clipping http://desvio.cc/taxonomy/term/125/all pt-br Entrevista - MSST http://desvio.cc/blog/entrevista-msst <p>Glerm me <a href="http://devolts.org/msst/?p=169">entrevistou</a> (e entrevistou tamb&eacute;m mais <a href="http://devolts.org/msst/?tag=entrevista">um monte de gente</a>)&nbsp;para o blog do MSST (Movimento dos sem-sat&eacute;lite). Abaixo a minha parte:</p> <p><strong>2010/5/5 glerm soares:<br /> &gt; Como come&ccedil;ou seu trabalho com software livre? Qual seu interesse atual neste<br /> &gt; sistema colaborativo? Que voc&ecirc; acha do hardware livre? Que acha do termo<br /> &gt; &quot;cultura livre&quot;?<br /> </strong>Eu comecei a ler sobre software livre muito antes de usar software livre. L&aacute; por 2000 e 2001, tava come&ccedil;ando a tentar entender as possibilidades de cria&ccedil;&atilde;o e inova&ccedil;&atilde;o colaborativas entre pessoas que se relacionavam por redes. Ao mesmo tempo em que o Hernani Dimantas me passava umas dicas de leitura (manifesto cluetrain, hakim bey, outros), eu ia aprendendo um pouco sobre o software livre em termos mais conceituais. Quando resolvi tentar transformar essas ideias colaborativas em um sistema de &quot;gest&atilde;o da inova&ccedil;&atilde;o&quot; (foi mal, eu trabalhava em empresa e falava a l&iacute;ngua delas nessa &eacute;poca) &eacute; que pude ter um contato mais direto com o c&oacute;digo aberto e livre. Instalei e estudei o Zope. Montei uns sisteminhas toscos. Conheci um script pronto de CMS que imitava o slashdot e outro que implementava um &quot;wiki&quot;, que na &eacute;poca eu nem sabia o que era. Gostei daquilo, mas achava o zope muito pesado.<br /> Comecei a brincar com scripts livres que rodavam em PHP: phpnuke, postnuke, b2, nucleus e outros. Em 2002 com o projeto Met&aacute;:Fora e a necessidade de fazer um site pra organizar informa&ccedil;&atilde;o, configurei um phpwiki e isso foi o come&ccedil;o de uma hist&oacute;ria longa que entre outras coisas desembocou na MetaReciclagem.<br /> Quando montamos o primeiro laborat&oacute;rio de MetaReciclagem, no come&ccedil;o de 2003, &eacute; que comecei a usar software livre como meu sistema operacional principal, e aprendi um monte observando a galera usar. Faz tempo que n&atilde;o sinto falta de sistemas propriet&aacute;rios no dia a dia. Na pr&aacute;tica, eu uso bastante software livre, mas n&atilde;o sou um programador - no m&aacute;ximo eu copicolo umas coisas, mas no geral sou s&oacute; um usu&aacute;rio fu&ccedil;ador.<br /> Hardware livre eu acho interessante por um monte de meta-motivos - n&atilde;o necessariamente pelo hardware em si, mas pelas possibilidades de aprendizado e inova&ccedil;&atilde;o distribu&iacute;da que ele abre. Acho que tem muitos caminhos a&iacute; que questionam uma certa centraliza&ccedil;&atilde;o e um certo encapsulamento da ideia de inova&ccedil;&atilde;o - uma cr&iacute;tica ao complexo industrial que afirma que essa inova&ccedil;&atilde;o e esa criatividade s&oacute; podem acontecer nas etapas iniciais da cadeia de produ&ccedil;&atilde;o. Imagino que vai haver (j&aacute; est&aacute; havendo?) um ponto em que parte da ind&uacute;stria vai se apropriar dessas ideias e conceitos, e passar a fabricar produtos que j&aacute; incorporem essa indetermina&ccedil;&atilde;o. Outra parte da ind&uacute;stria parte para o caminho contr&aacute;rio - controlando ao m&aacute;ximo, coibindo a ressignifica&ccedil;&atilde;o e a apropria&ccedil;&atilde;o. N&atilde;o sei bem o que acontece depois, mas nesse cen&aacute;rio a parte da ind&uacute;stria que parte para a abertura &eacute; bem melhor do que a outra. Fica a pergunta de como a gente - e quem &eacute; esse &quot;a gente&quot; &eacute; ainda outra quest&atilde;o - se relaciona com essa ind&uacute;stria que busca a abertura. Vamos combater? Vamos ajudar? Vamos nos vender? Eles pelo menos sabem que a gente existe?<br /> A cultura livre ainda ficou na promessa. Tem uma possibilidade de dinamizar esquemas de cria&ccedil;&atilde;o e produ&ccedil;&atilde;o muito mais profundos, mas a galera ainda tem medo de liberar os materiais brutos, as refer&ecirc;ncias, os insights. Ficam s&oacute; nessa onda de liberar material pronto, e isso n&atilde;o &eacute; liberdade de verdade - &eacute; muito mais uma estrat&eacute;gia de divulga&ccedil;&atilde;o em tempos de hiperconex&atilde;o. Mas de todo modo, esse hype tem pelo menos o cr&eacute;dito de ter questionado o mito do autor renascentista, do g&ecirc;nio que se isola, cria e fica rico com isso. Isso pode ser impress&atilde;o minha &agrave; medida que o tempo passa, mas quero acreditar que hoje em dia a molecada com banda t&aacute; menos preocupada em assinar contrato com gravadora e ficar milion&aacute;ria. N&atilde;o sei bem, o que tu pensa disso?</p> <p><strong>&gt; Voc&ecirc; considera-se um artista? De alguma forma voc&ecirc; interage com circuitos<br /> &gt; art&iacute;sticos, mas<br /> &gt; parece estar interessado em ir al&eacute;m. Que circuitos s&atilde;o estes?<br /> </strong>N&atilde;o me considero um artista, mas de maneira geral sufixos como -ista, -eiro, -or s&atilde;o uma coisa que eu n&atilde;o sou de usar muito. Eu j&aacute; quis ser - talvez nessa ordem - guitarrista, engenheiro de som, fot&oacute;grafo, videomaker, animador, diretor de arte, diretor de cria&ccedil;&atilde;o, redator, webdesigner, consultor, escritor e outras coisas. L&aacute; pelos 22 eu parei com essa ideia de querer ser alguma coisa.<br /> Mas a arte &eacute; uma coisa que passou longe da minha forma&ccedil;&atilde;o, e uma ideia com a qual eu s&oacute; passei a me relacionar h&aacute; poucos anos. No come&ccedil;o da MetaReciclagem, eu tinha um p&eacute; atr&aacute;s com &quot;a arte&quot; porque n&atilde;o entendia muito a relev&acirc;ncia dela. Hoje entendo que, se existe um abismo entre os circuitos art&iacute;sticos e o mundo l&aacute; fora, tamb&eacute;m existe um grande potencial para costurar possibilidades efetivas de constru&ccedil;&atilde;o de conhecimento, forma&ccedil;&atilde;o de imagin&aacute;rio, explora&ccedil;&atilde;o simb&oacute;lica e transforma&ccedil;&atilde;o de consci&ecirc;ncias atrav&eacute;s de pontes entre a arte, o ativismo e os projetos sociais.<br /> Os circuitos com os quais eu quero trabalhar na verdade ainda est&atilde;o sendo criados. S&atilde;o essas pontes, hoje mais poss&iacute;veis com o enredamento de tudo, que exigem uma grande flexibilidade e uma grande disposi&ccedil;&atilde;o para o di&aacute;logo, mas que t&ecirc;m o potencial de dar maior aprofundamento para uns e maior penetra&ccedil;&atilde;o para outros.</p> <p><strong>&gt; O que voc&ecirc; pensa sobre nossa localiza&ccedil;&atilde;o nos mapas? &Eacute; poss&iacute;vel<br /> &gt; identificarmos um fluxo comum de pessoas que v&atilde;o al&eacute;m de nacionalidade e<br /> &gt; fronteiras interagindo - como &eacute; poss&iacute;vel reconhecer-nos?<br /> </strong>N&oacute;s quem? Conhecer &eacute; um processo de um a um - existem, claro, ind&iacute;cios e sinaliza&ccedil;&otilde;es, mas a ideia de &quot;mapa&quot; sup&otilde;e uma objetividade que n&atilde;o acho que sirva pra esses encontros e reconhecimentos. Mapas s&atilde;o coisas muito mais simples e limitadas. Tamb&eacute;m - se o mapa &eacute; o produto da cartografia, o que &eacute; que geram os descart&oacute;grafos? Eles precisam gerar alguma coisa?</p> <p><strong>&gt; O que &eacute; a ci&ecirc;ncia hoje? Como ela pode ir al&eacute;m das idiossicrasias culturais e<br /> &gt; ling&uuml;isticas de cada localiza&ccedil;&atilde;o geogr&aacute;fica? Como ela pode ir al&eacute;m dos<br /> &gt; interesses geopol&iacute;ticos e corporativos da globaliza&ccedil;&atilde;o alienadora de<br /> &gt; subjetividades?<br /> </strong>A ci&ecirc;ncia &eacute; um leque gigantesco - vai desde gerar inova&ccedil;&atilde;o para o complexo industrial-militar, desenvolver tecnologias para melhorar a vida e diminuir o impacto humano no planeta, at&eacute; a aplica&ccedil;&atilde;o de metodologias para gerar e compartilhar conhecimento para diferentes problemas. A ci&ecirc;ncia em geral n&atilde;o vai ir al&eacute;m dessas limita&ccedil;&otilde;es, porque ela n&atilde;o &eacute; um corpo homog&ecirc;neo. O que acho interessante, seguindo o tema do pr&oacute;ximo interactivos que acontece m&ecirc;s que vem em Madrid, &eacute; pensar em como essas pr&aacute;ticas que v&ecirc;m a&iacute; do hardware livre, do software livre, podem influenciar no movimento que t&aacute; rolando, da migra&ccedil;&atilde;o da &quot;ci&ecirc;ncia de garagem&quot; para a &quot;ci&ecirc;ncia de bairro&quot;. Em outras palavras, talvez o que a gente tem feito por essas bandas possa ajudar a transformar o imagin&aacute;rio desde um modelo de inova&ccedil;&atilde;o no espa&ccedil;o particular - muitas vezes motivada pela mitologia do sucesso na sociedade do consumo - para um modelo de inova&ccedil;&atilde;o no espa&ccedil;o p&uacute;blico, e voltada para solucionar problem&aacute;ticas desse espa&ccedil;o p&uacute;blico. Se trata inclusive de repensar a pr&oacute;pria ideia de espa&ccedil;o p&uacute;blico, que nas grandes cidades do Brasil e do mundo n&atilde;o &eacute; t&atilde;o p&uacute;blico assim.</p> <p><strong>&gt; O que podemos pensar para al&eacute;m da Internet? Que tipo de pr&aacute;ticas poderiam<br /> &gt; estimular um melhor entendimento de nossa condi&ccedil;&atilde;o atual de criadores de<br /> &gt; redes e criadoras nas redes?<br /> </strong>As redes s&atilde;o muito anteriores &agrave; internet. A gente tem visto a internet dar muito mais for&ccedil;a para redes que j&aacute; existiam, e isso em si j&aacute; &eacute; uma vit&oacute;ria - at&eacute; uns seis anos atr&aacute;s, essas redes paralelas eram coibidas em projetos p&uacute;blicos de inclus&atilde;o digital, hoje s&atilde;o incentivadas. Isso &eacute; sinal de uma transforma&ccedil;&atilde;o mais profunda, talvez de um desaparecimento total das fontes &quot;confi&aacute;veis&quot; de informa&ccedil;&atilde;o. Isso tem consequ&euml;ncias positivas e negativas. Agora, que tipo de pr&aacute;ticas? Acho que a gente j&aacute; tem feito muitas delas, com tanta conversa online sobre conversa online, com essa entrevista, com os encontros &amp; debates. Mais gente tem que participar, mas a&iacute; &eacute; como l&aacute; em cima - vai chegando 1 de cada vez.</p> <p><strong>&gt; O que &eacute; MSST?</strong><br /> Ainda t&ocirc; tentando entender, como todo mundo.</p> <p><strong>&gt; Que perguntas o MSST deveria fazer pra sociedade?</strong><br /> Que parte da sociedade?</p> http://desvio.cc/blog/entrevista-msst#comments clipping entrevista msst Fri, 14 May 2010 10:03:56 +0000 efeefe 165 at http://desvio.cc