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Os tempos estão mudando, como sempre. A tal crise financeira pode ter servido no mínimo pra criticar os apóstolos da fórmula crescimento-produção-consumo-descarte, questionar o vício no upgrade. Até vozes na grande mídia estão aceitando que talvez os videiros tivessem razão. Que em vez de uma indústria fabricando cada vez mais produtos que duram menos, talvez seja a hora de as pessoas criarem produtos elas mesmas.

Naturalmente, todos esses indícios são limitados. É razoável tentar inferir uma visão geral: finalmente, o século XX está acabando. Já não era sem tempo. Mas ainda existem muitas estruturas a desconstruir. Lá no mundo que se define como "desenvolvido" (e muita gente discorda), exageraram na especialização e todos viraram reféns da restrição do conhecimento. Um amigo que vive em Londres conta que se quiser consertar sozinho um interruptor quebrado, o senhorio pode processá-lo. Em nome do caminho do progresso, retirou-se de uma população inteira a liberdade da inovação cotidiana, e tudo virou consumo. Compre pronto, use por pouco tempo e jogue fora. Produza lixo, e não se preocupe com onde ele vai parar. Não crie nada, deixe isso para os especialistas. >>Leia mais

PDCon

Domingo, dia 19 de julho fui ao MIS assistir a abertura oficial do PD_CON09, uma palestra do Miller Puckette, o criador do Puredata. Lindo, irônico e divertido, ele iniciou falando que como em todos os encontros a fala dele é sempre demorada, então ia se sentar. Durou mais ou menos uma hora e meia, em inglês -claro- e dentro dessas horas o que mais me chamou atenção foi ele ter dito que o Puredata tinha sido pensado para se trabalhar com música, e que fica contente de ver a galera usando de outras formas, dando outro sentido ao objetivo dele. No PD_CON acontecem muitas mudan'cas de lugar e as 20:00 já estávamos no Sesc Paulista: belo terraço, ambiente na medida para que todos se conhecessem. Rolou uma performance bem bacana do Ed Kelly, manipularam um sonzinho de entortar a cabeça. Várias línguas rolando, russo, francês, inglês, espanhol... >>Leia mais

Gênese solar

Ontem, de passagem pelo MIS e tomando a notícia de que levaria o cano em uma reunião, acabamos conhecendo Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, terminando de montar sua instalação Solar, que abriria em algumas horas. Alguns imprevistos tinham acontecido, mas Rejane nos mostrou todo o mecanismo: um módulo no chão permite controlar o mapa projetado em 180 graus, e dois dials deixam escolher o mês e a hora. A partir daí, uma lâmpada simula a posição do sol. Tem ainda outra interface de controle, por reconhecimento de voz. Segundo Rejane, a parte do sol ainda vai demorar alguns dias pra funcionar direito.

Mais do que a obra pronta, gostei bastante de poder ver o processo, a obra sendo montada, com suas partes constituintes desveladas. Devo voltar lá em alguns dias pra ver o sol funcionando...

Nodos e Conexões em forma de Partículas Letradas

nodos e conexões

Nossos projetistas estão ávidos não apenas para consumir informação, como também criar conteúdo e interagir com outras pessoas. Dado o espaço e subsídio para os mesmos, eles irão gerar um ambiente plural, diverso: um laboratório de idéias. Quero aqui relatar as transformações desse meio em que estou inserida há 120 dias. Tomemos como exemplo inicial o celular, que antes era um produto destinado apenas ao público mais.. mais.. mais.. como posso dizer? Abastado! Agora ele é visto como uma ferramenta de inclusão digital. É mais ou menos assim? Acreditando que a nossa intenção na Rede de Projetos possa estar voltada para o futuro, e a atenção voltada para o presente. >>Leia mais

Acampamento de inverno

Capa do RelatórioEm março deste ano o Institute of Network Cultures realizou o Wintercamp, em Amsterdam. O evento, baseado no referencial de "redes organizadas" de Ned Rossiter e Geert Lovink, tinha por objetivo reunir 12 redes colaborativas de diferentes partes do mundo, oferecer espaço para elas trabalharem por alguns dias e criar alguns cruzamentos entre elas.

Eu fui convidado por ser um dos fundadores da rede Bricolabs. Os dias lá foram bastante produtivos, não só dentro do espaço da bricolabs (cujos integrantes estavam também espalhados entre as outras redes). Relatei minha participação no meu blog. >>Leia mais

Caixas-pretas

Aprendi a somar e subtrair na escola, usando desenhos assim:

Maquina de soma +1 >>Leia mais

Mapeamento de Novas Mídias e Cultura Digital no Brasil

mapeamentoEntre o fim de 2008 e o começo desse ano, colaborei com um estudo desenvolvido por Bronac Ferran sobre novas mídias e cultura digital no Brasil, a pedido do Ministério da Cultura da Holanda. O documento foi lançado por lá há três meses, e amanhã (terça-feira 16/06) será o lançamento em São Paulo. Infelizmente, não estarei presente, mas vai aqui o link para o estudo em inglês, publicado pela Virtueel Platform. Estou trabalhando numa versão em português, que deve ficar pronta em julho. Pra quem tem pressa, vou publicando as versões parciais (e sem revisão!) aqui.

Homem - máquina - remix

Flusser tem uma visão da tecnologia como suporte; Ele reproduz a idéia de prótese. A tecnologia cola no homem. Ele diz que as fábricas são lugares onde sempre são produzidas novas formas de homens: primeiro, o homem-mão, depois o homem-ferramenta, em seguida, o homem-máquina e, finalmente, o homem-aparelhos-eletrônicos. Repetindo: essa é a história da humanidade. A máquina distende a mão do homem ao ponto do homem se tornar a máquina, ou a máquina se torna o homem. Oras, tanto faz.

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Tanda

Tanda foundationGeraldine Juarez, que eu conheci ano passado durante o Futuresonic, não está mais em Nova Iorque mas continua envolvida com projetos bem interessantes.

Um deles é a tanda foundation, uma rede de financiamento para projetos artísticos e experimentais baseada em uma ferramenta online, onde as pessoas podem enviar pedidos de bolsas projetos para os quais pedem apoio (em "cash" ou "fame").  Idealmente todxs doam, todxs enviam projetos, e votam 1s nos projetos de outrxs. Cada pedido de bolsa vale por três meses, e todo mês é dada uma bolsa em cash e em fama. Ela conta que o sistema está lento, mas está lá. Mais do que um modelo definitivo, a tanda parece uma boa referência ao propor uma maneira participativa e colaborativa para gestão de recursos. Mistura uma lógica de leilão (oferta vs. lances) com a idéia de decisão coletiva e distribuição de pontos limitados de karma que organiza sites como o slashdot. Eles também adotam a postura de ser uma organização "ilegal" sem fins lucrativos no sentido de que decidem não incorporar a rede em uma instituição legal, o que tem um pouco a ver com a maneira como a MetaReciclagem evoluiu e se manteve,

O rodapé do site incentiva a criação de projetos inspirados na idéia da tanda. Vou perguntar para ela se o sistema também é replicável.

Plataformas e práticas: ampliando a noção de espaço público

A primeira idéia que vem à cabeça quando falamos de plataforma pode ser a de um objeto que "sustenta" alguma coisa, que funciona como um suporte para que alguma "ação" ocorra em cima dele. Graficamente podia ser algo mais ou menos assim:

Plataforma

O'Reilly diz que Web 2.0 é a Internet como plataforma, mas eu acho que não é no sentido descrito acima. Acho que tem mais a ver com essa imagem aqui:

O interessante da bota "como plataforma" é observar como existe uma relação de "formação" conjunta entre o pé, a perna, a bota. Dá pra imaginar que a bota, sem nenhum pé e perna dentro teria uma forma diferente, assim como o pé e a perna estariam em outra posição sem a bota: na interação entre eles emerge um resultado diferente do que era cada um, a princípio. Latour chamaria esse "ser" resultante de "mulher-bota". >>Leia mais