso e o conserto como fundamentais para garantir futuros mais sustent&aacute;veis. Mas hoje em dia parece que tudo isso foi deixado de lado e que todo esse universo de hype est&aacute; voltado para criar prot&oacute;tipos - feitos de pl&aacute;stico derretido de dif&iacute;cil reciclagem - de novos produtos. Como se o mundo j&aacute; n&atilde;o tivesse objetos fabricados em demasia!</p> <p>A mim, parece absurdo que as tecnologias de fabrica&ccedil;&atilde;o digital n&atilde;o estejam fundamentalmente voltadas para se pensar maneiras de continuar usando objetos que j&aacute; est&atilde;o por a&iacute;. Me parece inadequado e falso enquadr&aacute;-las na refer&ecirc;ncia de uma &quot;nova era industrial&quot;. A era industrial trouxe, &eacute; certo, avan&ccedil;os important&iacute;ssimos para a humanidade. Mas gerou tamb&eacute;m aliena&ccedil;&atilde;o, desigualdade e impacto ambiental profundos. Chega de dar sobrevida &agrave; era industrial - precisamos de outros modelos de produ&ccedil;&atilde;o e distribui&ccedil;&atilde;o. O crescimento do interesse da opini&atilde;o p&uacute;blica por alimenta&ccedil;&atilde;o org&acirc;nica, tratamento de lixo, habilidades manuais e afins me parecem ser o contrabalan&ccedil;o dessa tend&ecirc;ncia, e precisamos ter isso em mente.</p> </blockquote> <p>Enfim, tivemos a oportunidade de debater estas quest&otilde;es (e o fato de eu conseguir resumi-las em dois par&aacute;grafos &eacute; um dos maiores frutos da minha resid&ecirc;ncia na VCUQ), e decidimos as a&ccedil;&otilde;es para as duas semanas que eu ficaria por l&aacute;. Em primeiro lugar, visitar&iacute;amos alguns artes&atilde;os que ainda produzem coisas com as pr&oacute;prias m&atilde;os - marceneiros, alfaiates, tapeceiros, etc. A ideia era conversar sobre seu of&iacute;cio, habilidades, ferramentas, forma&ccedil;&atilde;o e afins. Far&iacute;amos o mesmo com pessoas que consertavam coisas - principalmente sapateiros e relojoeiros. Tamb&eacute;m planejamos sa&iacute;das a um cemit&eacute;rio de pneus e um cemit&eacute;rio de autom&oacute;veis, ambos no meio do deserto.</p> <p><img alt="" src="https://farm9.staticflickr.com/8662/15747034898_21249d8421_z_d.jpg" /></p> <p>A pesquisa de campo deu muitos resultados. O &uacute;nico sen&atilde;o foi o cemit&eacute;rio de autom&oacute;veis, que s&oacute; pudemos ver do lado de fora porque chegamos depois do hor&aacute;rio de visita&ccedil;&otilde;es. Mas de resto, fizemos excelentes entrevistas, conversas e imagens.</p> <p>Outra atividade que nos propusemos a desenvolver foi um Repair Cafe dentro da VCUQ. Em uma sociedade de alto poder aquisitivo e praticamente sem nenhuma preocupa&ccedil;&atilde;o com o descarte apropriado de objetos sem uso, pareceu-nos interessante desenvolver um encontro voltado ao conserto e ao reuso. Tivemos dois dias - um para receber os materiais e outro para explorar possibilidades com eles. Trabalhamos tamb&eacute;m com objetos encontrados no cemit&eacute;rio de pneus. Sa&iacute;mos com uma s&eacute;rie de objetos reaproveitados, e mais do que isso com algumas indica&ccedil;&otilde;es de como organizar uma metodologia colaborativa voltada ao conserto de coisas.</p> <p>Os &uacute;ltimos dias foram dedicados a organizar a documenta&ccedil;&atilde;o de meu per&iacute;odo por l&aacute;, que resultou em uma publica&ccedil;&atilde;o digital. Tenho ainda que rever meu texto de introdu&ccedil;&atilde;o, que ainda n&atilde;o est&aacute; perfeito, e em breve vou agitar para fechar essa publica&ccedil;&atilde;o. Assim que rolar, publico por aqui.</p> <p>De resto, faltam todos os meus apontamentos culturais e do cotidiano do Catar. Esses eu deixo para contar pessoalmente, talvez ao aroma do caf&eacute; turco que trouxe de l&aacute;. Mas voltei satisfeito de ter tocado uma s&eacute;rie de quest&otilde;es importantes e de ter conhecido bastante gente interessante e que ainda vai fazer muita coisa pelo mundo afora.</p> <p><img alt="" src="https://farm8.staticflickr.com/7541/15311272494_1cac41b7f4_z_d.jpg" /></p> <p>E ainda reencontrei na sincronicidade uma amiga que n&atilde;o via fazia tempo, vi o sol descer nas dunas, tomei caf&eacute; numa tenda &aacute;rabe no deserto. Fui ao shopping, ao supermercado, ao mercado central. Nos fones de ouvido estiveram principalmente a trilha sonora de <a href="http://www.imdb.com/title/tt0345061/?ref_=fn_al_tt_1">C&oacute;digo 46</a> e o <a href="https://duckduckgo.com/l/?kh=-1&amp;uddg=http%3A%2F%2Fdjspooky.com%2Farticles%2Fvenice_2007.php">Ghost World do Dj Spooky</a>. Ah, e tenho muito mais fotos no <a href="https://www.flickr.com/photos/felipefonseca/sets/72157649068360535/">flickr</a>.</p> <p><strong>P.S.:</strong> publiquei tamb&eacute;m mais algumas anota&ccedil;&otilde;es junto a outro <a href="http://redelabs.org/blog/lab-ars-electronica-itu-telecom-doha-catar">post no blog redelabs</a>.</p> http://desvio.cc/blog/meio-relato-residencia-na-vcuqatar-em-doha#comments gambiologia lifelog qatar repair culture residências trip vcuq Tue, 20 Jan 2015 05:51:24 +0000 efeefe 238 at http://desvio.cc Chegando a Doha http://desvio.cc/blog/chegando-doha <p><img alt="" src="/sites/desvio.cc/files/images/2014-10-30 03_44_06.jpg" width="600" /></p> <p>H&aacute; alguns meses fui convidado a vir em novembro a Doha, capital do Catar, como designer residente junto ao curso de Mestrado em Design da VCU. O convite faz parte de uma s&eacute;rie de a&ccedil;&otilde;es de interc&acirc;mbio entre o Brasil e o Catar que est&atilde;o sendo desenvolvidas ao longo deste ano. Vou ficar duas semanas trabalhando com um grupo de estudantes com quest&otilde;es de descarte, reuso, conserto e afins. Como j&aacute; escrevi no <a href="/blog/gambiarra-studies">come&ccedil;o da semana</a>, espero durante estes dias trabalhar com a ideia de uma &quot;cultura de conserto&quot; como cr&iacute;tica &agrave; tal &quot;cultura de fabrica&ccedil;&atilde;o&quot; que vem na esteira dos makerspaces e das impressoras 3D.</p> <p>Desenvolver isso no Catar est&aacute; me parecendo apropriado, para minha surpresa. A chegada repentina do Petr&oacute;leo por aqui criou uma sociedade de consumo que veio totalmente de cima para baixo. O pa&iacute;s tem muito dinheiro: o maior ou segundo maior PIB per capita, o melhor IDH da regi&atilde;o, o segundo maior investimento em arte do mundo. Por tr&aacute;s do investimento em arte e cultura, ali&aacute;s, est&aacute; uma organiza&ccedil;&atilde;o chefiada uma princesa hoje com 31 anos de idade, que j&aacute; <a href="http://www.ted.com/talks/sheikha_al_mayassa_globalizing_the_local_localizing_the_global">falou sobre diversidade no TED</a>. Mas todo esse dinheiro pode ter trazido de forma muito mais acelerada um processo que a gente j&aacute; apontou no Brasil - a substitui&ccedil;&atilde;o da sabedoria do fazer, do consertar e do adaptar pelo mero consumo. Se uma coisa quebrou, eu compro outra.</p> <p>N&atilde;o sei se isso realmente acontece por aqui, mas essa &eacute; uma das coisas que vamos investigar durante os pr&oacute;ximos dias. Quero crer que mesmo com o acesso a brinquedos mais caros, continua existindo o impulso de adaptar e fazer as coisas, como o cara da <a href="http://www.youtube.com/watch?v=u3R47DhF75k">moto iluminada</a>. Encontrei esse v&iacute;deo, ali&aacute;s, quando pesquisava sobre o <a href="http://www.dazeddigital.com/music/article/15037/1/al-qadiri-al-maria-on-gulf-futurism">Gulf Futurism</a>, uma provoca&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o me parece bem resolvida mas mostra um pouco da tens&atilde;o entre os grandes planos que acompanharam o gigantesco crescimento econ&ocirc;mico e a vida das pessoas. Vou deixar para contar em outro post mais narrativo, mas j&aacute; adianto que depois de dar umas voltas por aqui n&atilde;o paro de associar Doha com S&atilde;o Paulo. As duas cidades parecem ter muito em comum (para al&eacute;m da piada com a falta de chuvas, ok?), mas em velocidades muito diferentes.</p> <p>Volto logo com as primeiras impress&otilde;es.</p> http://desvio.cc/blog/chegando-doha#comments catar Doha futurismo do golfo gambiologia trip VCU Fri, 31 Oct 2014 21:33:47 +0000 efeefe 236 at http://desvio.cc GamBHiólogos http://desvio.cc/blog/gambhiologos <p>No dia seguinte ao encerramento do <a href="http://culturadigital.br/forum2010">F&oacute;rum da Cultura Digital Brasileira</a> (onde organizei o <a href="http://culturadigital.br/redelabs/2010/11/encontro-redelabs-como-foi/">encontro Rede//Labs</a> e um painel internacional sobre <a href="http://culturadigital.br/redelabs/2010/12/painel-internacional-laboratorios-experimentais/">laborat&oacute;rios experimentais e cultura digital</a>), tomei um avi&atilde;o para BH. Fred Paulino e Lucas Mafra da <a href="http://www.gambiologia.net/blog/">Gambiologia</a>&nbsp;tinham me convidado para a abertura (e para escrever um <a href="http://desvio.cc/blog/gambiologia-criatividade-que-nos-faz-humanos">texto para o cat&aacute;logo</a>) da mostra <a href="http://www.gambiologos.com/">Gambi&oacute;logos</a>, que fazia parte do <a href="http://www.artemov.net/belohorizonte/">Arte.Mov BH</a>.</p> <p>O dia da viagem foi atribulado: logo de manh&atilde;, antes de sair para o aeroporto, tive a not&iacute;cia de que um grande amigo da fam&iacute;lia havia falecido em sua casa no interior do RJ. Para completar, era justamente a semana que completaria um ano do falecimento do <a href="http://twitter.com/dpadua">@dpadua</a>, e eu estava indo para a cidade onde ele cresceu. Engoli as l&aacute;grimas (o que na semana seguinte me trouxe uma t&iacute;pica dor de garganta) e fui. Eu ficaria bem no centro de BH, no hotel Othon - em um quarto que por algum motivo me fez pensar na casa da minha av&oacute;, talvez pelos m&oacute;veis de banheiro dos anos setentas.</p> <p>No fim da tarde, me encaminhei para o espa&ccedil;o <a href="http://www.centoequatro.org/">Centoequatro</a>. A mostra gambi&oacute;logos ainda estava sendo montada. Fiquei circulando pelo espa&ccedil;o at&eacute; a hora da abertura. Encontrei <a href="http://www.wired.com/beyond_the_beyond/">Bruce Sterling</a> circulando por l&aacute;, me apresentei pra ele, ouvi aquele sotaque texano rasgado perguntando onde encontraria um caf&eacute;. Na hora da abertura, dei mais uma passada na sala onde rolava o gambi&oacute;logos. Depois eu publico aqui o texto que mandei para o cat&aacute;logo. Gostei bastante da mostra, com uma boa diversidade de pe&ccedil;as - das mais conceituais &agrave;s mais pr&aacute;ticas, e uma linha coerente na sele&ccedil;&atilde;o e montagem. Dei uma passada pela mostra do Arte.mov no t&eacute;rreo, que tinha algumas coisas bem interessantes. Tive finalmente a oportunidade de conhecer Rita e Linus, que chegaram por l&aacute; com <a href="http://dricaveloso.wordpress.com/">Drica Veloso</a>, Lu e <a href="http://chgp.info/">CHGP</a>. Encontrei de novo alguns amigos que tinha visto na mesma semana durante o encontro Rede//Labs.&nbsp;</p> <p>No dia seguinte, ainda encontrei o Sterling outra vez no caf&eacute; da manh&atilde; do hotel. Fui l&aacute; tietar um pouco, pedi um aut&oacute;grafo pra guardar na minha edi&ccedil;&atilde;o de 1990 do <em>Piratas de Dados</em> (sic). Eu n&atilde;o fazia ideia que a simp&aacute;tica dama &agrave; sua frente na mesa era <a href="http://jasminatesanovic.wordpress.com/">Jasmina Tesanovic</a>, com quem eu estaria em um debate na semana seguinte em sampa. Peguei meu aut&oacute;grafo e rumei pro aeroporto, feliz com o dia ensolarado.</p> <p>&nbsp;</p> http://desvio.cc/blog/gambhiologos#comments aliadxs artemov bh gambiologia mostras trip Sat, 04 Dec 2010 02:11:56 +0000 efeefe 180 at http://desvio.cc Meio post - ciência, DIY, garagem e bairro http://desvio.cc/blog/meio-post-ci%C3%AAncia-diy-garagem-e-bairro <p>Na semana que vem, atravesso o Atl&acirc;ntico mais uma vez. Vou participar do <a href="http://www.labtolab.org">Labtolab</a>&nbsp;no <a href="http://medialab-prado.es">Medialab Prado</a>, em Madrid. Vou estar l&aacute; focado principalmente na pesquisa <a href="http://redelabs.org">RedeLabs</a>, mas certamente com um olho colado na programa&ccedil;&atilde;o do <a href="http://medialab-prado.es/interactivos">Interactivos</a>, que come&ccedil;a na mesma &eacute;poca. Nessa edi&ccedil;&atilde;o, o tema do Interactivos &eacute; <em>ci&ecirc;ncia de bairro</em>&nbsp;- como extens&atilde;o do campo da &quot;ci&ecirc;ncia de garagem&quot; que tem aparecido cada vez mais por a&iacute;. Mesmo antes de saber do Labtolab, eu j&aacute; estava querendo escrever alguma coisa sobre essa transi&ccedil;&atilde;o - da garagem para o bairro, da transi&ccedil;&atilde;o entre o espa&ccedil;o privado e o entorno - e a rela&ccedil;&atilde;o que isso pode ter com uma revitaliza&ccedil;&atilde;o da pr&oacute;pria ideia de comunidade - explorar curiosidades e aprendizados, levantar a indetermina&ccedil;&atilde;o <a href="/tag/gambiologia">gambiol&oacute;gica</a>, criar la&ccedil;os, trazer seguran&ccedil;a e troca. Mas n&atilde;o consegui parar pra escrever, e acho que n&atilde;o vou conseguir t&atilde;o cedo. Ent&atilde;o vou colar aqui embaixo alguns links que tinha coletado pra ilustrar o racioc&iacute;nio. Um dia eu retomo isso e escrevo.</p> <ul> <li><a href="http://www.bbc.co.uk/portuguese/multimedia/2010/03/100326_fotosespacog.shtml">Fotos de amador impressionam a Nasa</a></li> <li><a href="http://science.slashdot.org/article.pl?sid=09/03/18/1645216">DIY Space Photography</a></li> <li><a href="http://olaboca.wordpress.com/2010/03/26/sons-do-coracao-estetoscopio-artesanal-pure-data/">Sons do Cora&ccedil;&atilde;o (Estetosc&oacute;pio Artesanal + Pure Data)</a></li> <li><a href="http://www.pearlbiotech.com/">pearl biotech</a></li> <li><a href="http://bioweathermap.org/">BioWeatherMap</a></li> <li><a href="http://vimeo.com/3454392">DIYbio - v&iacute;deo</a></li> <li><a href="http://diybio.org/2009/11/11/crafting-the-biological/">DIYbio - crafting the biological</a></li> <li><a href="http://diybio.org/">DIYbio - site</a></li> <li><a href="http://seedmagazine.com/content/print/the_biohacking_hobbyist/">The Biohacking hobbyist</a></li> </ul> <p>&nbsp;</p> http://desvio.cc/blog/meio-post-ci%C3%AAncia-diy-garagem-e-bairro#comments ciência DIY eventos gambiologia interactivos madrid trip Fri, 28 May 2010 18:35:32 +0000 efeefe 171 at http://desvio.cc Rolê, parte 2 - velhomundo insular http://desvio.cc/blog/rol%C3%AA-parte-2-velhomundo-insular <p>Duas horinhas me levaram de Berlim &agrave; Inglaterra, em um v&ocirc;o da easyjet. Comida n&atilde;o inclu&iacute;da, fila pra pegar os melhores lugares, pouco espa&ccedil;o entre os assentos que n&atilde;o reclinam. Mas o pre&ccedil;o compensou. Desci em Liverpool, passei pela alf&acirc;ndega da maneira mais r&aacute;pida e f&aacute;cil das cinco vezes que entrei no Reino Unido. &quot;Vou participar de um evento em Manchester, fico em tal hotel&quot;. A mocinha nem pediu pra ver o convite, reserva do hotel ou quanto dinheiro eu tinha. Carimbou e desejou uma boa estada. Eu j&aacute; tinha comprado pela internet a passagem de &ocirc;nibus at&eacute; o centro de Manchester. Fui curtindo o sol estendido da primavera europeia - j&aacute; eram mais de sete e meia, e ele ainda bem acima do horizonte. Sacando o sotaque totalmente diferente daquela parte da Inglaterra - meio rasgado, mas seco - uma musicalidade diferente, mas sem terminar direito as palavras.</p> <h2>Manchester, England, England. Across the Atlantic sea...</h2> <p>A caminho de Manchester, um monte de bairros com casinhas. A estabilidade - e o t&eacute;dio - das zonas que criaram a pr&oacute;pria ideia de classe m&eacute;dia. A caminho de um dos epicentros da revolu&ccedil;&atilde;o industrial, onde Engels escreveu &quot;A situa&ccedil;&atilde;o das classes trabalhadoras na Inglaterra&quot;. Muito tijolinho vermelho, muito gramado verde e mais alguns campos amarelos de canola.</p> <p><img alt="Vão central do Britannia" align="right" src="http://farm4.static.flickr.com/3367/4616694117_def74788cf_m_d.jpg" />No centro de Manchester, apesar de o sol ter brilhado boa parte do dia, a temperatura era de 11 graus - e mais tarde ainda cairia para 7.6 graus. O Britannia &eacute; um hotel grande, em um pr&eacute;dio antigo e com um qu&ecirc; de decadente - o aquecimento do quarto n&atilde;o funcionava, a TV oscilava entre colorida e PB, e a internet era um lixo. Mas eu fiquei em um quarto no pen&uacute;ltimo andar, de frente para o sol que se punha quase &agrave;s nove da noite. E tinha banheira, e uma escadaria daquelas de filme. Sa&iacute; para bater um rango, e percebi mais uma vez como a cidade &eacute; barata em rela&ccedil;&atilde;o a Londres - comi um Chicken Tikka Masala bem servido com um pint de Ale por cinco libras e pouco. Manchester &eacute; uma cidade universit&aacute;ria - muita gente jovem na rua, um monte de bares com som e gente de v&aacute;rios lugares do mundo. Eu estava a um quarteir&atilde;o dos Piccadilly Gardens, no centro. Logo em frente descobri o <a href="http://kro.co.uk">KRO Bar</a>, com internet gr&aacute;tis e confi&aacute;vel, onde voltaria quase todo dia.</p> <p><img alt="Contact Theatre" align="right" src="http://farm5.static.flickr.com/4011/4616731155_9016cb902a_m_d.jpg" />No dia seguinte, fui visitar o arc Space (relato completo <a href="http://rede.metareciclagem.org/blog/25-05-10/Duas-conversas-em-Manchester">aqui</a>). Na sa&iacute;da, Vicky me apresentou na rua para Franco, um senhor italiano reputado como anarquista que alguns dias depois me mandou alguns DVDs selecionados. Encontrei uma lavanderia e dei umas voltas pela cidade, sem muito compromisso. Tentei at&eacute; ir &agrave; abertura da exposi&ccedil;&atilde;o <a href="http://www.futureeverything.org/art/serendipitycity">Serendipity City</a>, mas eles encerraram exatamente no hor&aacute;rio previsto (21hs). A pontualidade brit&acirc;nica funciona na entrada e na sa&iacute;da. De volta ao hotel, percebi que eles tinham resolvido a falha do aquecimento - trouxeram um aquecedor el&eacute;trico. Dormi melhor nessa noite. Pela manh&atilde;, fui para o Contact Theatre, n&oacute; principal do <a href="http://www.futureeverything.org/">Future Everything</a>, para uma conversa com Vicky Sinclair e Russel Clifton (que tamb&eacute;m relatei <a href="http://rede.metareciclagem.org/blog/25-05-10/Duas-conversas-em-Manchester">aqui</a>). O <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/glonet2010 ">GloNet</a> (evento enredado global) do Future Everything j&aacute; estava rolando. Assisti a alguns peda&ccedil;os, depois desci pra almo&ccedil;ar no caf&eacute;. &Agrave; tarde rolou a sess&atilde;o remota com S&atilde;o Paulo, que relatei com mais detalhes <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/futuro-tudo">aqui</a>.</p> <p><img alt="Monitored Landscape No. 16" align="right" src="http://farm5.static.flickr.com/4060/4617343880_4d2e6c81a5_m_d.jpg" />No fim da tarde, dei uma passada pela exposi&ccedil;&atilde;o <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu">CU</a> (:P), curada pela Contents may vary no Copperface Jacks, subsolo do The Palace Hotel. Algumas pe&ccedil;as bem interessantes ali, talvez mais ainda pelo contraste com o cen&aacute;rio de pub. Gostei da <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/monitoredlandscape">Monitored Landscape No. 16</a>, do <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/thinkingthroughmethod">Thinking Through Method (Cooper)</a>, do <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/deathcallsthetune">Death Calls the Tune</a>, do <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/imataperecordermaniac">I'm a Tape Recorder Maniac!</a>, do <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/organisedsound">Organised Sound</a> e do <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cu/resonantqueue">Resonant Queue</a>. Mais sobre a exposi&ccedil;&atilde;o, <a href="http://www.axisweb.org/dlForum.aspx?ESSAYID=18094">aqui</a>. N&atilde;o resisti e peguei na sa&iacute;da um bottom com o nome da exposi&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Na sexta-feira pela manh&atilde;, cheguei no meio do painel &quot;<a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/cities_of_insurrection">cities of insurrection</a>&quot;, mas sa&iacute; logo. Encontrei Stephen Kovats, organizador da <a href="http://transmediale.de">Transmediale</a> de Berlim, e meu amigo <a href="http://translocal.net">Tapio Makela</a> no caf&eacute;. Stephen me deu uma c&oacute;pia impressa do livro <a href="http://en.flossmanuals.net/collaborativefutures/">collaborative futures</a>. Depois pulei para a sess&atilde;o &quot;<a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/Doing_it_together">doing it together</a>&quot;, que come&ccedil;ou justamente com <a href="http://www.mushon.com/">Mushon Zer-Aviv</a>, um dos autores do livro. Fiz algumas anota&ccedil;&otilde;es durante o debate:</p> <p><strong><a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2185">Mushon</a></strong></p> <ul> <li>C&oacute;digo e wikipedia t&ecirc;m fundamentos racionais. O design n&atilde;o.</li> <li>As pessoas costumam entender colabora&ccedil;&atilde;o como &quot;colocar as coisas online&quot;.</li> <li>Cultura livre &eacute; abrir, software livre &eacute; colaborar.</li> </ul> <ul> <li><a href="http://www.shiftspace.org/">Shiftspace</a></li> <li>Quando for poss&iacute;vel, codificar e usar sistemas de controle de vers&atilde;o.</li> <li>Publicar os arquivos master. Por exemplo, usando o dropbox.</li> </ul> <p>Codificando:</p> <ol> <li>pesquisa enredada;</li> <li>linguagem extens&iacute;vel;</li> <li>documentar a linguagem.</li> </ol> <p>A apresenta&ccedil;&atilde;o do Mushon est&aacute; online: <a href="http://github.com/mushon/osd-presentation">http://github.com/mushon/osd-presentation</a></p> <p>Escalar a subjetividade n&atilde;o &eacute; uma quest&atilde;o nova. Sempre vai dar errado. Deixar a op&ccedil;&atilde;o para forking.</p> <p>Falou mal de patentes, disse que temos que trabalhar mesmo para oferecer alternativas &agrave; apple.</p> <p>O debate continuou com <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2201"><strong>Alexandra Deschamps-Sonsino</strong></a>&nbsp;(<a href="http://www.designswarm.com/">portfolio</a>), da <a href="http://tinkerlondon.com">Tinker London</a>.&nbsp;Depois descobri que ela tinha estado tamb&eacute;m na <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/lift-10-metareciclagem-futuros-conectados-no-brasil">Lift</a>, apresentando o projeto <a href="http://www.homesenseproject.com/">Homesense</a>. Ela come&ccedil;ou falando um pouco sobre as mudan&ccedil;as no design de produtos desde a &eacute;poca em que estava na faculdade. Mais anota&ccedil;&otilde;es abaixo:</p> <ul> <li>Hardware livre.</li> <li>O horizonte do design est&aacute; mudando.</li> <li>V&iacute;deo: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=PeScmRwzQho">intro do arduino</a></li> <li>estudantes, artistas, hackers, publicit&aacute;rios, pesquisa &amp; desenvolvimento est&atilde;o usando hardware livre</li> <li>Projetos interessantes com hardware livre: <a href="http://www.botanicalls.com/ ">botanicalls</a>, <a href="http://kickbee.net/ ">kickbee</a>, <a href="http://todbot.com/blog/2006/10/23/diy-ambient-orb-with-arduino-update/ ">ambient orb</a>, <a href="http://www.mcqn.com/bubblino">bubblino</a></li> <li><a href="http://joindiaspora.com/project.html">Diaspora</a>.</li> </ul> <p>Projeto dela: <a href="http://www.homesenseproject.com/">homesense</a>. Inova&ccedil;&atilde;o dentro de casa - criar novos produtos. Desenvolvido em parceria com uma <a href="http://www.edf.fr/the-edf-offers/edf-fr-home-200420.html#Home">grande empresa de energia</a>.</p> <p>Iphones e afins t&ecirc;m sucesso por que s&atilde;o desej&aacute;veis. se come&ccedil;armos a criar produtos e servi&ccedil;os desej&aacute;veis, isso pode mudar.</p> <p><strong>Quest&otilde;es</strong></p> <p>Mushon: as pessoas querem ser dominadas. anarquismo &eacute; inspirador, mas complicado.</p> <p>Em seguida, <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2218"><strong>Alison Powell</strong></a> falou sobre o papel da m&iacute;dia e dos caf&eacute;s na cria&ccedil;&atilde;o de uma esfera p&uacute;blica ao longo dos &uacute;ltimos s&eacute;culos, e questionou sobre como isso se articula com as redes hoje em dia. Eu precisei responder alguns emails importantes e acabei perdendo boa parte da apresenta&ccedil;&atilde;o dela, infelizmente.</p> <p>Durante o debate, um camarada sentado ao meu lado me ajudou a conectar a fonte do meu laptop. Depois ainda conversamos um pouco sobre nossos computadores (ele tinha um EEE 701). S&oacute; depois que o debate acabou foi que nos descobrimos: ele era <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2218">Brian Degger</a>, que conversou comigo pela lista <a href="http://bricolabs.net">Bricolabs</a> avisando que estaria no Future Everything. Brian est&aacute; envolvido com alguns projetos muito interessantes de ci&ecirc;ncia de garagem, e vai participar do <a href="http://medialab-prado.es/article/interactivos_ciencia_de_barrio">Interactivos?</a> em Madrid daqui a duas semanas.&nbsp;</p> <p>No hor&aacute;rio do almo&ccedil;o, sa&iacute; para dar outra volta pela cidade. Voltei mais tarde para o painel <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/Ludic_interfaces">Interfaces L&uacute;dicas</a>. Cheguei a tempo de pegar a apresenta&ccedil;&atilde;o do <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2257"><strong>Tapio</strong></a>:</p> <ul> <li>Ben Schneidermann - designing the human interface</li> <li>ideias de interface costumavam ser muito baseadas nas telas. tapio levanta a quest&atilde;o sobre as interfaces no mundo real.</li> <li>as modalidades l&uacute;dicas mudam com novas tecnologias. videoativismo nos anos sessenta. media van. ant farm collective.</li> <li>yes men - l&uacute;dico, mas como descrever o aspecto da interface?</li> <li>locative media. blast theory / proboscis. play pode se mudar da tela para vizinhan&ccedil;as orientadas a objetos.</li> <li>o papel da ambiguidade no design. coisas l&uacute;dicas t&ecirc;m a ver com ambiguidade e n&atilde;o-intencionalidade.</li> <li>feral robots.</li> <li><a href="http://hehe.org2.free.fr/?language=fr">Nuage Vert</a></li> <li><a href="http://socialtapestries.net/snout/">Snout</a></li> <li><a href="http://www.gpsdrawing.com/">Performance l&uacute;dica e absurda com tecnologia</a></li> </ul> <p>Depois dele, <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2310"><strong>Margarete Jahrmann</strong></a> falou sobre a <a href="http://www.ludic-society.net/">Ludic Society</a></p> <p>Depois ainda dei um pulo no debate sobre <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/New_creactivity">Nova Criatividade</a>, onde falava a incr&iacute;vel <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2203">Anab Jain</a>, do <a href="http://www.superflux.in/">Superflux</a>. Para ela, &quot;Atrav&eacute;s de conflitos e tens&otilde;es, boas coisas podem emergir&quot;.</p> <p>Olhando pra tr&aacute;s, mais algumas notas sobre o Future Everything:</p> <ul> <li>os temas do festival e da confer&ecirc;ncia acertaram em cheio algumas quest&otilde;es muito presentes: eventos distribu&iacute;dos, open data, urbanismo experimental, serendipidade, conectividade ilimitada, prototipagem e fablabs. Nesse sentido, continua sendo um evento que me faz aprender bastante. Eu tenho a sensa&ccedil;&atilde;o de que ele n&atilde;o perde muito tempo dourando a p&iacute;lula, tentando criar um clima de abstra&ccedil;&atilde;o conceitual em cima - e nesse sentido &eacute; um evento bastante t&aacute;tico, contrastando com v&aacute;rios outros onde a abstra&ccedil;&atilde;o chega &agrave;queles n&iacute;veis em que uma bula &eacute; necess&aacute;ria para decodificar qualquer coisa. V&atilde;o os meus parab&eacute;ns para o Drew Hemment e sua equipe.</li> <li>a revista digital dialogue fez uma <a href="http://www.axisweb.org/dlForum.aspx?ESSAYID=18093">edi&ccedil;&atilde;o especial</a> sobre o festival. Gostei da ideia. Quem sabe a gente n&atilde;o faz o mesmo com o <a href="http://mutirao.metareciclagem.org">Mutir&atilde;o</a> algum dia.</li> <li>como j&aacute; comentei em <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/futuro-tudo">outro post</a>, eu fiquei bastante tempo brincando com o <a href="http://createdigitalmusic.com/2009/06/22/maker-faire-music-moldover%E2%80%99s-syncomasher-live-electronica-controllerism-for-everyone/">syncomasher</a> do <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2135">Moldover</a>.</li> <li>A Glonet funcionou muito bem. Palmas para o <a href="http://www.distancelab.org/">Distance Lab</a>. Eu n&atilde;o cheguei a testar as <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/glonet2010/talkingboxes">Talking Boxes</a> deles, mas vi gente usando e achei bem interessante.</li> <li>Eu tinha que ir pra Londres para encontrar uma galera no s&aacute;bado, ent&atilde;o acabei perdendo o <a href="http://www.futureeverything.org/art/playeverything">Play everything</a>... uma pena, mas fica pra pr&oacute;xima.</li> </ul> <h2>Londinium</h2> <p>Sabad&atilde;o, em duas horinhas de trem, cheguei a Londres. Trem com poltrona confort&aacute;vel, mesa e at&eacute; - se eu quisesse pagar seis libras para uma hora - conex&atilde;o wi-fi &agrave; internet. Fui direto para Walthamstow, deixar as coisas na casa dxs amigxs que me hospedariam. Walthamstow &eacute; um bairro meio afastado, no leste de Londres - E17, pra quem conhece o zoneamento por l&aacute;. Um bairro interessante, cheio de imigrantes de toda parte. O bairro tamb&eacute;m tem o Walthamstow Market - o mercado mais extenso da Europa, com nem me lembro quantos quil&ocirc;metros. Logo no comecinho do mercado, uma cena divertida - um astronauta/ET <a href="http://gambiologia.net">gambi&oacute;logo</a>, cheio de dispositivos eletr&ocirc;nicos, fazia m&uacute;sica. Era quase uma gatorra vest&iacute;vel! Vou subir o v&iacute;deo no youtube nos pr&oacute;ximos dias, depois incorporo aqui embaixo.</p> <p><img alt="Astronauta gambiológico" src="http://farm5.static.flickr.com/4007/4617367182_aee656f786_d.jpg" /></p> <p>No domingo, almocei em Brick Lane com o pessoal e <a href="http://www.lml.lse.ac.uk/">Rob van Kranenburg</a>. Ele me perguntou &quot;o que a gente precisa fazer agora?&quot; em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; rede Bricolabs <a href="http://bricolabs.net" title="http://bricolabs.net">http://bricolabs.net</a>. Eu respondi &quot;nada. vamos deixar as coisas aparecerem&quot;. Acho que ele concordou. Mais tarde, tive uma reuni&atilde;o interessante articulada pela Vicky, com o Peter Forrest do <a href="http://tgl.tv/">TGL</a> e uma pessoa que queria saber mais sobre o Brasil para aconselhar um poss&iacute;vel projeto de sustentabilidade e cidades. Participaram tamb&eacute;m da reuni&atilde;o os diretores do <a href="http://www.globalactionplan.com/">Global Action Plan</a> e da <a href="http://www.uia.be/">UIA</a> - e o assistente deles, que &eacute; brasileiro.</p> <p>Na segunda-feira pela manh&atilde;, estive no <a href="http://www.lml.lse.ac.uk/">London Media Lab</a>, comandado por Patrick Humphreys. Ele havia convidado integrantes da Bricolabs que estavam em Londres para uma conversa. Al&eacute;m de mim, estavam Vicky Sinclair, a italiana Francesca Bria, Rob van Kranenburg e o pr&oacute;prio Patrick. Conversamos por algumas horas - gravei tudo e vou publicar trechos interessantes assim que tiver tempo.</p> <p>No dia seguinte, passei rapidamente pelo espa&ccedil;o que est&aacute; expondo obras de <a href="http://zoebenbow.co.uk/">Zoe Benbow</a>, companheira de <a href="http://roblafrenais.wordpress.com/">Rob La Frenais</a> - que infelizmente n&atilde;o pode estar presente, porque sua m&atilde;e estava enferma. <a href="http://www.boundaryobject.org/">Bronac Ferran</a> tamb&eacute;m estava por l&aacute;, e fomos para um pub conversar sobre o Brasil, a China, microestruturas e outras coisas.</p> <p>Fiquei mais um dia e meio em Londres, fazendo um pouco de turismo e passeando com a fam&iacute;lia. Fui mais uma vez ao sebo logo na entrada de Notting Hill onde j&aacute; fui algumas vezes. Lembrei muito do meu irm&atilde;o de vida <a href="http://twitter.com/dpadua">Dpadua</a>. Acho que foi ele que me fez perceber um segundo antes de ir embora que tinha um livrinho do Alan Moore sobre como escrever para quadrinhos. Comprei. Ainda n&atilde;o li, vou guardar para um dia inspirado.</p> http://desvio.cc/blog/rol%C3%AA-parte-2-velhomundo-insular#comments bricolabs eventos future everything londres manchester trip Thu, 27 May 2010 23:42:52 +0000 efeefe 169 at http://desvio.cc Rolê, parte 1 - velhomundo continental http://desvio.cc/blog/rol%C3%AA-parte-1-velhomundo-continental <p>Durante algumas semanas desse m&ecirc;s, fiz um rol&ecirc; por alguns lugares da Europa, participando de eventos e conhecendo pessoas. Esse post &eacute; a primeira parte de uma tentativa de documenta&ccedil;&atilde;o com base em anota&ccedil;&otilde;es, tweets e lembran&ccedil;as.</p> <h2>Genebra - Lift10</h2> <p>Meu primeiro destino foi Genebra, onde se realizaria a confer&ecirc;ncia <a href="http://liftconference.com/lift10">Lift 10</a>. Eu fui convidado a falar sobre <a href="http://rede.metareciclagem.org">MetaReciclagem</a> e Brasil. Algumas semanas antes, um dos organizadores me mandou alguns v&iacute;deos com exemplos de palestras que foram bem recebidas em edi&ccedil;&otilde;es anteriores. Eram palestras de alt&iacute;ssimo n&iacute;vel, tanto que chegaram a me intimidar. Isso acabou me distraindo um pouco da confer&ecirc;ncia - fiquei bastante tempo andando pela cidade e elaborando ideias, ou no quarto escrevendo e reescrevendo.</p> <p><img align="right" alt="Frio" src="http://farm5.static.flickr.com/4003/4613660582_b4f24c0f94_m_d.jpg" />Andar por Genebra &eacute; uma experi&ecirc;ncia singular. Um ar rom&acirc;ntico e algo liter&aacute;rio - imposs&iacute;vel n&atilde;o procurar o Outro Borges espreitando em algum banco de pra&ccedil;a, debaixo do frio inesperado para uma primavera. Al&eacute;m disso, a presen&ccedil;a de todas as institui&ccedil;&otilde;es internacionais em torno da ONU - e das delega&ccedil;&otilde;es do mundo inteiro que v&atilde;o para l&aacute; pleitear, debater, influenciar - evoca uma certa sensa&ccedil;&atilde;o de fronteira. Mas &eacute; uma fronteira mundial, uma fronteira de todas as na&ccedil;&otilde;es, que parece atrair a presen&ccedil;a de muitxs <a href="http://tecnomagxs.wordpress.com/2009/07/13/147/">feiticeirxs</a>. A tudo isso se junta a coisa mais fria do dinheiro puro - muitos bancos, muitas lojas de grife, muita gente que cultua essas coisas.</p> <p>Publiquei mais algumas coisas sobre a cidade e a estrutura da Lift no <a href="http://efeefe.no-ip.org/blog/chegada-em-genebra-e-come%C3%A7o-da-lift">meu blog</a>.</p> <p>Uma das poucas sess&otilde;es que assisti foi sobre &quot;<a href="http://liftconference.com/lift10/program/session/redefinition-privacy">A redefini&ccedil;&atilde;o da privacidade</a>&quot;. Anota&ccedil;&otilde;es abaixo:</p> <p><img align="right" src="http://farm5.static.flickr.com/4001/4613047219_10c888bdbf_m_d.jpg" alt="Estrutura da CICG" /><a href="http://liftconference.com/person/oglass1">Oliver Glassey</a> declarou que as redes sociais representam o fim da privacidade. Disse que &eacute; um equ&iacute;voco pensar que as novas gera&ccedil;&otilde;es (os &quot;nativos digitais&quot;, nas palavras dele) n&atilde;o sabem, n&atilde;o se preocupam ou nada fazem em rela&ccedil;&atilde;o a privacidade. Falou tamb&eacute;m sobre a moldagem coletiva da identidade social online: redes sociais como filtragem e enquadramento de identidade; diferen&ccedil;as entre a identidade virtual idealizada vs. a vida real estendida; explora&ccedil;&atilde;o da pr&oacute;pria defini&ccedil;&atilde;o do self. Sugeriu que, ao contr&aacute;rio do que se pensa, os perfis do facebook refletem a personalidade real das pessoas, n&atilde;o a idealiza&ccedil;&atilde;o feita para adequa&ccedil;&atilde;o ao contexto local. Falou ainda sobre a reinven&ccedil;&atilde;o heterog&ecirc;nea dos limites particulares e pessoais: levantou a quest&atilde;o da privacidade como intimidade compartilhada (citando as pessoas que compartilham suas senhas); a oposi&ccedil;&atilde;o entre m&iacute;dia &iacute;ntima e &quot;<em>extimidade</em>&quot;; e sobre a emerg&ecirc;ncia de culturas locais de intimidade e privacidade. Para ele, &eacute; o contexto social que define a privacidade. Comparou as identidades din&acirc;micas &agrave; mudan&ccedil;a r&aacute;pida de roupas. Colocou que a flexibilidade nos papeis sociais &eacute; diferente do ajuste fino de configura&ccedil;&otilde;es de privacidade. Levantou algumas quest&otilde;es importantes: que a pr&oacute;xima brecha digital ser&aacute; entre as pessoas que t&ecirc;m ou n&atilde;o t&ecirc;m a possibilidade de reconstruir a privacidade online; e perguntou quais ferramentas, regras e normas v&atilde;o permitir a mem&oacute;ria social e tamb&eacute;m a <em>amn&eacute;sia social</em> (ambas igualmente importantes).</p> <p>Minha opini&atilde;o sobre a fala do Oliver &eacute; que tudo bem, o p&acirc;nico com a privacidade &eacute; um exagero, mas que existem amea&ccedil;as estruturais a ela que a mera criatividade e flexibilidade sociais n&atilde;o v&atilde;o conseguir enfrentar.</p> <p>Em seguida, entrou o alem&atilde;o <a href="http://liftconference.com/person/christianheller">Chris Heller</a>. Um auto-intitulado futurista, ele entrou no palco falando sobre p&oacute;s-privacidade. Declarou que a privacidade se foi de vez, e que as pessoas tendem a associar privacidade a liberdade. Disse que n&atilde;o concorda totalmente. Usou como exemplo uma vila medieval - n&atilde;o existia privacidade. Evocou a ideia de que o espa&ccedil;o particular &eacute; feminino, e o espa&ccedil;o p&uacute;blico masculino. Disse que tamb&eacute;m associa privacidade ao isolamento e &agrave; vergonha. D&aacute; como exemplo a o fato de que os movimentos feminista e gay tiveram que ir a p&uacute;blico (no sentido <em>oposto &agrave; privacidade</em>) para promover a toler&acirc;ncia, indicando que nem sempre a privacidade se trata de liberdade. Continuou no exemplo da vila medieval, sugerindo que se algu&eacute;m fosse diferente, todos saberiam - o que levaria &agrave; repress&atilde;o da diferen&ccedil;a. Mas contrap&otilde;e a isso o fato de que nas redes, as pessoas podem escolher a sociedade que querem. Falou tamb&eacute;m da gera&ccedil;&atilde;o de conhecimento atrav&eacute;s da abertura (openness) para criticar o DRM.</p> <p>A sess&atilde;o continuou com Martin K&uuml;nzi, do ex&eacute;rcito da salva&ccedil;&atilde;o, falando sobre como usam as redes para suas atividades. N&atilde;o me interessou muito. Mais tarde, <a href="http://liftconference.com/person/lucas-grolleau">Lucas Grolleau</a> contou um pouco do seu trabalho com instrumentos musicais vintage, e fez m&uacute;sica ao vivo com instrumentos e um sampler. A sess&atilde;o terminou com <a href="http://www.liftconference.com/person/chris-woebken">Chris Woebken</a> e <a href="http://www.kenichiokada.com/projects/2008/animalsuperpowers.html">Kenichi Okada</a> apresentando o projeto <a href="http://chriswoebken.com/animalsuperpowers.html">Animal Superpowers</a>, que tenta reproduzir com dispositivos eletr&ocirc;nicos a percep&ccedil;&atilde;o de diferentes animais (formigas, pombos, girafas).</p> <p>Perdi o interesse na sess&atilde;o sobre &quot;As velhas novas m&iacute;dias&quot;. Quase saindo do <a href="http://cicg.ch/en/">CICG</a>, algumas coisas feitas com material reaproveitado chamaram minha aten&ccedil;&atilde;o. Parei para conversar e conheci Michael Shiloh e Judy Castro, que realizavam um workshop de seu projeto <a href="http://teachmetomake.com">Teach me to make</a>, que pros meus olhos tendenciosos pareceu pura MetaReciclagem. Em resumo, os participantes do workshop passaram o dia inteiro inventando coisas a partir de um monte de objetos que estavam por l&aacute;. Toda aquela coisa de incentivar uma sensibilidade criativa do remix, do reuso, da ressignifica&ccedil;&atilde;o. Bom contato, e vou tentar manter pra gente articular algum tipo de interc&acirc;mbio.</p> <p><img alt="Teach me to Make" src="http://farm5.static.flickr.com/4043/4613044897_801cea478f_d.jpg" /></p> <p>No dia seguinte, cheguei para a sess&atilde;o sobre pol&iacute;tica, que come&ccedil;ou com <a href="http://liftconference.com/person/rahafharfoush">Rahaf Harfoush</a>. Ela - que trabalha para o F&oacute;rum Econ&ocirc;mico Mundial - falou sobre a campanha do Obama, numa perspectiva muito norte-americana e objetiva. O tom era sobre ferramentas para conquistar, dominar, obter sucesso e vit&oacute;ria. Me incomodou bastante que uma mesa sobre &quot;pol&iacute;tica&quot; s&oacute; falasse sobre &quot;campanha&quot;. Sinal dos tempos, claro. Espet&aacute;culo puro. Para ela, um v&iacute;deo do Obama jogando basquete, publicado na internet, &eacute; &quot;criar rela&ccedil;&atilde;o com as pessoas&quot;. Depois ela melhorou um pouco, falando sobre opendata. Mas n&atilde;o trouxe nada de novo, na minha opini&atilde;o. Na hora, perguntei no twitter: &quot;e a pol&iacute;tica do dia a dia, onde t&aacute;? pol&iacute;tica t&aacute;tica, de bairro, de vizinhan&ccedil;a. como as tecnologias mudam essa pol&iacute;tica?&quot;. Ela ainda deu uma bola dentro comentando sobre o pessoal do <a href="http://ushahidi.org/">Ushahidi</a>, sobre quem eu j&aacute; tinha ouvido falar pelo <a href="http://cesarharada.com/">Cesar Harada</a>. Rahaf tamb&eacute;m falou sobre o papel das redes sociais nos protestos no Ir&atilde;. Ao fim da apresenta&ccedil;&atilde;o, perguntas:</p> <p><a href="http://www.liftconference.com/person/laurent-haug">Laurent Haug</a>: as m&iacute;dias sociais poderiam ser utilizadas para outras finalidades al&eacute;m de campanhas?<br /> Rahaf sim, para entender o que as pessoas querem.<br /> Laurent: como gerenciar a grande quantidade de perguntas?<br /> Rahaf: O melhor &eacute; deixar as pr&oacute;prias pessoas decidirem quais s&atilde;o as perguntas importantes.<br /> Laurent: Isso ainda funciona se todos fizerem?<br /> Rahaf: A campanha mostrou as possibilidades. Daqui a pouco pode ser diferente.<br /> Laurent: Dados s&atilde;o facas de dois gumes?<br /> Rahaf: Quando uma coisa passa a ser monitorada, outra aparece. As pessoas s&atilde;o espertas.</p> <p>A apresenta&ccedil;&atilde;o seguinte foi de <a href="http://liftconference.com/person/claudia-sommer">Claudia Sommer</a>, do Greenpeace alem&atilde;o. J&aacute; come&ccedil;ou limitada, com Laurent dizendo que o Greenpeace &eacute; outra organiza&ccedil;&atilde;o que est&aacute; &quot;espalhando sua mensagem&quot;. Mais uma apresenta&ccedil;&atilde;o sobre campanhas, sem muita conversa de pol&iacute;tica cotidiana.</p> <p>Encontrei o colega <a href="http://bricolabs.net">bricoleiro</a> Alejo Duque, e aproveitei pra entrevist&aacute;-lo enquanto ele almo&ccedil;ava. Conversamos sobre coisas que est&atilde;o acontecendo no Brasil e na Col&ocirc;mbia, sobre a ideia de laborat&oacute;rios de m&iacute;dia e como ela se adapta a diferentes contextos. Vou publicar a entrevista nas pr&oacute;ximas semanas no <a href="http://culturadigital.br/redelabs/">blog Redelabs</a>.</p> <p>Voltei pro hotel pra preparar minha apresenta&ccedil;&atilde;o, que aconteceria no dia seguinte. Perdi a <a href="http://liftconference.com/lift10/program/talk/antonio-casilli-doomed-be-forever-young-social-archaeology-digital-natives">apresenta&ccedil;&atilde;o</a> do simp&aacute;tico <a href="http://liftconference.com/person/antoniocasilli">Antonio Casilli</a>. Eu at&eacute; queria voltar tamb&eacute;m pro debate sobre <a href="http://liftconference.com/lift10/program/session/whats-line-communities">comunidades online</a>, mas n&atilde;o consegui. Fiquei acordado at&eacute; as tr&ecirc;s e pouco da manh&atilde;, escrevendo.</p> <p>Na sexta-feira, fui ao CICG de manh&atilde; para passar o som e testar meu laptop - tudo muito profissional - e voltei pro hotel pra dormir mais uma horinha. Fui de novo para l&aacute; por volta do meio-dia. Estava terminando de escrever e organizar os slides. A <a href="http://liftconference.com/lift10/program/session/lift-10-stories">sess&atilde;o</a> na qual eu falaria come&ccedil;ou com <a href="http://liftconference.com/person/richardmurton">Richard Murton</a>, da Accenture, desfiando todo o jarg&atilde;o corporativo que tenta descobrir maneiras de transformar a sociabilidade online em dinheiro. Continuou com <a href="http://liftconference.com/person/russelldavies">Russel Davies</a>, do <a href="http://www.reallyinterestinggroup.com/">Really Interesting Group</a>, com uma <a href="http://liftconference.com/lift10/program/talk/russell-davies-printing-internet-out">apresenta&ccedil;&atilde;o</a> que para meu azar foi uma das mais bem avaliadas de toda a confer&ecirc;ncia. Achei tamb&eacute;m metarecicleira uma frase dele: &quot;existem peda&ccedil;os magn&iacute;ficos de infraestrutura dando sopa&quot;. Logo depois de Russel, foi minha vez.</p> <p>J&aacute; publiquei um relato mais detalhado <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/lift-10-metareciclagem-futuros-conectados-no-brasil">aqui</a>, ent&atilde;o n&atilde;o vou me alongar por aqui. Ao fim, algumas pessoas interessantes vieram conversar. Minha percep&ccedil;&atilde;o n&atilde;o foi t&atilde;o boa, mas tudo bem. Gostei de ter sido elogiado pelo <a href="http://twitter.com/nicolasnova">Nicolas Nova</a>, um dos organizadores da Lift. Talvez ainda mais interessante, um monte de gente no Brasil comentou no twitter sobre a apresenta&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Fiquei desconfort&aacute;vel com o formato da Lift - excelente para palestrantes carism&aacute;ticos, o que n&atilde;o &eacute; meu estilo. Tamb&eacute;m me incomodou o foco geral em startups, imagem p&uacute;blica, publicidade e extra&ccedil;&atilde;o de lucro das m&iacute;dias sociais. Puro espet&aacute;culo, muita preocupa&ccedil;&atilde;o com lucratividade e pouca com o mundo l&aacute; fora das planilhas. O fato de terem me chamado e aberto espa&ccedil;o pra outra perspectiva &eacute; interessante, mas ainda assim n&atilde;o pude deixar de me sentir o desvio controlado do tom geral da confer&ecirc;ncia. Lembrei um pouco da Shift em Lisboa, onde falei em 2006. At&eacute; tentei ir &agrave; festa de encerramento da Lift, mas rolou aquela cena t&iacute;pica de entrar no bar, as pessoas olharem por meio segundo e depois voltarem a aten&ccedil;&atilde;o para seus grupinhos fechados outra vez. Galera esquisita, sem muito interesse na diferen&ccedil;a. Ou &eacute; encana&ccedil;&atilde;o minha, deixa pra l&aacute;.</p> <p>Mais sobre a Lift, minha participa&ccedil;&atilde;o e um pouquinho de Genebra <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/lift-10-metareciclagem-futuros-conectados-no-brasil">neste post</a>.</p> <h2>Karlsruhe - ZKM</h2> <p><img align="right" alt="Trabalhando no trem" src="http://farm5.static.flickr.com/4043/4613773446_f3e5018efa_m.jpg" />Fui de Genebra a Karlsruhe no s&aacute;bado, de trem. Ainda na Su&iacute;&ccedil;a, o clima rom&acirc;ntico &agrave; beira do lago L&eacute;man foi mudando para uma paisagem mais inexplorada, de montanha. J&aacute; fui reprogramando a mente para trocar meu parco franc&ecirc;s pelo alem&atilde;o infantil. Fiz conex&atilde;o em Basileia. Ecos de hist&oacute;ria (Nietzsche) e da pol&iacute;tica do <a href="http://lixoeletronico.org">lixo eletr&ocirc;nico</a> (a conven&ccedil;&atilde;o de Basileia). Tem alguma coisa de mistura ali, de um tipo mais comum de fronteira. &Agrave; medida que avan&ccedil;ava para a Alemanha e tomava dist&acirc;ncia da Su&iacute;&ccedil;a, percebia que nesta a mistura entre alem&atilde;es, franceses e italianos pode ter sido ben&eacute;fica para os todos.</p> <p>Percebi com algum espanto que o alem&atilde;o agora me incomoda muito menos do que quando vivi por l&aacute;. &Eacute; claro que a sensa&ccedil;&atilde;o vai al&eacute;m da l&iacute;ngua - diferentes regi&otilde;es da Alemanha t&ecirc;m diferentes n&iacute;veis de abertura e interesse pela diferen&ccedil;a. De dentro do trem, as placas com nomes como Freiburg (Cidade Livre) e Offenburg (Cidade Aberta) davam alguma esperan&ccedil;a. Enquanto me aproximava do Meno, pensava nos antepassados da minha m&atilde;e que trocaram a Alemanha pelo Brasil no in&iacute;cio do s&eacute;culo XIX. Eram camponeses famintos? Desajustados, sonhadores? Atravessaram o mundo por ousadia, gan&acirc;ncia cega, aventura, burrice? Imposs&iacute;vel saber.</p> <p>Karlsruhe me recebeu com sol. O povo &eacute; bastante amig&aacute;vel, a cidade organizada como &eacute; de se esperar e bonitinha como eu n&atilde;o imaginava. Logo ao lado da esta&ccedil;&atilde;o de trem, um monte de bicicletas me fizeram pensar em Amsterdam (e Ubatuba). Fiz check-in no Ibis ao lado da esta&ccedil;&atilde;o, larguei as malas e fui direto ao <a href="http://zkm.de">ZKM</a>. Foi uma visita muito r&aacute;pida, mas significativa. Percorri o m&aacute;ximo que pude dos experimentos expostos l&aacute; - muita coisa interativa, com experi&ecirc;ncias em 3D, e outras experimenta&ccedil;&otilde;es.</p> <p><img alt="Entrada do ZKM" src="http://farm4.static.flickr.com/3586/4613166005_40357c9916.jpg" /></p> <p>Fiquei pensando na import&acirc;ncia desse tipo de espa&ccedil;o de exibi&ccedil;&atilde;o permanente. Tanto no sentido de criar acervo e mem&oacute;ria quanto para formar p&uacute;blico. Tive a impress&atilde;o de que ainda estamos muito no come&ccedil;o, de que ainda &eacute; poss&iacute;vel um monte de experimenta&ccedil;&atilde;o de linguagem e percep&ccedil;&atilde;o, e que isso tamb&eacute;m tem um pouco de adequar a percep&ccedil;&atilde;o. Fiquei pensando na transi&ccedil;&atilde;o da representa&ccedil;&atilde;o pict&oacute;rica em duas dimens&otilde;es para o desenvolvimento do olhar que entende a representa&ccedil;&atilde;o com perspectiva e planos de fuga - al&eacute;m da inova&ccedil;&atilde;o formal, tamb&eacute;m &eacute; importante a forma&ccedil;&atilde;o da percep&ccedil;&atilde;o.</p> <p><img alt="Screen @ ZKM" src="http://farm5.static.flickr.com/4049/4613157823_75c03ea597.jpg" /></p> <h2>Dresden e Berlin</h2> <p><img alt="Twitting!" src="http://farm5.static.flickr.com/4047/4613152889_cd9c8e9641.jpg" /></p> <p><img align="right" alt="Berlin Hauptbanhof" src="http://farm5.static.flickr.com/4045/4613785460_cdece98ffe_m.jpg" />Saindo de Karlsruhe passei dois dias em Dresden, onde vivi por quatro meses em 2007. Passando pelo pr&eacute;dio onde vivia, descobri que existe algu&eacute;m chamadx T.witting ;). Dei algumas voltas em Neustadt, bebi as cervejas locais Radeberger e Waldschl&ouml;sschen, tentei escutar a r&aacute;dio livre do bairro (mas s&oacute; peguei os hor&aacute;rios de m&uacute;sica cl&aacute;ssica). Entrei em contato com o pessoal do TMA, mas n&atilde;o cheguei a visitar o espa&ccedil;o. Foi um tempo mais de descanso e de reconcilia&ccedil;&atilde;o com a cidade que foi t&atilde;o fechada no passado - mas que dessa vez foi mais tranquila, porque eu n&atilde;o tinha expectativas ou maiores compromissos. Percebi mais claramente a import&acirc;ncia de Neustadt - bairro de imigrantes, estudantes, artistas e minorias em geral - em evitar que Dresden vire um inferno neonazi.</p> <p>Encerrei a parte continental da viagem indo de trem at&eacute; Berlim. Estava muito frio para andar, ent&atilde;o acabei passando a hora e meia que tinha antes de ir para o aeroporto na pr&oacute;pria esta&ccedil;&atilde;o de trem. Caf&eacute;, supermercado para comprar mostarda e teewurst, e l&aacute; fui eu para o aeroporto Sch&ouml;nefeld, pegar um <strike>bus&atilde;o a&eacute;reo</strike> v&ocirc;o da Easyjet para Liverpool.</p> http://desvio.cc/blog/rol%C3%AA-parte-1-velhomundo-continental#comments alemanha eventos genebra intercâmbio internacional karlsruhe lift10 liftconference metareciclagem suíça tour trip zkm Mon, 24 May 2010 20:05:49 +0000 efeefe 168 at http://desvio.cc Futuro tudo http://desvio.cc/blog/futuro-tudo <p><img align="right" alt="Contact Theatre" src="http://farm5.static.flickr.com/4011/4616731155_9016cb902a_d.jpg" />O festival <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/">Future Everything 2010</a> (antigo FutureSonic, onde tamb&eacute;m <a href="http://efeefe.no-ip.org/tag/futuresonic">estive em 2008</a>) resolveu levar a s&eacute;rio o princ&iacute;pio de reinventar o formato da confer&ecirc;ncia internacional para tempos hiperconectados e ecologicamente conscientes. No cora&ccedil;&atilde;o da programa&ccedil;&atilde;o para esse ano estava a <a href="http://www.futureeverything.org/festival2010/GloNet">Glonet</a>, um grande interc&acirc;mbio em tempo real entre Jap&atilde;o, Reino Unido, Brasil e Canad&aacute;. Foram realizados paineis conjuntos entre Manchester e cada uma dessas localidades.</p> <p>No Brasil, um pessoal estava no MASP, fazendo apresenta&ccedil;&otilde;es e participando da apresenta&ccedil;&atilde;o de Manchester. Foi uma costura interessante entre o Future Everything, British Council e o <a href="http://www.artemov.net/glonet/#/home">Arte.Mov</a>. <a href="http://twitter.com/bambozzi">Lucas Bambozzi</a> coordenou as mesas desde o Brasil. Foi a primeira vez que vi videoconfer&ecirc;ncia remota realmente funcionando:&nbsp;havia uns gaps, uma ou outra falha de &aacute;udio, mas no geral rolou muito bem. Assisti &agrave; abertura em sampa, tive que sair durante a apresenta&ccedil;&atilde;o do Wisnik e depois vi as falas da <a href="https://twitter.com/gbeiguelman">Giselle Beiguelman</a> e do <a href="http://www.cicerosilva.com/">C&iacute;cero Silva</a>.</p> <p>L&aacute; pelo meio da Glonet com sampa, eu tive vinte minutos para uma apresenta&ccedil;&atilde;o. Em alguns aspectos, foi parecida com a minha <a href="http://desvio.weblab.tk/blog/lift-10-metareciclagem-futuros-conectados-no-brasil">apresenta&ccedil;&atilde;o na Lift</a>, mas com uma &ecirc;nfase especial em alguns pontos, e algumas quest&otilde;es melhor trabalhadas at&eacute; por conta do feedback que tive depois de Genebra. Tentei pegar um pouco mais a quest&atilde;o da cidade como referencial que a gente herdou da matriz europeia sem ter passado pelo mesmo processo de evolu&ccedil;&atilde;o e acomoda&ccedil;&atilde;o ao longo dos s&eacute;culos ou mil&ecirc;nios, e passei menos tempo detalhando a hist&oacute;ria da MetaReciclagem. No come&ccedil;o, parece que falei r&aacute;pido demais (estava rolando uma tradu&ccedil;&atilde;o no Brasil, coisa que eu n&atilde;o tinha imaginado que ia rolar), e em alguns pontos tivemos alguns problemas de &aacute;udio.</p> <p>Depois que eu falei, abrimos para coment&aacute;rios, e recebi alguns coment&aacute;rios direto do Brasil. Por algum tempo, s&oacute; vi o Lucas comentando sem &aacute;udio, mas consegui pegar no final ele falando sobre como muitas vezes o software livre &eacute; acompanhado de uma atitude que n&atilde;o &eacute; livre. &Eacute;&nbsp;verdade, mas isso n&atilde;o &eacute; inerente ao software livre - vem das pessoas, e &eacute; com elas que precisa ser resolvido. Ele tamb&eacute;m mencionou que no come&ccedil;o havia muito mais criatividade e efervesc&ecirc;ncia acontecendo nessa esfera, e a&iacute; eu discordo totalmente. Ainda vejo muita coisa muito interessante acontecendo, ainda que com outras pessoas.</p> <p>C&iacute;cero Silva criticou um certo exoticismo quando eu falava da gambiarra:&nbsp;questionou se fazendo isso a gente n&atilde;o est&aacute; desviando das quest&otilde;es mais importantes e nos colocando como inferiores de certa forma - o que levaria os &quot;pa&iacute;ses ricos&quot; a nos dar algum dinheiro pra fazer nossas macaquices enquanto eles continuavam seu pr&oacute;prio ritmo. Eu consigo ver a l&oacute;gica do argumento dele, que tamb&eacute;m &eacute; parecida com uma cr&iacute;tica que eu j&aacute; ouvi em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; MetaReciclagem logo no come&ccedil;o: &quot;s&oacute; porque &eacute; inclus&atilde;o digital a galera n&atilde;o merece computador novo?&quot;. Na hora respondi pro C&iacute;cero que se funcionar como estrat&eacute;gia pros &quot;pa&iacute;ses ricos&quot; darem dinheiro pra gente, eu n&atilde;o reclamo. Mas eu tamb&eacute;m acho mais algumas coisas:&nbsp;a minha <a href="/tag/gambiologia">defesa da gambiarra</a> como habilidade criativa essencial, como tra&ccedil;o da inova&ccedil;&atilde;o cotidiana que pode sim influenciar os processos industriais, n&atilde;o exclui outras possibilidades conceituais e experimentais. Me interesso pelo tipo de tecnologia que pode ser desenvolvida quando se reconhece que as pessoas t&ecirc;m muita criatividade s&oacute; esperando pelas ferramentas certas. Mas nunca me coloquei como porta-voz de toda a cultura eletr&ocirc;nica no Brasil. Tem gente fazendo coisas muito avan&ccedil;adas, que n&atilde;o se relacionam muito com o DIY, o hardware livre, o improviso e a eterna dan&ccedil;a da inven&ccedil;&atilde;o em meio &agrave; precariedade. Mas eu n&atilde;o tenho nenhuma obriga&ccedil;&atilde;o de falar sobre essas coisas - falo do que me interessa, onde for relevante. Quanto a isso, o moderador <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2174">Adam Greenfield</a> afirmou depois que achou interessante e inspiradora a perspectiva da gambiarra (sempre engra&ccedil;ado ouvir o pessoal tentando falar &quot;gambiarra&quot; e &quot;metareciclagem&quot;).</p> <p>Mais um participante do Brasil comentou alguma coisa sobre sociedade descentralizada e em rede, e no fim perguntou &quot;who will rule it&quot;. Na hora, achei que ele tinha perguntado &quot;quem vai mandar&quot; e respondi longamente dizendo que n&atilde;o sabia. Mas agora acho que ele pode ter tentado questionar &quot;quem vai fazer as regras&quot;. E isso &eacute; outro debate em si. Espero que as regras possam ser feitas cada vez mais a partir de princ&iacute;pios e padr&otilde;es abertos e colaborativos, mas isso &eacute; uma luta grande e cada vez mais feia.</p> <p><a href="http://twitter.com/tapmak"><img align="right" alt="Monitored landscape" src="http://farm5.static.flickr.com/4060/4617343880_4d2e6c81a5_d.jpg" />Tapio Makela</a>, que precisou sair antes de a sess&atilde;o acabar, mais tarde me perguntou se o enquadramento em uma imagem nacional seria uma estrat&eacute;gia, uma t&aacute;tica ou uma realidade. Eu acho que s&atilde;o as tr&ecirc;s coisas:&nbsp;uma dire&ccedil;&atilde;o deliberada para influenciar como as coisas acontecem tanto no &acirc;mbito interno quanto externo - coisas que apesar de toda a integra&ccedil;&atilde;o v&atilde;o continuar existindo enquanto existirem fronteiras -; uma inven&ccedil;&atilde;o cotidiana feita para subverter a microescala das estrat&eacute;gias alheias; e com certeza a compreens&atilde;o de que diferentes din&acirc;micas sociais acabaram por influenciar o entendimento que xs brasileirxs temos de n&oacute;s mesmxs e do nosso lugar no mundo.</p> <p>Durante os tr&ecirc;s dias que estive em Manchester, ainda dei uma circulada pela cidade e pude ver um pouco da programa&ccedil;&atilde;o paralela do Festival. Algumas coisas bem interessantes, como <strike>a m&aacute;quina de fazer m&uacute;sica</strike>&nbsp;o <a href="http://createdigitalmusic.com/2009/06/22/maker-faire-music-moldover%E2%80%99s-syncomasher-live-electronica-controllerism-for-everyone/">Syncomasher</a> do <a href="http://www.futureeverything.org/community/newuser?id=2135">Moldover</a> no primeiro andar do Contact Theatre, e as pe&ccedil;as expostas no pub do Palace Hotel - como a Monitored Landscape no. 16, de Robin Tarbet, que montou uma cidade com peda&ccedil;os de eletr&ocirc;nicos. Tamb&eacute;m fiz uma visita ao <a href="http://www.arcspacemanchester.org.uk/portal/">Arc Space</a>, mas isso vai ser assunto pra um <a href="http://rede.metareciclagem.org/blog/25-05-10/Duas-conversas-em-Manchester">post no blog da MetaReciclagem</a>.</p> <p><img alt="Detalhe da máquina de música" src="http://farm5.static.flickr.com/4013/4617344274_8f6683e634_d.jpg" /></p> <p>Pra quem quer ver mais:</p> <ul> <li><a href="http://www.scribd.com/doc/31578974/MetaReciclagem-Future-Everything-Glonet-Text-efeefe">Texto da minha apresenta&ccedil;&atilde;o</a></li> <li><a href="http://www.scribd.com/doc/31578965/MetaReciclagem-Future-Everything-Glonet-efeefe">Slides da minha apresenta&ccedil;&atilde;o</a></li> <li><a href="http://www.flickr.com/photos/felipefonseca/tags/futr/">Fotos durante o Future Everything</a></li> <li><a href="http://www.flickr.com/photos/felipefonseca/tags/manchester">Todas minhas fotos em Manchester</a></li> <li><a href="http://desvio.weblab.tk/blog/rol%C3%AA-parte-2-velhomundo-insular">Mais sobre minha passagem pelo Reino Unido</a></li> </ul> <p><strong>Atualizando:</strong>&nbsp;acabei nem comentando sobre o <a href="http://www.contact-theatre.org/">Contact Theatre</a>, o n&oacute; principal do festival. &Eacute;&nbsp;uma constru&ccedil;&atilde;o meio estranha, mas com uma programa&ccedil;&atilde;o muito interessante - bastante m&uacute;sica independente, festivais alternativos e tal. Me perdi algumas vezes nos corredores para as salas, e gostei. A cerveja &eacute; boa e a comida razo&aacute;vel.</p> http://desvio.cc/blog/futuro-tudo#comments eventos futr future everything manchester metareciclagem trip Wed, 19 May 2010 01:28:25 +0000 efeefe 167 at http://desvio.cc Lift 10 - MetaReciclagem - Futuros Conectados no Brasil http://desvio.cc/blog/lift-10-metareciclagem-futuros-conectados-no-brasil <p><img align="right" alt="Programação visual da Lift" src="http://farm4.static.flickr.com/3301/4613043859_bd3debe253.jpg" />Na semana passada palestrei na <a href="http://liftconference.com/lift10">Lift Conference</a>, em Genebra. Os dias na cidade foram interessantes - e mais frios do que eu esperava. Encontrei o camarada <a href="http://bricolabs.net">bricoleiro</a> Alejo Duque, senti um pouco do clima internacional, com o que tem de bom e ruim, bebi o melhor chocolate quente da minha vida na Chocolaterie du Rh&ocirc;ne e comi um verdadeiro fondue su&iacute;&ccedil;o.</p> <p>A <a href="http://head.hesge.ch/made/media-design/2010/04/24/modedemo/">mostra</a> da <a href="http://hmrge.ch/">Escola de Arte e Design</a>, depois de uma olhada mais profunda, tinha algumas coisas interessantes. Uma delas era o experimento de <a href="http://www.interaction.rca.ac.uk/ka-fai-choy">Ka Fai Choy</a> sobre a mem&oacute;ria muscular de movimentos - <a href="http://www.interaction.rca.ac.uk/kafai-choy/eternal-summer-storm">Eternal Summer Storm</a>. Usando eletrodos para controlar o movimento de alguns m&uacute;sculos, ele tenta recriar os movimentos de uma performance cl&aacute;ssica de teatro japon&ecirc;s.</p> <p><img alt="Eternal Summer Storm" src="http://farm4.static.flickr.com/3572/4613662300_fbb5c12b47.jpg" /></p> <p>Mas quase todo o restante da confer&ecirc;ncia era puro interesse corporativo:&nbsp;consultorias, startups, publicidade, aquele clima de dinheiro f&aacute;cil e especula&ccedil;&atilde;o forte. J&aacute; cansado desse clima, me surpreendi logo no primeiro dia, ao encontrar o pessoal do <a href="http://www.teachmetomake.com/">teach me to make</a> fazendo um workshop. Puro esp&iacute;rito <a href="/tag/gambiologia">gambiol&oacute;gico</a> em a&ccedil;&atilde;o! Troquei contatos, e ainda vou conversar mais com eles.</p> <p><img alt="Teach me to make" src="http://farm4.static.flickr.com/3413/4613045291_d99fe96467.jpg" /></p> <p><img alt="Useless but cool" src="http://farm5.static.flickr.com/4008/4613045931_f252fd2ae1_d.jpg" /></p> <p>Antes da confer&ecirc;ncia, um dos organizadores tinha me mandado alguns exemplos de palestras que foram bem recebidas na Lift. Me assustei com o formato espet&aacute;culo da coisa:&nbsp;muito bom pra palestrantes carism&aacute;ticos, mas n&atilde;o exatamente a minha praia. Pra combater a inseguran&ccedil;a (e evitar o devaneio excessivo no qual muitas vezes incorro), decidi escrever um texto e tentar ler durante a minha apresenta&ccedil;&atilde;o de vinte minutos. Terminei o texto meia hora antes da apresenta&ccedil;&atilde;o. O&nbsp;palestrante que foi antes de mim, do <a href="http://www.reallyinterestinggroup.com/">RIG</a>, foi muito bem. At&eacute; demais :P</p> <p>Subi no palco, vi aquele monitor grande olhando pra mim, o rel&oacute;gio com a contagem regressiva, e comecei meus vinte minutos de quase-leitura. Dei algumas engasgadas, falei algumas palavras que duvido que algu&eacute;m tenha compreendido. L&aacute; pelo meio, vi que s&oacute; tinha mais um quarto do tempo, e resolvi pular alguns trechos. Talvez tenha escolhido os trechos errados para pular.</p> <p>N&atilde;o gostei do resultado. Claro que tem a&iacute; a minha pouca familiaridade com o formato e com o pr&oacute;prio p&uacute;blico da confer&ecirc;ncia, mas de qualquer forma foi bom depois receber um feedback positivo de algumas pessoas presentes, dos organizadores e - mais ainda - da galera que assistiu o streaming no Brasil.</p> <p>De qualquer forma, publiquei o texto que eu deveria ter lido e os slides que apresentei e colei aqui embaixo, junto com os v&iacute;deos brutos que eles transmitiram. Espero que possam ser &uacute;teis pra algu&eacute;m.</p> <ul> <li><a href="http://www.scribd.com/doc/31417212/MetaReciclagem-Lift10-Text-efeefe">Texto no Scribd</a>.</li> <li><a href="http://www.scribd.com/doc/31416994/MetaReciclagem-Lift10-efeefe">Slides no Scribd</a>.</li> <li><a href="http://www.livestream.com/liftconference/video?clipId=pla_8ed41485-3509-47b5-92c2-c89bf2e0f83f&amp;utm_source=lslibrary&amp;utm_medium=ui-thumb">V&iacute;deo - Parte 1</a>.</li> <li><a href="http://www.livestream.com/liftconference/video?clipId=pla_ba8b9381-d3d7-4150-bb85-feb7cb4fd531&amp;utm_source=lslibrary&amp;utm_medium=ui-thumb">V&iacute;deo - Parte 2</a>.</li> <li><a href="/tag/lift10">Mais sobre a Lift 10</a> aqui no Desvio.</li> </ul> http://desvio.cc/blog/lift-10-metareciclagem-futuros-conectados-no-brasil#comments eventos genebra lift10 metareciclagem trip Sat, 15 May 2010 23:43:04 +0000 efeefe 166 at http://desvio.cc