metareciclagem

Interdependência enredada

Mandando minha colaboração para a blogagem coletiva do Dia da In(ter)dependência.

Por conta de alguns movimentos recentes, mas ainda seguindo uma obsessão que já dura sete anos, tenho conversado bastante sobre a MetaReciclagem nas últimas semanas. Orlando trouxe uma imagem interessante - o reacesso - que com certeza faz bastante sentido para mim. No processo de coleta e compilação do História da / Histórias de MetaReciclagem, uma das coisas mais importantes para mim foi poder revisitar hoje - com um pouquinho mais de experiência - as ações, ideias e insights do passado, minhas e nossas.

Tem um aspecto obviamente constrangedor: eu certamente não escreveria algumas coisas, não tomaria algumas decisões, e colocaria algumas coisas de modo diferente hoje em dia. Mas também traz a possibilidade de aplicar uma perspectiva histórica - afinal sete anos não são tão pouco tempo - e entender como as ideias se desenrolam e desenvolvem com o tempo. Essa dobra ajuda a trazer novas possibilidades para o futuro, ao passo que também segura um pouco a megalomania (hm, ok, não segura muito não). >>Leia mais

MetaIndependência

Como diz Espinosa: Liberdade não é um direito. É uma conquista. Eu acho que independência também não é dada. Há de se hackear.

Independência desde sempre foi a proposta do MetaReciclagem. Não foi por acaso que o MetaRec entrou no circuito da mídia tática. E, sob esse espirito tem participado efetivamente do processo de apropriação da tecnologia para a transformação social.

Não sei se é apenas a minha percepção. Mas eu creio que o MetRec tem contribuído de forma impactante para a revolução que fazemos parte. A pegada do nosso tempo nos apresenta mudanças drásticas de como a sociedade está se moldando. Pensar que uma grande parte das pessoas conectadas são consideradas fora da lei simplesmente por baixar músicas, filmes, publicar conteúdo proprietário. Projetos como o sabotagem apenas informam que a multidão hiperconectrada não está afins de respeitar o copyright. Ninguém segura essa explosão de necessidades.

Copyright é apenas uma questão. Não adianta conhecer o que está invisível para uma grande parte da população. Atuar no gap informacional em quaisquer instâncias tem sido o nosso campo de ação. Oficinas, conversas, desconferências são espaços de agenciamentos coletivos. O conhecimento quer ser livre. As pessoas querem o acesso livre. Esse é um enclave para se conquistar. A MetaIndepência de links, de agenciamentos, de generosidades e daquilo que nos faz continuar a ser humanos. Essa é a forma da revolução se propagar. >>Leia mais

Sem fio - plataforma etérea

Como comentei no post anterior, já há algum tempo temos articulado referências sobre possibilidades relacionadas a redes sem fio. No começo era uma curiosidade técnica, mais uma potencial expansão de horizontes do eterno jogo de descoberta que é brincar com tecnologia livre (o que faz com que muita gente - eu incluído - acabe se dedicando a projetos que não dizem nada para outras pessoas, justamente porque não conseguem explicar essa dimensão do fascínio da descoberta, mas isso é outro assunto). Com o tempo, acabei misturando a pesquisa de redes sem fio com a exploração conceitual de paralelos entre magia e tecnologia (mais sobre isso no meu blog de tecnomagia). Também começava a formular uma questão: como pode se articular a perspectiva da MetaReciclagem e das várias mimoSas que rolaram por aí - que demonstram de maneira muito concreta o potencial da apropriação crítica de tecnologias - com esse universo mais etéreo das redes sem fio. >>Leia mais

Conserto e inovação

Felipe Albertão nos encaminhou esse estudo de Jan Chipchase para o centro de pesquisa da Nokia em Toquio, mostrando a escala e algumas especificidades do mercado informal de conserto de celulares em países emergentes. Gambiologia FTW!

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Destruição

Topei essa semana com o post dos Obsoletos sobre o prazer da destruição. Lembrei de algum dia no passado quando imaginamos uma oficina de MetaReciclagem que começasse com um ritual de destruição de um computador. Destruição mesmo, sem se preocupar se seria possível reaproveitar o material depois. A ideia era dessacralizar (ou, invertendo, consagrar a Shiva) os equipamentos. Tratar como abundância o que era considerado lixo, e dar às pessoas o luxo de desperdiçar esses recursos. Tem a ver também com a obsolescência programada de Lucas Bambozzi, que já comentamos aqui. Mas nunca encontramos oportunidade de levar a cabo esse tipo de oficina. Ainda vai rolar.

Redes

Nos últimos dias tenho folheado de maneira descompromissada algumas publicações que recebi recentemente da Holanda: Organized Networks, de Ned Rossiter; From Weak Ties to Organised Networks, publicação pós-Wintercamp (que já comentei por cima aqui); e a caixa e-culture, uma caixa com um DVD, um folheto e três livros. Não foi de propósito, mas isso me pegou no meio do planejamento e primeiras conversas relacionadas à aplicação dos recursos do Prêmio de Mídia Livre que a MetaReciclagem levou, e acabei estendendo alguns insights a essa busca mais prática. >>Leia mais

Obsolescência

No editorial do M/C Journal dedicado à Obsolescência:

É possível afirmar que a fetichização perene da "juventude", da subcultura e do novo nos estudos de cultura e mídia foi intensificada pela mudança para o foco em tecnologias de novas mídias. Talvez isso tenha acontecido às custas de um foco no antigo, no ordinário, e no que aconteceu anteontem. (Driscoll e Gregg). Um foco na obsolescência nos permite estimar os custos completos de nosso impulso perene à novidade. Nos permite analisar a série de reavaliações que as tecnologias tipicamente sofrem à medida que elas passam de novidade a entulho, a coletável. Nos ajuda a pensar sobre as relações entre o uso da tecnologia e a posição social de quem a usa.

Jason Anthony Wilson, Jason Jacobs

Tanda

Tanda foundationGeraldine Juarez, que eu conheci ano passado durante o Futuresonic, não está mais em Nova Iorque mas continua envolvida com projetos bem interessantes.

Um deles é a tanda foundation, uma rede de financiamento para projetos artísticos e experimentais baseada em uma ferramenta online, onde as pessoas podem enviar pedidos de bolsas projetos para os quais pedem apoio (em "cash" ou "fame").  Idealmente todxs doam, todxs enviam projetos, e votam 1s nos projetos de outrxs. Cada pedido de bolsa vale por três meses, e todo mês é dada uma bolsa em cash e em fama. Ela conta que o sistema está lento, mas está lá. Mais do que um modelo definitivo, a tanda parece uma boa referência ao propor uma maneira participativa e colaborativa para gestão de recursos. Mistura uma lógica de leilão (oferta vs. lances) com a idéia de decisão coletiva e distribuição de pontos limitados de karma que organiza sites como o slashdot. Eles também adotam a postura de ser uma organização "ilegal" sem fins lucrativos no sentido de que decidem não incorporar a rede em uma instituição legal, o que tem um pouco a ver com a maneira como a MetaReciclagem evoluiu e se manteve,

O rodapé do site incentiva a criação de projetos inspirados na idéia da tanda. Vou perguntar para ela se o sistema também é replicável.