blog de danimatielo http://desvio.cc/blogs/danimatielo pt-br + espaço público http://desvio.cc/blog/espa%C3%A7o-p%C3%BAblico <blockquote>Instala&ccedil;&otilde;es que tem como objetivo reconfigurar o espa&ccedil;o p&uacute;blico urbano em um espa&ccedil;o para debate e troca, deveriam buscar ser um artefato de conversa&ccedil;&atilde;o, e n&atilde;o a conversa&ccedil;&atilde;o em si mesma.&nbsp;Deveriam focar na intera&ccedil;&atilde;o [gameplay, mal traduzido], n&atilde;o na ret&oacute;rica. Claro que a intera&ccedil;&atilde;o deve ser relacionada ao tema, mas deveria apresentar apenas os pontos iniciais para a conversa e n&atilde;o a discuss&atilde;o inteira. <br /> </blockquote> <p><a href="http://www.themobilecity.nl/author/martijn/" title="Posts by Martijn de Waal">Martijn de Waal</a> em <a href="http://www.themobilecity.nl/2009/06/25/digital-cities-6-urban-media-urban-informatics-and-different-notions-of-public-space/#more-532">Digital Cities 6: urban media / urban informatics and different notions of public space</a></p> http://desvio.cc/blog/espa%C3%A7o-p%C3%BAblico#comments desvio espaço público instalações Mon, 17 Aug 2009 13:59:13 +0000 danimatielo 46 at http://desvio.cc Caixas-pretas http://desvio.cc/blog/caixas-pretas <p>Aprendi a somar e subtrair na escola, usando desenhos assim:</p> <p><img align="middle" alt="Maquina de soma +1" src="http://desvio.weblab.tk/sites/desvio.weblab.tk/files/maquina_0.jpg" /></p> <p>A professora desenhava na lousa e perguntava: &quot;o que essa m&aacute;quina est&aacute; fazendo&quot;? E n&oacute;s, depois de muita discuss&atilde;o e reflex&atilde;o, conclu&iacute;amos: est&aacute; diminuindo uma laranja.<br /> <br /> Existiam m&aacute;quinas de todos os tipos: que somavam duas laranjas, que diminu&iacute;am cinco, que n&atilde;o somavam nem diminuiam. O importante, naquela &eacute;poca, era &quot;descobrir&quot; o que cada &quot;m&aacute;quina&quot; estava fazendo, a partir do que entrava e do que saia.<br /> <br /> O conceito de &quot;caixa-preta&quot;, que o hd menciona em <a href="../../../../../../blog/homem-m%C3%A1quina-remix">outro post</a>, tem a ver com o processo de deixar de saber quais as opera&ccedil;&otilde;es que est&atilde;o acontecendo &quot;dentro&quot; das m&aacute;quinas: tudo o que conhecemos &eacute; o input e o output. O exemplo cl&aacute;ssico de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Vil%C3%A9m_Flusser">Flusser </a>&eacute; a c&acirc;mera fotogr&aacute;fica: o fot&oacute;grafo, na maioria das vezes n&atilde;o tem a menor id&eacute;ia de todos os processos f&iacute;sicos e qu&iacute;micos que acontecem at&eacute; que a imagem esteja &quot;revelada&quot;. <br /> <br /> Latour tamb&eacute;m fala de caixas-pretas, retomando o conceito <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Black_box_%28systems%29">desde a cibern&eacute;tica</a>, onde ele &eacute; usado para representar mecanismos muito complexos cujo funcionamento interno n&atilde;o s&atilde;o relevantes para o c&aacute;lculo final. S&atilde;o representados assim (tamb&eacute;m parecidos com minha m&aacute;quina subtrair laranjas):<br /> <br /> <img align="middle" longdesc="http://en.wikipedia.org/wiki/Black_box_(systems)" alt=" Wikipedia" src="http://desvio.weblab.tk/sites/desvio.weblab.tk/files/320px-Blackbox.png" /><br /> <br /> Latour n&atilde;o reflete apenas sobre coisas materiais, artefatos tecnol&oacute;gicos, mas principalmente sobre a pr&oacute;pria Ci&ecirc;ncia e, portanto, muitas vezes sobre como &eacute; constru&iacute;do o &quot;conhecimento oficial&quot;, que s&atilde;o, efetivamente, verdadeiras caixas-pretas. </p> <p>Segundo ele, &eacute; importante investigar os processos de forma&ccedil;&atilde;o dessas chamadas &quot;caixas-pretas&quot; e como determinados conceitos s&atilde;o constru&iacute;dos, discutidos, como o seu sentido vai aos poucos se estabelecendo at&eacute;, em determinado ponto, n&atilde;o importar mais quais as rela&ccedil;&otilde;es que est&atilde;o dentro dele.<br /> <br /> Se abrimos as caixas-pretas geradas pela Ci&ecirc;ncia, por&eacute;m, o que vamos encontrar s&atilde;o in&uacute;meros conflitos, interesses, constru&ccedil;&otilde;es de discurso. Poderemos perceber, por exemplo, que a solu&ccedil;&atilde;o que &eacute; comercializada n&atilde;o &eacute; necessariamente a &quot;mais eficiente&quot;, mas na verdade o resultado de uma discuss&atilde;o sobre o que significa ser mais eficiente. &Eacute; nesse sentido que al&eacute;m de serem discursos, essa Ciencia, e essa tecnologia, moldam e formam a maneira como nos relacionamos com o mundo. <br /> <br /> E se esses conceitos e essas tecnologias s&atilde;o tamb&eacute;m parte do que somos (plataformas, interfaces), e com elas e outros humanos constru&iacute;mos redes, ent&atilde;o existe tamb&eacute;m uma quest&atilde;o pol&iacute;tica envolvida na forma como esses objetos e esses conhecimentos foram constru&iacute;dos. Entender, abrir as caixas-pretas e perceber o que existe dentro, quais as transforma&ccedil;&otilde;es, quais os discursos. Isso &eacute; a chamada apropria&ccedil;&atilde;o cr&iacute;tica:</p> <div class="description">&nbsp;</div> <div class="description"><img align="middle" longdesc="http://www.linux4all.net/o_que_%C3%A9_metareciclagem" alt=" Linux4all - O que é MetaReciclagem" src="http://desvio.weblab.tk/sites/desvio.weblab.tk/files/mimosa_belem-03.jpg" /><br /> <br /> <br /> <b>Refer&ecirc;ncias:</b><br /> Kuro5hin (2009). <a href="http://www.kuro5hin.org/story/2009/6/5/221420/9244">Scientific and Technological Change in Latour and Lakatos</a><br /> <a href="http://bluwiki.com/go/What_is_Good_Science:_Opening_Pandora%27s_Black_Box">Wiki What is Good Science on Latour (1987). Opening Pandora's Black Box</a><br /> <a href="http://www.nettime.org/Lists-Archives/nettime-l-9709/msg00012.html">Felix Stalder in nettime.org on More on Bruno Latour </a><br /> <a href="http://qchose.wordpress.com/2008/05/06/homem-x-maquina/">Rafael, do Quelque Chose em Homem x M&aacute;quina</a></div> apropriação crítica caixa-preta latour Tue, 16 Jun 2009 13:17:08 +0000 danimatielo 20 at http://desvio.cc Plataformas e práticas: ampliando a noção de espaço público http://desvio.cc/blog/plataformas-e-pr%C3%A1ticas-ampliando-no%C3%A7%C3%A3o-de-espa%C3%A7o-p%C3%BAblico <p>A primeira id&eacute;ia que vem &agrave; cabe&ccedil;a quando falamos de plataforma pode ser a de um objeto que &quot;sustenta&quot; alguma coisa, que funciona como um suporte para que alguma &quot;a&ccedil;&atilde;o&quot; ocorra em cima dele. Graficamente podia ser algo mais ou menos assim:</p> <p class="rtecenter"><img width="450" height="188" src="http://desvio.weblab.tk/sites/desvio.weblab.tk/files/platform.jpg" alt="Plataforma" /></p> <p>O'Reilly diz que Web 2.0 &eacute; a Internet como plataforma, mas eu acho que n&atilde;o &eacute; no sentido descrito acima. Acho que tem mais a ver com essa imagem aqui:</p> <p><img width="300" height="300" src="http://desvio.weblab.tk/sites/desvio.weblab.tk/files/boots.jpg" alt="" /></p> <p>O interessante da bota &quot;como plataforma&quot; &eacute; observar como existe uma rela&ccedil;&atilde;o de &quot;forma&ccedil;&atilde;o&quot; conjunta entre o p&eacute;, a perna, a bota. D&aacute; pra imaginar que a bota, sem nenhum p&eacute; e perna dentro teria uma forma diferente, assim como o p&eacute; e a perna estariam em outra posi&ccedil;&atilde;o sem a bota: na intera&ccedil;&atilde;o entre eles emerge um resultado diferente do que era cada um, a princ&iacute;pio. <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Bruno_Latour">Latour </a>chamaria esse &quot;ser&quot; resultante de &quot;mulher-bota&quot;.</p> <p>O &quot;uso&quot; da bota pela mulher, por outro lado, tamb&eacute;m n&atilde;o &eacute; apenas um uso: ele &eacute; uma pr&aacute;tica social. <a href="http://est.sagepub.com/cgi/content/short/5/2/243">Reckvitz (2002)</a> explica que pr&aacute;ticas sociais podem ser entendidas como &quot;uma combina&ccedil;&atilde;o de comportamentos que incluem contexto, objetivo, discursos, atores e objetos&quot;. Ou seja, a rigor, usar uma bota n&atilde;o implica apenas saber andar de saltos. &Eacute; uma atividade que implica/assume muitas outras coisas. E, efetivamente, todas essas coisas podem ser diferentes de acordo com cada situa&ccedil;&atilde;o: usar botas pode causar bem estar, dar seguran&ccedil;a, pode ser uma imposi&ccedil;&atilde;o social. Botas podem ser usadas para outros fins tamb&eacute;m, como por exemplo algu&eacute;m baixo que precisa pegar um objeto que est&aacute; fora do seu alcance.</p> <p>Quanto mais &quot;aberta&quot; for uma plataforma, mais f&aacute;cil ser&aacute; criar novos usos, descobrir novas formas de construir sobre ela, de modific&aacute;-la. Uma bota, como voc&ecirc;s puderam perceber pelo meu exemplo &quot;bobo&quot; de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Social_construction_of_technology#Interpretative_Flexibility">flexibilidade interpretativa</a>, n&atilde;o &eacute; uma plataforma muito aberta... O processo de se aproximar de uma plataforma, de poder mexer nela, de mold&aacute;-la, viver com ela, sobre ela, a esse processo podemos chamar de apropria&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Chris Pinchen fala <a href="http://blog.p2pfoundation.net/creating-the-open-city-creative-class/2009/06/02">nesse artigo</a> sobre a cidade como plataforma, e sobre como as novas tecnologias est&atilde;o aos poucos permitindo que surja uma nova id&eacute;ia de cidade, uma &quot;cidade aberta&quot;, essencial em um mundo no qual &quot;cidades ter&atilde;o que simultaneamente sobreviver numa economia global, adaptarse ao cambio clim&aacute;tico, integra um tsunami de imigrantes rurais ou estrangeiros, al&eacute;m de ter que lidar com outros inumer&aacute;veis desafios e oportunidades. Essas quest&otilde;es v&atilde;o muito al&eacute;m da capacidade e escopo de quase qualquer governo - e sem mencionar as prefeituras quase-sempre-sem-dinheiro&quot;.</p> <p>Na &quot;cidade aberta&quot;, cidad&atilde;os hackeiam n&atilde;o s&oacute; o sistema, mas tamb&eacute;m o espa&ccedil;o f&iacute;sico, construindo um resultado que faz mais sentido para suas vidas. As tecnologias contribuem, d&atilde;o voz, se adaptam e colaboram com novas possibilidades que antes n&atilde;o existiam.</p> <p>O &quot;espa&ccedil;o p&uacute;blico&quot;, nesse contexto, n&atilde;o &eacute; o que est&aacute; sendo hackeado, mas exatamente o que est&aacute; sendo constru&iacute;do nesse processo. &Eacute; uma reapropria&ccedil;&atilde;o de uma plataforma que havia ficado endurecida, com usos pr&eacute;-determinados. O&nbsp;espa&ccedil;o da &quot;esfera p&uacute;blica&quot; era um canto &quot;inflex&iacute;vel&quot;.</p> <p>Para terminar, o Jos&eacute; Antonio, que est&aacute; fazendo um experimento bem interessante no CitiLab, escreveu <a href="http://sinoficina.wordpress.com/2009/06/08/mara-y-seg-el-futuro/">um post</a> hoje que exemplifica de forma muito clara, e l&iacute;rica, o que pode ser uma plataforma aberta, e quais seus benef&iacute;cios.</p> http://desvio.cc/blog/plataformas-e-pr%C3%A1ticas-ampliando-no%C3%A7%C3%A3o-de-espa%C3%A7o-p%C3%BAblico#comments espaço público plataformas práticas sociais software livre Wed, 10 Jun 2009 00:35:44 +0000 danimatielo 14 at http://desvio.cc