Enredado

Recebi pela nettime um email falando sobre o networked, um "livro em rede sobre arte em rede". A solução técnica para a publicação foi o Buddypress, e a estrutura parece prever um alto grau de colaboração. Vou me cadastrar e dar uma lida por lá. Diz a chamada:

"(Após) dois anos sendo feito, Networked está agora aberto para comentários, correções e traduções. Você também pode enviar um capítulo para consideração.

Por favor cadastre-se para Ler | Escrever:

THE IMMEDIATED NOW: NETWORK CULTURE AND THE POETICS OF REALITY
Kazys Varnelis
http://varnelis.networkedbook.org

LIFETRACING: THE TRACES OF A NETWORKED LIFE
Anne Helmond
http://helmond.networkedbook.org

STORAGE IN COLLABORATIVE NETWORKED ART
Jason Freeman
http://freeman.networkedbook.org

DATA UNDERMINING: THE WORK OF NETWORKED ART IN AN AGE OF IMPERCEPTIBILITY
Anna Munster
http://munster.networkedbook.org

ART IN THE AGE OF DATAFLOW: NARRATIVE, AUTHORSHIP, AND INDETERMINACY
Patrick Lichty
http://lichty.networkedbook.org"

+ espaço público

Instalações que tem como objetivo reconfigurar o espaço público urbano em um espaço para debate e troca, deveriam buscar ser um artefato de conversação, e não a conversação em si mesma. Deveriam focar na interação [gameplay, mal traduzido], não na retórica. Claro que a interação deve ser relacionada ao tema, mas deveria apresentar apenas os pontos iniciais para a conversa e não a discussão inteira.

Martijn de Waal em Digital Cities 6: urban media / urban informatics and different notions of public space

Redes, ps.

No afã de terminar o post de ontem, que já estava ficando longo, acabei esquecendo de comentar sobre mais dois aspectos da atuação em rede que me parecem importantes. O primeiro é a irrelevância da definição em ambientes verdadeiramente enredados. Durante o wintercamp, James Wallbank (Access Space, Sheffield) expôs uma tentativa de explicar a rede bricolabs dizendo que ela se assemelhava a um cheiro: é difícil apreender e explicar um cheiro. Podem-se fazer analogias, alusões, mas nunca contê-lo ou determiná-lo.

A outra ideia que me parece relevante na busca de entender como as coisas funcionam nas redes é uma ideia que surgiu numa conversa informal nos jardins do MIS durante o Paralelo: de que algumas das redes abertas brasileiras obtinham sucesso por conta de uma insistência das pessoas que as lideravam em auto-sabotar (active self-sabotage, acho que foi como chamamos) o próprio poder que acabavam conquistando. À medida que as pessoas que acumulavam poder desdenhavam desse poder e o ofereciam a qualquer interessado, as redes acabavam se renovando. É um tipo de auto-ironia que no contexto das redes acaba sendo ironicamente produtivo.

(continuo lendo aqueles livros, vou comentar mais por aqui assim que as ideias surgirem ou reaparecerem)

Redes

Nos últimos dias tenho folheado de maneira descompromissada algumas publicações que recebi recentemente da Holanda: Organized Networks, de Ned Rossiter; From Weak Ties to Organised Networks, publicação pós-Wintercamp (que já comentei por cima aqui); e a caixa e-culture, uma caixa com um DVD, um folheto e três livros. Não foi de propósito, mas isso me pegou no meio do planejamento e primeiras conversas relacionadas à aplicação dos recursos do Prêmio de Mídia Livre que a MetaReciclagem levou, e acabei estendendo alguns insights a essa busca mais prática. >>Leia mais

XPTA

Do recém-lançado blog do XPTA.Lab:


Foi anunciado em 11 de agosto de 2009 mais um programa da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, em parceria com a Secretaria de Políticas Culturais: o Programa Laboratórios de Experimentação e Pesquisa em Tecnologias Audiovisuais (XPTA.LAB).
O objetivo do programa é apoiar laboratórios voltados para a pesquisa e experimentação em tecnologias audiovisuais. Até 13 de outubro podem se inscrever entidades e instituições jurídicas públicas e privadas que atuam no setor de desenvolvimento de trabalhos em plataformas digitais e tecnologias audiovisuais.
O edital permite a inscrição como projetos, dentre outros, de jogos digitais; consoles de videogame; dinâmicas de web; aplicativos para TV digital, celulares e televisão com protocolo de internet (IPTV); e smart phones de qualquer gênero e temática.

co:laboratorio #3

Daniel Dias mandou o convite pra terceira edição do co:laboratório:

Venha se divertir. A proposta continua a mesma: reunir as pessoas, juntar algumas idéias, desenhar um projeto e executá-lo em um dia (1×1). Exercitar a criação coletiva e colaborativa.

Lembrando que o objetivo é misturar temas, deste corte/costura e entalhe em madeira até computação pervasiva e robótica. Quanto maior a gama de especialidades melhor, ninguém ensina - afinal co:laboratorio não é oficina nem workshop de nada - mas no fim todos aprendem alguma coisa.

(...)

Veja o que aconteceu nas últimas edições do co:laboratorio.

- DaLata: um amassa-lata inteligente
- Co:Laboratorio Weekend Project #1 : Shit Happens

Vingança

Da Obsolescência Programada, no blog de Lucas Bambozzi (grifo meu):

The images of this act comprise footage showing the systematic destruction (with a hammer) of a series of technological items, most of them obsolete or nearing obsolescence — media such as floppy disks, VHS tapes, wireless telephones, printer cartridges, cell phones, computer keyboards, printers, light bulbs, and others. All of them are broken to pieces and produce a strong and typical sound of the material they are made of. It may be the desire of many to be on stage holding the hammer seeking to achieve a catharsis, a little revenge owing to the fact that people consume so many technological devices that will not be around for long in their lives.

Enquanto isso, chega pelo Lixo Eletônico o anúncio de quem em outubro vai rolar em Foz do Iguaçu o torneio sul-americano de arremesso de celular.

Outros caminhos

A idade contemporânea sacralizou o planejamento de produtos. Tornou o design uma via de mão única, quase divina: a indústria desenha, enquanto os "consumidores" assumem o papel de receptores semipassivos - compram, usam, descartam e compram mais. Nesse mundo, quanto menos usos um produto tem, melhor. As coisas são feitas para um fim, e só para ele. Para outras utilidades, que se comprem outros produtos. O saber popular da gambiarra é combatido, desvalorizado como ação de gente que vive na precariedade, sem acesso a recursos materiais. A consequência direta disso é que cada vez mais as pessoas aprendem que problemas só podem ser resolvidos com consumo, e perdem o acesso à inovação cotidiana. Além disso, a definição das características dos produtos, objetos e ferramentas recai totalmente sobre o lado mais forte, que também decide sozinho sobre outros aspectos como durabilidade e obsolescência, contando com o braço armado da imprensa especializada (um fenômeno bastante visível no mercado de eletrônicos, mas também com automóveis, eletrodomésticos e outros). >>Leia mais

Obsolescência

No editorial do M/C Journal dedicado à Obsolescência:

É possível afirmar que a fetichização perene da "juventude", da subcultura e do novo nos estudos de cultura e mídia foi intensificada pela mudança para o foco em tecnologias de novas mídias. Talvez isso tenha acontecido às custas de um foco no antigo, no ordinário, e no que aconteceu anteontem. (Driscoll e Gregg). Um foco na obsolescência nos permite estimar os custos completos de nosso impulso perene à novidade. Nos permite analisar a série de reavaliações que as tecnologias tipicamente sofrem à medida que elas passam de novidade a entulho, a coletável. Nos ajuda a pensar sobre as relações entre o uso da tecnologia e a posição social de quem a usa.

Jason Anthony Wilson, Jason Jacobs

Open Video

Vídeo tem se tornado uma mídia cuja adoção cresce exponencialmente, o que ocorre devido a diversos fatores, entre eles:
> O custo de aquisição de equipamentos de captação está cada vez mais baixo;
> Diversos equipamentos presentes em nosso cotidiano (como máquinas fotográficas digitais e telefones celulares) atualmente têm a habilidade de gravar vídeo;
> Ferramentas de edição são cada vez mais comuns (em computadores, nos equipamentos de gravação ou nas ferramentas de publicação) e fáceis de usar;
> A banda larga, adotada em larga escala, torna simples e barata a troca de arquivos;
> Existem muitas ferramentas online para publicação acessíveis e gratuitas.

Isso faz com que os (previamente chamados) consumidores agora sejam também produtores, abandonando a utilização dos meios que antes utilizavam para ter acesso a vídeo para adotar novos meios (baseados na Internet) não só para ter acesso, mas também publicar. Vídeo tornou-se, então, uma importante ferramenta de expressão pessoal. >>Leia mais